OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

26/10/2008

Meu ensaio sobre o sofrimento

Aproveitando o gancho do Mala quero expor, de maneira bem simples, o que tenho aprendido sobre o sofrimento.
Afinal, se Deus é bom por que permite que o homem sofra? Se Deus é bom por que crianças nascem com problemas? Como que um Deus bom permite tanto sofrimento na terra?
Perguntas como estas invertem a ordem das coisas e tentam nos confundir. Com estas perguntas dizemos que sofremos porque Deus é mau. Esquecemos que quem gerou o sofrimento foi o homem.
O certo seria perguntar:
Sendo tão maus por que não vivemos em constante sofrimento? Causando tanto sofrimento por que não nascemos todos com problemas? Sendo tão maus por que Deus não exterminou de uma vez a humanidade?
Percebe-se, então, que o problema não é explicar o sofrimento e sim a bondade. A questão é entender a tamanha graça de Deus em nossas vidas.
Citando meu primeiro post (Ele já sabia) relembramos que o primeiro a sofrer foi Deus! E sofreu por nossa causa. O Deus de todo amor e bondade presenciou o ódio e maldade gerado pelo homem, porém, mesmo assim, escolheu sofrer por nós.
Sofremos porque causamos o sofrimento e não somos consumidos por causa das misericórdias de Deus em nossa vida.

Qual tem sido a nossa compreensão da graça de Deus?

19/10/2008

Sofrimento


Acho que o post do Israel foi bem propício para o assunto que gostaria de falar. O meu post segue o mesmo contexto, onde pessoas que se dizem cristãs pregam um cristo que anda de Ferrari. Pessoas que afirmam que a vida cristã é uma vida fácil estão lendo apenas partes da Bíblia. A vida de uma pessoa não deixa de ter sofrimentos quando ela vira cristã. Estão errados os que pregam que ela muda e estão errados os que vão atrás de recompensas pela sua fé (Na maioria das vezes representada pelo dízimo que dão.).

A Bíblia mostra várias vezes os discípulos tendo dificuldades, sofrendo, e etc. Só para exemplificar gostaria de lembrar que Paulo, depois de sua conversão sofreu a mesma perseguição que ele realizava, chegou a ser considerado morto depois de um apedrejamento. O mesmo apóstolo que se gloriava em ter SOFRIDO por Cristo, e ter passado um pouco do que Ele passou na cruz. Na verdade podemos ver que todos os cristãos verdadeiros encontrados no Novo Testamento glorificaram a Deus nos sofrimento que passaram. Então a pessoa que se converte vira um masoquista que adora sofrer? Não, a diferença é a maneira que ele encara o sofrimento. O sofrimento vem sim, afinal de contas, para quem Jesus falava no sermão do monte que são bem aventurados os perseguidos, os que necessitam de justiça?

Acredito que esses exemplos de fé nos mostram a benção do sofrimento. Sim, a benção do sofrimento. Em minha vida particular eu presencio um acontecimento interessante, que acho que foi sentido pelos heróis da fé também. Quanto mais sofrimento passo, mais perto de Deus eu fico. O ser humano foi criado para o sofrimento? Não! Mas, Deus submeteu a criação dEle a isso para que sua glória fosse maior, e vocês se lembram quem foi que falou isso? Paulo em sua carta aos Romanos.

Continuando o raciocínio, o sofrimento, apesar de não desejado, é usado por Deus para nos aproximar dEle. Acho que o que caracteriza bem isso é a frase que diz que onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus. Acho que eu poderia parafrasear dizendo: Onde abundou o sofrimento superabundou o relacionamento com Deus. Porque assim como o pecado, mesmo não sendo o que Ele deseja pra nós, Ele usa para glória dEle. Jesus mesmo em uma de suas orações diz que o Reino dos Céus é conhecer a Deus e não ficar livre do sofrimento.

Gostaria de poder perguntar a Jó se ele gostaria de ter passado a vida dele sem o sofrimento que passou. Na verdade, acho que nem precisa, visto a sua afirmação no fim do livro com seu nome na Bíblia: "Antes eu te (Deus) conhecia só de ouvir falar, agora eu te vejo!" Que maravilha é não termos sofrimento, mas maravilha maior é passar por sofrimento com o Deus que criou céus e terra do nosso lado. Assim são os nossos exemplos, sofridos, mas conhecedores de Deus.

Agora voltemos ao início do texto, o que diferencia então a pessoa quando se converte? Ela passa a ter do seu lado, na hora do sofrimento, ninguém menos do que Deus. Aquele que a criou! Não estou fazendo apologia ao sofrimento. Só estou dizendo que ao sofrer, devemos aproveitar o momento de intimidade com Deus para conhecê-lo mais e mais e passar pelo sofrimento com nosso Mestre.

Eu acho que estou falando mais pra mim mesmo do que pra alguém que leia o texto.

Que Deus nos abençoe!

E você, como têm passado pelo sofrimento?

11/10/2008

Benção?


Ultimamente tenho ouvido falar bastante sobre benção. Mas sinceramente não tenho gostado muito do que estou ouvindo.
O que seria uma benção, exatamente?
No AT, benção era receber algo em troca de Deus, devido à obediência de seus mandamentos, certo? Do original, benção é também visto como falar bem de alguém, ou seja, bem dizê-lo. Esdras e Neemias, em seus livros, descrevem benção como a mão de Deus sobre nós, ou seja, é uma benção ter a presença de DEUS em nós, nos guardando, cuidando e guiando (Elsbeth Vetsch).

A benção é algo muito mais espiritual do que material.
Por que todos só falam que estão sendo abençoados quando estão bem financeiramente, quando compraram uma bela casa ou fizeram um bom negócio trocando o carro por um mais novo, quando ganharam aqui ou ali, quando receberam aqui ou acolá, quando conseguiram? Ganharam, receberam, conseguiram...
Minha nossa! Será que a vida é só isso?
E DEUS? E o amor entre nós?

Não seria uma benção ter Jesus no coração e ao mesmo tempo morar numa favela?
Não seria uma benção um homem condenado a prisão perpétua se arrepender, aceitar a Jesus e amá-lo, mesmo sabendo que nunca sairá da prisão?
Não seria uma benção o fato de Deus te dar a chance de viver?
O fato de Jesus nos salvar e não termos que arder eternamente naquele fogo que não quero nem chegar perto?
O que é BENÇÃO mesmo, meus irmãos?
Posso ficar cego, de cadeira de rodas, pobre de lascar e sozinho. Vou deixar de ser abençoado? Deus não vai continuar me amando?

Quando eu tinha aproximadamente dois anos de idade, eu morava em Várzea Alegre, interior do interior do Ceará. Meu pai, que foi pra lá para exercer seu primeiro ministério, conta que havia um senhor muito, mas muito pobre mesmo, que vivia meio que no mato, em uma casa que nem se pode chamar de casa. Ele era cego e vivia sozinho neste lugar. Ele evangelizava as pessoas com sua sanfona, todos os dias. Ele ia até a cidade e tocava lá. Se não me engano cantava também. Ele é abençoado? Bem, pelo menos ele tinha Jesus e O servia do jeito que podia.
O que eu quero dizer, enfim, é que Deus nos abençoa sim, nos provendo, nos sustentando. Mas é muito mais do que isso, entendem?

A igreja tem enfatizado os bens, a prosperidade, a propriedade. Os irmãos saem do culto cheios de vontade de serem abençoados. E se não forem do jeito que querem ser ou imaginam que devem ser, acham que estão em pecado, ou que são menos amados que os outros, enquanto na verdade eles são abençoados de outras formas.

Deus abençoe você, irmão, e que Ele te encha de paz e alegria somente e tão somente pelo fato de você pertencer a Ele.

05/10/2008

Oh, Deus, livra-me da preguiça!


Preguiça é um assunto que eu acho que é tabu nas igrejas, nas escolas, em todo lugar. Poucas pessoas que conheço se confessam a Deus porque tem preguiça, não se fazem sermões a respeito da preguiça, e nem vejo amigos se confessando tristemente: cara, sofro de preguiça.

No entanto, vejo que a preguiça é algo tão presente em todos nós e atrapalha tanto, ou mais, o andamento da Obra de Deus, quanto um outro pecado mais escandaloso.

A semiótica francesa, na análise narrativa, que pretende "descrever o espetáculo do homem no mundo", aponta 4 verbos que modalizam todo o fazer do homem. São o poder, o querer, o saber e o dever. Isto é, toda ação do homem envolve estes quatro verbos.
Creio que a preguiça faz com que aquilo que devemos fazer não seja feito atingindo justamente o nosso querer. Especialmente na Obra de Deus, afinal, Deus nos capacita (nos dá o poder) através do Espírito Santo, nos dá o dever, através da sua lei, e um saber, através da sua Palavra. O querer deveria vir com o amor, no entanto, é este frio amor que nos deixa na cama, encobertos pela preguiça.

A gente disfarça muito bem. Quantas vezes, ao explicar a alguém o porquê não fomos a determinado lugar, ou porquê não fizemos determinada coisa, respondemos:
- Não pude (não poder); eu não sabia (não saber); achei melhor não ir (não dever), quando, no entanto, nós não queríamos!
Ou, também, aprendemos a maquear a preguiça, tornamos ela chique, quando dizemos: "ando desanimado com a vida..."; "estou profundamente triste com esta situação, por isso fui incapaz (não poder) de fazer isto"; como se jogássemos a culpa toda no Desânimo e na Tristeza, estas entidades exteriores a nós, e nos desviamos da culpa, afinal, a preguiça, o não-querer, é coisa de dentro de nós.

Tem muita gente que fala em cuidarmos da preguiça, para não deixarmos de lado a vida devocional. Gostaria de compartilhar que caí em um pecado extremo-oposto: eu me envolvia na preguiça fazendo devocional. Eu não queria enfrentar um problema, então passava três horas fazendo devocional, para que Deus resolvesse uma coisa que Ele queria que eu resolvesse com Ele. A preguiça não está, necessariamente, em não fazer, mas às vezes é até mesmo um muito fazer. Aquele sujeito que se esconde trabalhando demais, para que ninguém o tire deste serviço pesado mas fácil, e o coloque naquele difícil e complicado: preguiça de aprender. Ou mesmo aquele que trabalha demais, com preguiça de enfrentar seus problemas em casa, ou com preguiça de ir à igreja.
Tudo isto porque, creio, o medo é o princípio da preguiça. Preguiça é covardia. Conforme André Comte-Sponville, em "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes", muitas vezes, o contrário da coragem não é o medo, mas a preguiça!
Perceba que a preguiça muitas vezes vem de quando temos medo de enfrentar determinadas situações, e nós fugimos para o descanso, para a preguiça.
Não são vitaminas, ou água gelada, ou remédio que cura a preguiça, mas a coragem para enfrentar o dia, a vida, o cotidiano, nossa missão.




Estava pensando a respeito dos discípulos que deveriam vigiar em oração com Jesus, mas dormiram, no Getsêmani, na véspera da prisão de Cristo. Como eles poderiam dormir em um momento de tanta pressão? Deus se zanga com aquela covardia, com aquela preguiça, de não estarem vigilantes.

A preguiça deve ser enfrentada como o são os pecados mais escandalosos: com muita oração, esforço e ajuda do alto, afinal, ela nos tira de querer fazer aquilo pelo que Deus espera que façamos, ela nos põe dormindo enquanto Deus soa sangue de aflição pelos perdidos.