OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

28/12/2008

Favela do Moinho: meu presépio imaginário


Este semestre tive o privilégio de ser o Calebe de Josué espiando a terra prometida. Neste caso, o Josué é o Josué mesmo, e a terra prometida é a Moinho, favela no centro de São Paulo, em que se estima há 700 famílias morando, sustentada pela reciclagem de papelão e outras coisas.

A recepção da favela já é constrangedora: na porta de entrada estão entulhados tudo o que os catadores de papelão não conseguiram vender. Visitamos a casa da dona Maria, na verdade eram algumas paredes de papelão levantadas sobre um entulho. Um lar por demais humilde, talvez do tamanho do quarto em que dormimos. Dividem espaço uma beliche, o varal de roupas, um fogão e muitos panos estendidos.

Mas há uma cena muito comum de ser vista na Moinho, de homens e até mesmo crianças dormindo sobre a carroça de papelão, rodeadas de cachorros e de tudo o que havia sido catado, que os moradores de São Paulo rejeitaram. Esta cena vem a minha mente quando penso no presépio.

O escritor Carlos Queiroz disse certa vez que a decisão de Deus de nascer numa manjedoura não tinha sido geográfica, somente, mas geopolítica! Deus tinha escolhido nascer numa manjedoura, talvez porque a manjedoura fosse o único berço suficientemente humilde que pudesse conter o Rei Jesus.

Cristo Jesus também escolheu seus convidados. Os pastores, cujo emprego era marginalizado, não estavam passando e de repente viram um bebê nascer. Os anjos foram até eles e os convidaram para o acontecimento. Curioso pensar que os magos confiaram em sua própria sabedoria e perderam o evento, mas os humildes pastores estavam lá quando a milícia celestial desceu ao mundo e anunciou que havia paz sobre a terra.

É clichê pensar num natal nos dias de hoje, mas me permitam, por favor, imaginar José e Maria entrando na favela do Moinho. Maria dentro da carroça de papelão e José puxando. O bebê nasce, não há outro lugar para ficarem, e eles fazem da carroça o primeiro berço do Salvador da humanidade. Nisto, os anjos de Deus convidam aqueles pobres catadores de papelão para contemplarem o evento mais importante da história, enquanto os sábios estarão procurando Jesus nos grandes templos, nas grandes igrejas.

Se o nosso coração não tiver a altura da humildade de uma pobre manjedoura, Cristo Jesus nunca poderá nascer nele. Que o nosso coração esteja pronto para receber o Rei Jesus neste próximo ano.

Feliz natal (atrasado) a todos!

22/12/2008

O dia que não chegará

Minha vida até aqui foi marcada por esperas e anseios de um dia que viria. Cria que em determinadas datas algo novo poderia acontecer em minha vida. Viradas de ano, aniversários, mudanças de endereço ou de estado “conjugal” eram prerrogativas elaboradas na minha mente para novas promessas, porém sempre seguidos de velhos fracassos. Congressos missionários e acampamentos também entravam na lista das tão esperadas datas.
Durante muito tempo acreditei que chegado essas datas meus problemas se resolveriam, que atingiria um nível superior de espiritualidade, que minha vida devocional e oração, em um passe de mágica, se tornaria constante; acreditava que passando essas datas meu caráter se aperfeiçoaria, que meus defeitos seriam corrigidos e até mesmo que meu pecado residente sumiria.
Estes dias chegaram, passaram, ficaram no passado e as mudanças tão esperadas nunca aconteceram, ou duraram poucos dias ou meses.

Qual a resposta, então, para uma vida de espiritualidade crescente? Como não desistir pelo caminho de uma vida devocional constante? E como desarraigar de nossas atitudes o pecado residente.
Tentando responder a estas perguntas, gostaria de compartilhar alguns pontos que tenho observado nestes últimos anos de fracassos.

Importe-se apenas com o hoje
Não estamos, aqui, falando de planos para nossa vida ou família, mas de relacionamento com Deus. Vemos na Bíblia uma preocupação especial de Deus quando o assunto é o hoje. Em Josué 24 lemos: “... escolhei, hoje, a quem sirvais...” não amanhã quando não saberemos o que irá acontecer ou ontem onde não temos mais domínio. No Salmo 95 também vemos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração,...”. A palavra hoje aqui se refere a um dia sempre presente[1]. E em Deuteronômio 30, no versículo 15 e 16a, lemos: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos...”.
Os textos acima mostram que nosso Deus é um Deus relacional e o único momento que Ele rompe a eternidade (atemporal) para intervir no tempo para se relacionar com nós é hoje e agora. Hoje é e sempre será o dia de tomar as decisões acertadas, de optar por fazer o que Deus quer e decidir por abrir mão do prazer passageiro.
Não aguarde para ter este relacionamento diário com Deus no futuro e não viva com a lembrança de um relacionamento passado. Viva hoje como sendo o único momento em que você poderá se relacionar com o Deus eterno!

Creia na renovação diária das misericórdias do Senhor
Lamentações 3.22-23 sabemos de cor[2]. Mas às vezes nos falta uma compreensão e assimilação da mensagem deste texto. É maravilhoso crer que Deus olha pra nossa vida e revela-nos um novo dia, uma nova chance para começar. Creia que a cada manhã o Senhor renovou sua misericórdia e não receberemos aquilo que mereceríamos receber. Mas não se apóie em Sua misericórdia e não creia que o fato dela se renovar não existe a necessidade da confissão e sempre “acerte suas contas” com Deus.

Confesse e converse
Não apenas se arrependa, confesse! No salmo 32 Davi escreve sobre o resultado de um pecado não confessado – o peso da mão de Deus e perda do vigor. Pecados não confessados tiram nosso ânimo e desistimos do compromisso firmados no último dia.
Não exponha seus problemas, converse! No evangelho de João, no capítulo 15, encontramos Jesus dizendo que somos seu amigo dizendo que tudo o que Ele ouviu de Deus também nos contou. Precisamos entender mais esta mensagem. Aqui, a pessoa de Jesus, o Deus encarnado, apresenta uma característica muito importante do nosso relacionamento com Deus – somos amigos dEle! Às vezes ajo como se Jesus fosse meu amigo, mas eu nem tanto, sabe? Como se Ele contasse tudo pra mim, mas da minha parte não é a mesma coisa; às vezes é um relacionamento meio utilitário.

Creia que cada nova manhã é uma nova oportunidade oferecida por nosso Deus com misericórdias renovadas.
Não tenha medo de confessar, derrame seu coração na presença do Senhor.
Creia que Deus o criou para se relacionar com Ele como amigos, amigos de verdade.
E não espere o dia que não chegará!


[1] Bíblia de Estudo de Genebra p. 683, nota.
[2] As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a sua fidelidade.

15/12/2008

Um Comércio Justo, Será que existe?


A primeira impressão que essas duas palavras passam é de uma coisa que não existe, ou uma brincadeira irônica sobre nossa situação enquanto humanos. Muitas vezes temos a tendência de brincarmos com as situações para aceitarmos elas melhor. Assim acontece com a situação de comércio mundial, nunca vemos nada que nos agrade ou que possamos considerar justo. Sempre competição, exploração, abuso, e etc.

Acontece que cristãos alemães na década de 70, acredito eu, pensando sobre isso, tiveram uma idéia diferente para a prática do comércio. Eles compravam os seus produtos diretamente dos produtores, para que eles pudessem ter a possibilidade de ganhar o dinheiro justo por seu trabalho e poderem viver com o que faziam. Além desse incentivo financeiro, princípios como mutua colaboração, respeito ao próximo e difusão do conhecimento eram passados nessa relação. Assim, muitas pessoas passaram a adquirir produtos socialmente responsáveis. Com o crescimento da idéia, surgiu a necessidade de se organizar e credenciar aqueles que realmente necessitavam e garantir aos consumidores que aquele dinheiro investido realmente fazia alguma diferença na sociedade. Foi daí que surgiram certificadores para os produtores. Elas garantiam aos consumidores que produtores seguiam os princípios e auxiliava os produtores nas mudanças necessárias e mantinham uma relação com eles.

Com o maior crescimento numérico de certificadoras, tornou-se necessária uma unificação de conceitos e estabelecimento de princípios adotados, daí surgiu a organização que regula, certifica e divulga a idéia de Comércio Justo, a FairTrade Labelling Organization - FLO.

No Brasil o movimento sempre funcionou como fornecedor dos produtos certificados, mas com pouca visibilidade e conhecimento. Até que no final da década de 90 a Visão Mundial (novamente os cristãos) começou um trabalho com artesãos no nordeste brasileiro, inclusive ganhando um prêmio do BNDES. A idéia passou a ser difundida com maior velocidade no país e hoje existe uma organização chamada FACES que é a união de todas iniciativas de comércio solidário. A FLO está presente no Brasil em associação com uma empresa consultora chamada BSD, o trabalho é basicamente fazer a relação com os produtores e difundir a idéia. Não é um trabalho fácil, visto que é necessária uma mudança de consciência perante os produtos que compramos.

Toda nossa produção certificada é exportada, atualmente a demanda por produtos certificados é maior do que a oferta. Mas a demanda se concentra em países da Europa, nos EUA e Japão. É muito triste saber que o brasileiro que tem a consciência não pode comprar esse produto e que saber que os que tem a consciência são tão poucos. A vontade da FLO é fazer que haja no mercado nacional uma difusão da prática desse tipo de comércio para que os produtores daqui vendam para os consumidores daqui.

Os princípios seguidos pela FLO os certificados e consumidores são: equidade, justiça, transparência, não discriminação e respeito mútuo. Os produtores tem que ter respeito as mulheres, se reunirem em cooperativas, crianças devem estudar e não podem trabalhar, devem ser pequenos produtores e respeitar o meio ambiente. Esses são alguns exemplos do que o comércio justo representa. Será que tem alguma relação com princípios cristãos?

Comércio Justo, essa idéia pega?


Se interessou? Assista a reportagem "Cafeicultores de Minas Gerais exportam para Europa e EUA" clicando aqui.

08/12/2008

Esse trem chamado Amor


O amor se encontra na Bíblia demonstrado de diversas formas. Algumas vezes para o bem e algumas vezes para o mal.
Amar é fácil, mas é difícil. É fácil porque é um sentimento que não demora a vir, e quando vem, vem com toda a força. E além de tudo, é muito bom. Mas é difícil porque temos que mantê-lo durante toda a vida, muitas vezes pelas mesmas pessoas. E as pessoas mudam, o cenário muda e o contexto muda. E então complica.
Eu amo amar e amo ser amado. Seja pelos meus pais, meus irmãos, meus amigos e particularmente pela minha namorada. Mas ser amado por Deus, aí não tem entendimento no mundo que me descreva. É um amor, vamos dizer assim, diferente do nosso. O nosso não é eterno, nem infinito e nem perfeito. Mas o amor que Ele nos ensina e nos ajuda a sentir, é real. Penso que cada pessoa é independente para amar da forma que sabe, que aprendeu e que quer. Deus não interfere no nosso amar, se não lhe pedirmos. Ele nos oferece a liberdade de sermos nós mesmos. Se não quisermos amadurecer, nos aperfeiçoar ou manifestar qualquer sentimento preso dentro de nós, Ele não forçará. Mas o amor é algo que sempre precisa da intervenção Dele. Você não sabe amar direito. Você precisa ser moldado pela Sua graça a cada dia para que você fique preparado e renovado para amar e ser amado.

O amor faz a gente chorar, rir, sentir raiva, abrir mão, correr atrás, fugir, sentir falta.
Imagine a chuva, aquele friozinho, um cobertor, chocolate quente, um filme, a lareira acesa e ficar abraçado com quem se ama. Você consegue imaginar um momento melhor?
Eu pensei em diversas formas de como o amor nos faz sentir. Veja se você concorda.

Amor é estar voando, com os braços abertos, sentindo o cheiro das nuvens (ou pelo menos tentando achar algum cheiro nelas) e, subindo o máximo possível do céu, se soltar sem se preocupar nem um pouco em cair. Liberdade.
É como um acorde musical, várias notas tocadas formando um único som. União e parceria.
Ás vezes é uma droga, que nos deixa loucos de amor, perdidos de paixão, sem querer deixar de estar por perto.
Pode ser uma arte, quando Deus une duas pessoas totalmente diferentes para gerar uma criatura tão parecida, em alguns aspectos com o macho e em alguns aspectos com a fêmea.
Amor é, acima de tudo, ser dotado de todo o poder e paz, sair de casa, avisar os que estão pelo caminho que há um jeito de viver para sempre, ser zombado, julgado, ser trocado por um assassino maluco, cuspido, pisoteado, chicoteado, crucificado, e tudo isso por aqueles que deveriam ter sofrido por serem os reais culpados do pecado.
Amor é reunir toda a família à mesa, no Natal, ouvindo canções de natal e compartilhar pessoalmente, não por telefone, as novidades da vida de cada um e enquanto todos estiverem comendo, relembrar os casos engraçados do passado.
Amor é acordar ao lado de quem se ama, logo de manhã, e dizer que ela é a pessoa mais linda que já se viu. É desejá-la do jeito que ela é, e achá-la realmente perfeita. É perceber que seus defeitos são insignificantemente pequenos frente às suas qualidades. É sentir que vale a pena se entregar totalmente, é se dedicar por pleno prazer. É deixar fluir...
Amor é escrever uma estória, a sua estória, de muitas páginas, mas sem pôr final, que você deseja que não tenha jamais. É contar essa estória para o futuro, imaginando as cenas acontecendo como se fossem hoje.
É ir até a rodoviária, aeroporto ou estação de trem e ir com quem você ama (ou atrás de quem você ama) a um lugar bem longe, desconhecido, sem data de retorno. Se aventurar e se perder, sem se preocupar.

E, algo que realmente desejo, ver a porta de meu quarto se abrindo, e meus filhos entrando correndo de medo dos trovões e se deitarem na minha cama, para dormir comigo e com a Jéssica em mais uma noite chuvosa.
Eu quero este amor, de braços abertos.



01/12/2008

Espalhar-se pela terra para povoar o céu!

Assista ao post neste vídeo


Deus escreve a nossa história individual na eternidade, escrevendo a história de todos nós. Perceba como em Gênesis 1.28, Deus expressa o seu desejo da humanidade se espalhar e povoar a terra, usufruindo o que Ele fez para nós. Por meio dos filhos de Adão e Eva, a idéia era uma humanidade adorando a Deus pela felicidade com que curtiam sua criação.

Quando o homem permitiu que o pecado, a maldade e o inferno entrassem no mundo, episódio descrito em Gênesis 3, aquele mundo não seria mais o mesmo, nem o homem seria mais o mesmo, nem a adoração seria mais a mesma. O mundo será agora dominado pelo inferno, o homem pela maldade e o pecado impedirá o homem de adorar a Deus.
Por isso, Deus resolveu destruir toda a sua criação, com o dilúvio, escolhendo uma família para começar de novo, digamos assim.

Após o dilúvio, é dada a esta família novamente a ordem de se espalhar pela terra. Mas o pecado continua incapacitando o homem de obedecer a Deus.

Os homens permaneceram unidos, conforme relata o episódio da torre de Babel, e esta união, permeada de maldade, tornava o homem cada vez mais longe de chegar ao céu, de se salvar do inferno.

O plano de Deus, então, é confundir as línguas, forçando assim a criação de inúmeros povos que se espalharão pela terra, em pequenos grupos.

Mas Deus escolheu um destes povos, uma família, para começar o processo de salvação da humanidade. No capítulo seguinte da torre de Babel, em Gênesis 12, Deus convoca Abrão, de quem formará um povo que, conforme o v. 3, todos os outros povos serão abençoados. Todos aqueles povos de Babel e os povos advindos daqueles, serão abençoados pela família de Abrão. Mas para o cumprimento da promessa, é necessário que Abrão cumpra a antiga ordem, de deixar pai e mãe e se espalhar pela terra, ter filhos e a povoar.

A família de Abrão cumprirá seu propósito, conforme indica Mateus 1.17, ao trazer ao mundo o filho de Deus, o messias, Jesus Cristo, que pagará o preço do pecado de Adão e Eva e de todos os sucessores. Este Cristo salvou e salvará do inferno, da maldade e do pecado todos os que crerem nEle, e então ele formará uma nova família. Em Mateus 16.18, perceba que Jesus Cristo forma sua igreja, sobre uma rocha tão poderosa que, diferente da família de Adão, de Noé, desta família de Jesus, o inferno, a maldade e o pecado não resistirão.

Após consumar a salvação, Jesus Cristo, o filho de Deus, novamente dá uma ordem aos seus filhos, aos seus discípulos, de se espalharem pela terra, por todo o mundo, pregando o evangelho, e assim, povoarem o céu. Em Atos 2.1-13, quando o Espírito Santo desce sobre os homens, as línguas que haviam sido confundidas em Babel agora são entendidas para receberem as boas novas da salvação, pois estava encerrado o capítulo em que os homens foram subjugados pelo inferno, era chegado o Reino de Deus, cujos discípulos, servos e filhos sairão de suas babéis e avançarão, derrubando as portas do inferno levantadas por todo o planeta. A Babel será transformada em Nova Jerusalém, novo Éden.

Em Apocalipse 7.9-12, há como este capítulo será encerrado. Uma multidão que ninguém poderá contar, gente de todas as nações, tribos, povos e línguas adorará ao Cordeiro de Deus.

Mas entre a descida do Espírito Santo e o Apocalipse, há uma história que ainda está sendo escrita na eternidade por Deus, em parceria de nossas orações e decisões individuais. Há muitos povos de Babel que ainda não ouviram falar do Evangelho: povos cujos governos ou religiões predominantes perseguem cristãos e missionários; povos que sequer possuem a língua descrita, ou qualquer falante cristão daquela língua.

Deus escreve a nossa história individual na eternidade a partir das orações que fazemos e das decisões que tomamos, escrevendo assim a história de todos nós.
O pai da eternidade mandou que seu povo se espalhasse por todo o mundo com o fim de povoar o céu.

Peça a Deus para fazer parte desta história!