OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

29/03/2009

Um dia ela chega

Engraçado escrever sobre algo que ainda não vivi.
Nesta última semana, sentado na parte da frente do ônibus, onde fiquei um bom tempo, pude reparar em alguns idosos e fiquei imaginando como eles devem ter sido e como eles viveram suas vidas. Resolvi, então, comentar aqui sobre o que refleti em relação a isto.

Se tornar uma pessoa idosa é uma benção de Deus.
Porque isso significa que a pessoa chegou até aqui. Toda uma vida passou e ela permaneceu firme, não cedeu às doenças, sofrimentos e solidão, que um dia acabam chegando.
Significa, teoricamente, que ela já foi filha(o), irmã(o) pai ou mãe e agora é avó(ô). Ela experimentou todas as fases que um ser humano tem a oportunidade de experimentar, no que se diz respeito ao relacionamento com pessoas.

Agora, o que faz um idoso se sentir feliz, já que ele não tem mais aquela beleza, aquela saúde, aquela disposição de antes?
Provérbios 17:6 diz que a coroa dos velhos são seus netos, ou seja, nada melhor para um idoso do que ver que seus filhos estão criando bons filhos, segundo a vontade de Deus. Sabe por quê? Quando eles vêem bons netos, eles associam diretamente aos bons pais, que no caso são seus filhos. Eles sentem que fizeram um bom trabalho. As lutas, os sacrifícios, os momentos em que eles tiveram que abrir mão de suas vidas, tudo isso, eles percebem que no fim valeu a pena.

Um fato que considero curioso e que creio que vocês hão de concordar comigo. Os velhinhos adoram falar. Falar sobre o passado deles, sobre o nosso futuro e sobre as notícias do jornal da manhã.
O que eu muito aprecio é conversar com avô, avó, mesmo que seja dos outros. É incrível como eles sabem contar estórias, inventando ou não. As mais atraentes para as meninas são as do passado romântico da vovó. Para os meninos, são as aventuras do vovô, suas maluquices de infância (para os vovôs foi maluquice). Quando o passado deles é trágico então...

Um aspecto interessante (e um pouco fora de contexto) é que quando vemos uma senhora andando na rua, ou sentada na parte preferencial de um transporte público, achamos ela bonitinha, coitadinha, pura. É incrível como associamos uma idosa à pureza, quase que instantaneamente. Mas nós nem imaginamos o passado dela, que pode ter sido admirável ou não. Não sabemos que comportamento ela teve quando jovem ou mesmo já madura. Estou salientando este assunto porque fiquei intrigado com ele. Ela pode ter sido ou ainda ser uma péssima sogra, ou pode ter rejeitado seus filhos. Mas quando a vemos bem velhinha, a imaginamos solitária, carente e frágil. Vai saber...
Da mesma forma um idoso, de bengala, andando curvado na rua. Achamos bonitinho, coitadinho... mas e se ele abandonou sua esposa, e se ele foi um alcoólatra? O fato é que todos nós somos seres humanos vivendo na vida real. Todos nós fomos alguma coisa ou alguém de que nos envergonhamos muito. Mas a vida passa. E nós podemos ter mudado nossa forma de ser ou não. Eu, por exemplo, em muitos aspectos não gosto do que sou ou de como ajo. Posso escolher mudar. E Ele pode me transformar, certamente.
E o tempo vai passar. E eu vou ser aquilo que escolhi. Eu tenho o livre arbítrio para isso.

Enfim, voltando ao foco, é engraçado olhar para um idoso e imaginar o que ele passou durante sua vida, quem ele realmente foi. Embora o que importa é o que ele é agora.

Um dia a velhice chegará para nós. E nossa reputação depende das escolhas que fazemos, que certamente refletirão no futuro. Podemos nos tornar velhinhos de aparência frágil e ter tido um passado tenebroso ou podemos ter uma aparência irrelevante, mas com o nosso interior puro, puro, puro.

23/03/2009

Os missionários verão os braços erguidos da igreja

da série: para despertar a visão missionária

Em Mateus 16.18, Jesus cria uma metáfora interessante sobre a igreja que fundará. Jesus Cristo diz que a sua igreja será fundada sobre uma pedra tão poderosa que os portais do inferno não prevalecerão. Ao erguer portais no inferno, Ele compara o inferno a um reino fortificado, e quando pensamos numa invasão deste reino, pensamos num reino tomando outro, o Reino dos céus. A metáfora da igreja é uma metáfora de guerra e o Reino dos céus avança sobre o reino infernal.

Curioso pensar que acostumamos a chamar aquele que “vai a frente da igreja”, na evangelização, de missionários, que também é um termo bélico: na guerra, as missões são os elementos mínimos, isto é, uma guerra é ganha através do conjunto de missões, seja uma missão de resgate, de destruição do armamento inimigo, ou mesmo, uma batalha, um confronto com soldados inimigos. Estas missões são idealizadas por um general, que envia soldados com uma missão pré-definida: os missionários. Todavia, os missionários devem cumprir a missão, mas não são eles que ganham a guerra. O general coopera com a vitória, junto de seus soldados, mas é o reino que ganha a guerra.

Gosto de pensar desta forma o fazer missionário: como uma guerra espiritual entre o reino infernal e o Reino dos céus pelos corações humanos, e o reino infernal está ativo, erguendo fortalezas sobre os corações conquistados; é a igreja de Cristo que liberta e põe abaixo os reinos os reinos. Por isso, o envio de missionários não é uma iniciativa, uma atividade, uma alternativa do soldado, mas de Reino! Em Atos 13.3, vemos o Espírito Santo falando à igreja para enviar Paulo e Barnabé. A igreja separa e envia os missionários, isto porque o missionário vai até a frente da batalha levando a bandeira da igreja de Cristo, enviado por ela, capacitado por ela, sustentado por ela, cuidado por ela.

Destaco o trecho de Êxodo 17.8 a 15, da guerra entre os israelitas e os amalequitas, como alegoria para esta equipe do Reino dos céus: Israel recebe instruções de Deus para conquistar a terra dos amalequitas. Deus promete esta terra a eles. Moisés envia Josué como líder do exército para caminhar em colisão aos amalequitas. Enquanto isso, ele sobe ao monte, não para observar como um espectador passivo, mas ao erguer dos braços de Moisés, o reino de Israel avança, reprimindo os amalequitas ao fio da espada! No entanto, quando se cansava e os braços de Moisés caíam, os amalequitas avançam e o Reino recolhe, fica em ameaça, a vitória parece não estar garantida, parece que a promessa de Deus não é verdadeira.

Arão e Hur, estão ao lado de Moisés. Não podem ir até a batalha, e nenhuma diferença fariam lá, mas as Escrituras dizem que “Arão e Ur mantiveram erguidas as mãos de Moisés, um de cada lado, de modo que as mãos permaneceram firmes até o pôr-do-sol”. Josué, então, ergueu os olhos para o alto e os braços de Moisés estavam erguidos.

Assim avança o Reino de Deus, assim a gloriosa guerra de Cristo será ganha finalmente, assim os missionários terão vitória em suas missões, enquanto a igreja estiver de braços erguidos, sendo sustentada pelos membros da família.

No momento da desesperança, do avanço do inferno, do cansaço, os missionários poderão olhar para o alto e esperar, pois verão os braços erguidos da igreja e a sua força será renovada, e os missionários avançarão, e os portões do inferno não prevalecerão!

- E você, tem combatido na guerra e auxiliado a igreja a manter os braços erguidos?

15/03/2009

Indo mais fundo

“Vá, chame seu marido e volte”. Jo 4.16
“Qual o seu nome?” Gn 32.27
Essas simples frases têm muita coisa pra nos ensinar.

A primeira foi dita por Jesus a uma mulher samaritana no seguinte contexto:
- Jesus e seus discípulos indo de Judéia para Galiléia, passando por samaria;
- Havia inimizade entre judeus e samaritanos, e;
- Jesus inicia uma conversa com a mulher samaritana.

A conversa vai se desenrolando, em um primeiro momento, com a surpresa da mulher pelo fato de Jesus lhe pedir água. Esta surpresa se dá por alguns motivos:
- os judeus não se davam com os samaritanos;
- a conversa entre um homem e uma mulher poderia ser mal interpretada;
- e a legislação proibia os judeus de utilizar os mesmos utensílios de alimentação que os samaritanos;

Em resposta à surpresa da mulher Jesus traça um paralelo entre a água do poço [satisfação transitória] e a água viva [satisfação eterna] e então a mulher pede da água viva.

Neste momento, Jesus parece mudar de conversa e diz: “Vá, chame seu marido e volte”. O que é que tem a ver uma coisa com a outra? O que é essa frase perdida neste texto?

A segunda frase [pergunta] foi dita na passagem que relata a luta entre Jacó e Deus no vale de Jaboque. E o contexto é de um homem [Jacó] voltando ao encontro de seu irmão [Esaú] de quem roubara o direito de primogenitura fingindo ser Esaú. Então é descrita uma luta intensa e longa; e o a solução encontrada por Deus para dar fim àquela luta foi ferir a coxa de Jacó. Mas mesmo ferido Jacó ainda impedia o término da luta sob a condição de ser abençoado. Então Deus lhe pergunta: “Qual o seu nome?”. Outra vez parece ser uma frase que não faz parte do texto, parece mudar de assunto.

Prosseguindo com o texto da mulher samaritana entendemos a profundidade daquela frase – é revelada a real situação da vida daquela mulher.
Já naquela luta Deus interroga Jacó sobre sua verdadeira identidade [naquela época o nome tinha um significado mais profundo]. Jacó não deveria mais fingir ser seu irmão.
É interessante notar que estas duas frases vieram após um pedido de benção.

Aplicando em minha vida concluo que minhas orações tem sido algo do tipo “Senhor me abençoe”, mas sem antes ter assumido minha identidade [“Qual o seu nome?”] ou apresentado minha real situação [“Vá, chame seu marido e volte.”].

Deus quer ter um relacionamento mais profundo com cada um. Ele não quer apenas nos abençoar com aquilo que pedimos, mas quer nos abençoar nos ensinando quem nós realmente somos e qual a nossa situação.

11/03/2009

Integridade



Uma vez um amigo meu que estuda letras me disse a origem da palavra sincera. Ela vem de um costume dos artesãos em épocas passadas que para disfarçar os erros cometidos em alguma escultura colocavam um pouco de cera, quando uma escultura era "sin cera" significava que ela era autêntica pois, mesmo que tivesse erros, os mostrava porque não continha cera.

Estive pensando um pouco sobre o que isso tem a ver com nossa integridade. E pensei que talvez a palavra integridade trouxesse uma conotação de perfeição para nós. Acho que esse significado não seja o ideal, acho que ser integro não é uma pessoa que segue todas as leis e comportamentos corretos. Acho que uma pessoa integra é aquela que não tem cera para cobrir as suas falhas. A integridade é demonstrada, no meu ver, através de um reconhecimento inteiro de si mesmo, incluindo os defeitos de caráter.

Vejo também que a conotação de integridade na nossa sociedade clerical faz com que neguemos alguns “errinhos” pensando que o melhor seria uma cerinha para ficar com cara de perfeito! Daí lembra um pouco o último texto que postei, chamado Sentimentos.

Acredito que quanto mais nos lembrarmos de nossas falhas e do poder restaurador do nosso Mestre, mais íntegros seremos.

Vale a pena lembrar a comparação que é usada na Bíblia, de Deus ser o oleiro, e também da música que pede pra Deus quebrar e fazer de novo, acho que pulamos o quebrar com uma cerinha...

Vamos cantar: Eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do Oleiro. Quebra a minha vida e faze-a de novo. Eu quero ser, eu quero ser um vaso novo, integro e sincero.

02/03/2009

Muda Brasil Mudo




Na manhã agitada, o sol escondido
Atrás de um dentre tantos prédios
Uma criança deixa de acordar
Seus olhos estão secos
Ninguém se preocupou em dar água para ela beber

Onde está o tão falado Deus?
O que Ele tem feito pelo nosso país?
Não é Ele, o justo juiz?
Então por que não muda, não muda o nosso Brasil?

A chuva quando se esquece de vir
Espalha corpos naquela terra vermelha
Vermelha de sangue que marca a dor
De alguns que você nunca orou

Uma casa afogada, outra caindo do morro
Um velho esquecido pela família, deixado de lado
Mais um bebê achado em um latão, enrolado em jornal
Onde foi parar o amor dessa gente?

Muda Brasil
Deixa de ser mudo
Chama Ele, chama agora
Pode parecer que Ele não ligue
Mas daqueles olhos de fogo
Pelo nosso povo cai uma lágrima