OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

25/01/2011

AÉFES E JOTAPÊS

AÉFES E JOTAPÊS[1]

Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. 1 Co 12.27

Minha igreja é feita de vários tipos de pessoas e é fácil identificar extremos. Um extremo que gostaria de citar é o dos Aéfes e Jotapês.

O primeiro é sonhador, têm os pés na lua, é empolgado. O segundo é mais centrado, têm os pés no chão e pensa muito (muito mesmo) antes de tomar qualquer atitude. Um é emoção o outro é razão.

Aéfes acreditam que tudo é possível é só começar. Jotapês também acreditam que tudo é possível, mas não começam sem ter a certeza que tudo foi pensado e calculado.

Precisamos de Aéfes e Jotapês.

Aéfes, com sua capacidade de sonhar, conseguem enxergar além das dificuldades, mas precisam dos Jotapês justamente porque estes enxergam as dificuldades.

Jotapês estão sempre prontos, mas precisam de Aéfes para dar um empurrãozinho.

Louvado seja nosso Deus pelos Aéfes e Jotapês de nossa igreja.



[1] Os nomes citados neste texto são fictícios e meramente ilustrativos. Qualquer semelhança é mera coincidência.

15/01/2011

Jesus e o amor que não tem fim (Jo. 13.1).

André Filipe, Aefe!

1. Memória do futuro.
“Ora, antes da Festa de Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai (...)”
Ali no cenáculo com seus discípulos, Jesus sabia que aquela não era mais a páscoa dos judeus, mas a páscoa de todo aquele que crê em seu nome. Logo mais não apenas os judeus estariam comemorando a sua libertação do Egito, mas a Igreja estaria comemorando a libertação do pecado. Isso ocorrerá porque Deus enviou seu Filho ao mundo para que Ele, ao retornar aos seus braços, trouxesse consigo algemas arrebentadas pelo seu sangue. Jesus sabia disso, sabia que viera do Pai e que voltaria, cumprindo assim sua missão. Mas antes de retornar ao mundo dos céus, sabia que seria trucidado no mundo dos homens.
Este saber de Jesus não era um mero conhecimento como aquele “Puxa, é meu aniversário na semana que vem”, mas sim uma memória do tipo “Cara, a cólica que senti na semana passada foi horrível, se eu pudesse  a evitaria”; o saber de Jesus era uma memória terrível de um futuro cada vez mais próximo.
Jesus sabia tanto da existência de um traidor  entre seus discípulos, como da certeza da ressurreição, e de que o mundo estava confiado em suas mãos; mas naqueles momentos que antecipavam a cruz, penso que Cristo tinha vivo em sua memória que Ele era o Cordeiro imolado da Páscoa.
Ora, como Jesus sabia de sua morte, enganam-se os romanos se pensaram terem sido seus assassinos, ou os judeus, que o fizeram calar: Jesus não foi a vítima de uma injustiça, mas um voluntário da justiça. Jesus não foi, ainda, um mártir  que não teve escolha, porque ninguém pode tirar a vida de Cristo (Jo.10.18), mas um Deus que amou até o fim.
2. Amando até o fim.
“tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”
Que Jesus amou os seus discípulos isso o demonstra todos os Evangelhos, e o seu amor já seria enorme se tivesse parado ali. Se Jesus tivesse dito “Beleza, eu vos amei pra caramba, agora vou tocar a vida”, já seria um amor imenso.
Em 1ª Sm.18.3, logo após a morte de Golias, Davi e Jônatas, filho de Saul, tornam-se profundamente amigos, e fazem então uma aliança de amor. Mas logo em seguida, a amizade dos dois é perturbada  pelo ciúme violento de Saul. Em 1ª Sm 20, Davi está foragido pois o rei quer sua caveira; Jônatas vai ao seu encontro e quer ajudar o amigo, mas sabe que, se o pai descobrisse, com certeza o mataria. Além do mais, outras coisas estavam em jogo, como a perda do seu próprio reino (1ª Sm.20.30-34). A amizade e a aliança de amor estava sendo posta a prova. No versículo 17, vemos que Jônatas amou até o fim. Se antes amar Davi era muito divertido, agora trazia consequências como o risco da própria vida, mas Jônatas amou até o fim, eles renovaram a aliança.
A consequência natural de um Deus amar esta humanidade em pecado é a cruz. Você pode amar uma pessoa doente por toda a vida. Estar ao lado dela, apoiá-la, cuidar dela: e não será um amor pequeno, mas você levará este amor às últimas consequências se você doar os seus órgãos para que ela se mantenha viva em seu lugar. Jesus levou seu amor até as últimas consequências.
Isso é muito bom. Isso deve nos dar uma segurança enorme! Jesus ama até ao fim, Jesus leva o seu amor ao extremo; quando ele diz na cruz “Está consumado”, não era o seu amor chegando ao fim, mas ganhando tal dimensão que não importa quem sejamos, em que estado está nossa vida, mas se confessamos Jesus como nosso salvador, Ele nos ama, pois o seu amor está ancorado não em nós ou em nossa obediências, mas em sua própria fidelidade, e sendo Deus fiel, Ele ama até ao fim, e amando até ao fim, estou seguro em seu amor. E isso e muito bom!
3. Um mandamento difícil.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” Jo.13.34-35.
Aí complica tudo, porque Jesus não espera amor menor de nós que o seu próprio e imenso amor até o fim. Jesus é, assim, não uma mobília para ser admirada, mas um exemplo a ser seguido para amarmos ao próximo até as últimas consequências, não baseado nos valores do próximo, mas ancorado em Jesus Cristo. Que irresponsabilidade! Como Jesus pode nos exigir um  amor até o fim por um chefe orgulhoso e que me humilha na frente dos demais? Como amar até ao fim aquela professora que me persegue sem razão? A que consequências sou levado por um amor a um morador de rua, a uma comunidade pobre? Isso é duro, é complicado, é terrível pois este é o RG daqueles que são amados por Cristo. Quem crê em Cristo ama até ao fim, e quem ama até ao fim, perdoa infinitamente, espera pacientemente, ajuda desmedidamente, se entrega graciosamente.
Pedro entendeu este amor muito bem. Observe o que ele diz a Jesus, no versículo 37: “Por Ti darei a própria vida”. Veja como Pedro foi grande, aqui. Jesus ainda não havia sido morto, aliás, Pedro mal entendia aquela história de Jesus ir para onde não podia ser seguido. Mas ele entendeu muito bem que amar até ao fim significava entregar a própria vida, se preciso fosse. Porém, é muito confortante que Jesus, logo em seguida, destrói suas ilusões,  no versículo 38, dizendo que, ainda naquele dia Pedro o negaria três vezes! Fico feliz que logo após um mandameno enorme, como o do versículo 34, tenha sido o grande Pedro o primeiro a descumprí-lo, mas Jesus o amou até ao fim assim mesmo, porque seu amor não está condicionado a nossa obediência.
4. Exemplo e poder.
O que Pedro nos ensina também é que não basta saber o que significa amar até ao fim assim como não era o suficiente Jesus ser simplesmente um exemplo para nós. Sendo assim, estaríamos condenados a chorar amargamente como Pedro após negar Jesus (Mt.27.35) para sempre!
É por isso que é loucura estas propagandas de banco, ou essas mensagens de ONGs que falam de amor ao próximo. É loucura mesmo a nossa pregação contra o mundo pagão, colocando Jesus como exemplo, pois a Cruz não é só nosso exemplo, mas também e principalmente o que nos torna capazes de amar. Só aqueles restaurados pela cruz de Cristo e pelo Espírito Santo são capazes de amar verdadeiramente até o fim. Não devemos esperar amor de um mundo sem Cristo, mas o mundo sem Cristo não deve esperar amor menor que o de Cristo daqueles que confessam o seu nome.
Deus deu a Pedro a honra de cumprir sua promessa e entregar sua vida em nome de Cristo. Diz a tradição que Pedro ia ser crucificado como Cristo por pregar o Evangelho, mas ele não se achou digno e pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo. E os expectadores  puderam ver a Glória de Cristo na entrega de Pedro. Através do Espírito Santo regenerador de Deus, temos o poder de amar até ao fim, e este é o nosso ministério de vida.
Ao caminhar pelas ruas, ao planejar sua vida, ao fazer escolhas, você tem levado em conta o amor ao próximo, fazendo assim resplandecer o amor de Cristo?

09/01/2011

Entregue-se!

Deve ser um pedido bem chato de ouvir, para um presidiário que conseguiu fugir da cadeia ou que simplesmente não retornou da condicional que lhe fora concedido para passar o final de ano com a família.

Deve ser um pedido doloroso para aquele que tem muito dinheiro na conta, no caso de alguém chegar e estender a mão lhe pedindo uma pequena moeda.

Deve ser um pedido que traz certa insegurança, quando um homem pede uma mulher em casamento.

Deve ser um pedido praticamente impossível de engolir e aceitar, quando uma pregação ouvida ou até mesmo um versículo lido nos aconselha a nos entregarmos diariamente a Deus.

Marcos 14 (versículos 51 e 52) traz uma imagem interessante. De acordo com teólogos, o próprio autor João Marcos seria o jovem que seguiu a Jesus, até porque somente ele mesmo (o seguidor) poderia saber quem é que estava seguindo. E também pelo fato de estar vestindo somente um lençol, o que na época era uma vestimenta de gente rica. E Marcos vinha de família rica!

Muitos pregam em cima da covardia e medo de Marcos, por assim que ter sido flagrado, ter fugido correndo largando até sua última peça de roupa.

Mas alguns estudiosos analisam de outra forma, que considero que pode ser a real: Marcos estava ali observando Jesus sendo levado, enquanto os outros discípulos mais velhos e experientes já tinham fugido fazia tempo. Se caso ele estava escondido, era por estar com pouca roupa. E no momento em que largou o lençol, podemos pensar que ele estava se entregando todo a Jesus, ou seja, estava totalmente nu, deixou (jogou) para trás tudo o que tinha, para ficar totalmente entregue a Ele.

Sei que entregar é um verbo bem difícil de conjugar na vida, mas espero que finalmente, este ano de 2011 seja o ano da sua Entrega Total!