OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

30/03/2008

Golpe de Deus


Nesta semana, logo pela manhã, estava eu no sinal da Consolação esperando o farol abrir, quando olho para o lado e vejo um ônibus freiando antes de bater numa senhora que corria para atravessar a rua. Aconteceu exatamente na hora em que olhei.

Geralmente as pessoas são lançadas para longe por causa do impacto. Desta vez o ônibus freiou, bateu e ela desabou no meio da rua.


Aquela mulher devia ter uma missão pra cumprir naquele dia. Ela estava indo fazer alguma coisa em algum lugar às 7:30 da manhã... mas ela foi impedida de realizar o seu objetivo.


Fui até o escritório me perguntando: e se tivesse sido eu? Se o ônibus tivesse me acertado e parado minha vida, meu cotidiano por um momento? Porque me surpreendeu como aquela simples batida parou a vida daquela mulher naquela manhã. O que eu deixaria como legado? Do que as pessoas lembrariam de mim? Elas lembrariam de mim? O que de tão importante eu deixaria de fazer naquele dia? Será que Deus estaria me esperando de braços abertos ou simplesmente me deixaria entrar, como mais um simples cristão no céu?

Isto me deu medo! Qual o valor da minha vida? Aqui na terra diante das pessoas e no céu diante dos anjos e de Deus? Eles me reconheceriam? Eu não quero ser só mais um...


Eu não sei vocês, mas há vezes em minha vida que eu sinto uma batida como essa. Deus me atinge com tudo! E eu desabo...

Bem, o intuito seria a gente levantar e voltar para o caminho certo, nos arrepender de algo ou conseguir enxergar o que Ele quer... Esse golpe eu sinto principalmente quando estou fingindo de viver. Os dias vão passando e eu agindo como se estivesse tudo certo entre mim e Deus. E por mais que eu queira mudar eu não faço nada para que isso aconteça.


Eu vejo vários exemplos de pessoas que já levaram grandes sacudidas de Deus: Davi, Jonas, Paulo, Sansão, o Peregrino (é, o personagem do livro Peregrino, sim).


Quando Deus nos atinge, ele nos reanima a continuar. E eu não concordo quando dizem: "ah, tá empolgado assim porque é jovem, tá sendo levado pela emoção, mas só porque ainda está no começo do projeto (com o tempo passa)..."

E daí? É proibido se empolgar? Não tem essa de começo, de ser jovem, não conhecer a realidade da vida, blá blá blá... Se for, melhor! Temos mais é que aproveitar que somos jovens, temos coragem, ousadia, tudo nos motiva! Se não mantivermos esse sentimento aceso, aí sim vamos desanimar e vamos ficar parados. Isso envolve missões, quando estamos motivados a planejar e deixar tudo para trás; namoro (casamento), quando dizem que é só empolgação de começo, que com o tempo vamos ver a realidade, e isso e aquilo... se não nos empenharmos em ficar sempre empolgados, levados pela emoção (e muitas vezes razão), o tempo vai desgastar nosso projetos e relacionamentos.

Então, por favor, parem com esse papo sem sentido!


Nossa, um atropelamento nunca me fez refletir tanto...

24/03/2008

De quando éramos completos


“(...) Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

(...) E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia”.
Fernando Pessoa


O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung propôs 4 figuras simbólicas para a significação humana: persona, sombra, animus e anima. Assim como um padeiro fala de coisas de Deus sem ser teólogo, me atrevo a comentar duas destas figuras simbólicas. Animus e anima, que representam, um o lado masculino na mulher e o outro, acreditem, o lado feminino no homem. Animus é a parte espiritual masculina na mulher, e anima, a alma feminina no homem, encarem!
Após superar o primeiro trauma de constatar que existe no homem um lado feminino, considerei o seguinte. Ora, foi a partir da descoberta de parentescos culturais da África na América que descobrimos que os continentes distantes eram antes um só: a pangéia. São os resquícios da África na América que nos trazem um passado de unidade continental. Seria loucura pensar que anima no homem e animus na mulher são resquícios de uma pangéia humana, o resquício de que fomos um dia uma coisa só, e que a criação do masculino e feminino é uma etapa posterior à criação humana?
Naquela que eu acredito ser a correta narração da criação humana, a narração de Gênesis de Adão e Eva, sou levado a pensar que o Varão criado no sexto dia não era um homem/masculino, como o entendemos. Afinal, para quê uso Deus criaria o sexo masculino sem o seu feminino? Mas o criou à sua imagem e semelhança: assexuado, completo, perfeito: um ser humano!
No entanto, não era bom que o homem estivesse só. A criação era bela, o humano era feliz e regozijava-se em Deus... Havia a comunhão com Deus e a adoração direta a Deus, mas a quem o humano compartilharia, num momento de profunda alegria, o quanto Deus era bom para ele? Estava só, o humano. Como Rubem Alves já perguntou num outro texto, de que vale tanta beleza estando sozinho? Imagino Adão exultando de alegria e procurando alguém para compartilhar da mesma alegria. E viu Deus que não era bom que o homem estivesse só.
Feito outro humano do barro, imagino dois seres perfeitos a regozijarem-se sozinhos, cada um em seu jardim, sem comunicação. Dois seres sem uma comunicação apaixonada... Completos somente. Porém, o sono do humano, de Adão, foi mais profundo do que imaginava... Não somente sua costela foi arrancada, mas todo o seu corpo passou por um processo de transformação, foi arrancada de si uma grande parte, parte de seu corpo, parte de sua alma, e disso outro humano fora criado. Mas não outro humano igual, e sim dois humanos diferentes, ou melhor, dois humanos de um; e o que faltava em um, completava-se no outro, e o que faltava no outro, completava-se naquele outro, e assim, fora criada não só outro ser humano, mas a eterna e cansativa busca do outro, fora criada a necessidade do outro, a comunhão; os resquícios da divisão eram como um ímã, com seu lado positivo negativo, anima e animus buscando completude. Não eram dois seres humanos, eram duas partes de um só, tanto que Adão a nomeou não com um nome diferente, mas com o seu feminino: Varão, Varoa. Ele inventou o feminino, e o feminino não é outro gênero, é a mesma coisa, diferente; é a parte do todo humano, é a parte da imagem de Deus. Homem e mulher somam a imagem de Deus.
Assim como nossa alma anseia por Deus desde que perdemos a comunhão com ele, nossa alma anseia pelo outro desde que nos separamos de nós mesmos. O humano foi dividido para que não apenas tivesse companhia, mas para que se buscassem um ao outro, para que se necessitassem, se completassem, a fim de adorar a Deus pela comunhão, e constituir família. A fim de compartilharem entre si o quanto Deus é bom para eles.
Mas isso também o pecado tirou. Após o Éden, a relação humana tornou-se de assassinato (em Caim e Abel), e de devassidão sexual (em Sodoma e Gomorra). O masculino e o feminino tornou-se defeituoso. Homem e mulher deixam não apenas de relacionar-se um com o outro de forma completa, como uma parte do outro, mas também o homem deixava de se relacionar com a própria masculinidade e a mulher com a sua feminilidade. O pecado trouxe ao homem e à mulher uma masculinidade e uma feminilidade corrompida, e à relação, trouxe concorrência, competição, opressão e separação.
O projeto de Deus na criação humana era criar uma raça humana a partir do homem e da mulher, juntos, em comunhão, o homem sendo completamente homem, e buscando na mulher sua feminilidade (anima), latente ainda dentro de si, e a mulher, sendo mulher, buscar no homem sua masculinidade (animus). Homem e mulher foram criados para comunhão, completude, igualdade e união.

17/03/2008

Ele já sabia


Com amor eterno eu te amei; por isso com benignidade te atraí”.
Jeremias 31.3b

Queria adoração, então criou os céus e a terra.
Pediu que houvesse luz, e houve.
Firmou o céu e estabeleceu a Terra.
Separou a terra seca e encheu os mares.
Deu vida à vegetação e aos animais.
E cada obra criada O adorava.
Cada um, a sua maneira, perfeitamente O adorava.
Foram criados para O adorar.
Existiam para O adorar e não tinham escolha.
Então pensou e logo decidiu:
Escolheu nos criar, nos amar, escolheu sofrer.
Abriu mão de si.
Nasceu no tempo.
Sofreu na Terra.
Morreu pelo quê seríamos.
Ressuscitou... e nos criou.


Zeh.

09/03/2008

Anarquia e Cristianismo


Estava na aula de Direito Tributário, a professora falando dos impostos que pagamos, impostos e mais impostos, pagamentos em cima de pagamentos. Revoltante. A classe pega fogo a cada imposto novo comentado. Então um amigo comenta comigo que o ideal mesmo seria o Anarquismo, e então começamos a conversar e concordei com ele. Foi nessa hora que minha professora nos ouviu conversando e começou a discutir também.

Anarquia é uma sociedade sem regras, uma sociedade que possui tanta conscientização pessoal e social que não necessita de leis, pois a conscientização obtida gera a ordem por si só. A professora começou a indagar como se viveria em um Estado sem leis, sem um regente que no Brasil é representado pelo nosso governo que é democrático e federativo. Então argumentei com a professora que eu acredito que exista a possibilidade de existir uma sociedade desse tipo.

Em minhas andanças de casa para o Mackenzie e do Mackenzie pra casa, sempre filosofo comigo mesmo, e existe uma idéia que fui desenvolvendo ao longo do tempo. O cristianismo representa uma anarquia!

Então você me pergunta: E o governo de Deus?

O relacionamento com Deus gera conhecimento, então temos a primeira semelhança. O conhecimento gerado por nosso relacionamento com Deus é um conhecimento que, acredito, passa por três vertentes: o conhecimento de si mesmo, o conhecimento do próximo e o conhecimento de Deus (não necessariamente nessa ordem). Quando uma pessoa possui um conhecimento aguçado de si mesmo ela sabe reconhecer suas necessidades, quando a pessoa detém o conhecimento sobre o próximo ela delimita seus limites e aprende a se relacionar e quando ela possui o conhecimento de Deus ela sabe para que, porque e para onde ela foi criada. Descobrindo, assim, qual sua natureza, qual o lugar que deve viver, qual forma deve viver, qual forma deve se relacionar, etc. Esses conhecimentos são extremamente necessários para que uma sociedade anárquica sobreviva.

Em segundo lugar, Jesus chama seus seguidores não mais de servos, mas sim de amigos, o que eu considero como uma forma de governo diferente da que vivemos. Quando vejo a maneira com que Deus governa o seu Reino vejo que tudo gira em torno do relacionamento Deus-homem e homem-homem. Quando obtemos o conhecimento descrito acima, acredito que passamos a viver como Deus quer que vivamos, como Deus gostaria que fizéssemos, como Deus gostaria que andássemos. Passando da posição de governante para amigo, uma vez que, se agirmos de acordo com a natureza que Deus nos fez, a humana, estaremos agindo de acordo com suas ordenanças! Sendo assim, não teremos um governante, mas sim um amigo!

Portanto, acredito mesmo que a agregação de conhecimento e sabedoria que Deus nos dá sobre nós mesmos, o próximo e sobre Ele mesmo gera em nós a capacidade de vivermos sem o controle autoritário e viveremos pelo controle do conhecimento.: um anarquia!

Então minha professora me indagou sobre meu ponto de vista. Expliquei para ela que o conhecimento que Deus nos dá é um conhecimento como o explicado acima e que esse conhecimento é capaz de transformar possível uma sociedade Anárquica. Após isso, a professora me disse alguma coisa assim: - Que bom que você tem no que acreditar, eu não tenho uma utopia há muito tempo. Minha resposta foi: - Professora, não é uma utopia, é uma promessa, é o céu o Reino de Deus.

Na oração do Pai Nosso, nós dizemos: - Venha o teu Reino! Penso que quando Jesus nos ensina isso, Ele está dizendo que nós devemos mostrar o Reino de Deus para as pessoas, essa esperança, e como fazer isso?

Parece que na minha idéia eu só irei viver na sociedade dos meus sonhos quando estiver no céu, porém essa oração me faz acreditar que nossa luta seja para que agreguemos conhecimento às pessoas para que elas vejam que é possível se viver em uma sociedade assim, ou então elas continuarão a viver sob governanças erradas e reclamando!

Enfim, me lembrando da oração do Pai Nosso, vejo que minha função na terra é distribuir conhecimento que gera esperança. E que venha o Teu Reino!

02/03/2008

O que nos motiva a viver?

Eu sempre quis entender o por quê da Suécia ter um índice de suicídio tão alto entre seus habitantes tão privilegiados. Eles têm tudo: casa, comida, serviços públicos de primeira, leis que funcionam, paz, trabalho... Refleti sobre isso por um tempo e percebi que simplesmente nada os motiva!
Eu costumo ficar ancioso com qualquer preocupação que me incomoda. Isto me traz consequências de certa forma dolorosas. Mas sabe, esta ansiedade me move, me faz viver.
Só se torna perigoso quando ela passa dos limites e questiona minha fé. Eu preciso confiar no que Deus pode fazer.
Todos nós temos algo que nos motiva, seja dinheiro, sonhos e para alguns a busca em apertar a mão de Deus. É natural do homem. Mas seria natural do cristão? Atrás de que temos que correr? Estamos, pelo menos eu, sempre mudando nossos planos, seja o quê, aonde e como for. Tiago 4:13-15 nos adverte firmemente sobre isto. Nós não sabemos o que virá, então não devemos nos preocupar com isso. Pelo menos não exageradamente.
Eu sei que tanto eu, quanto o Mala, o Aefe e o Zé temos nossos próprios planos. Planos grandes. Mas se a gente não entregar a Deus e deixar Ele nos usar, quando o tempo passar, a única coisa que estaremos carregando conosco será o vazio interior.
Vejam, o tempo está acabando. Não deixem seus objetivos barrarem a vontade de Deus. Ele quer você em algum lugar, em algum momento, fazendo alguma coisa. Eu sei que existem fatores políticos, econômicos e sociais que nos envolvem, mas se quisermos ter uma vida completa, com a sensação de realização, temos que crer no poder Dele.
Espero um dia ver todos vocês fazendo aquilo que gostam por ser aquilo que vocês sabem que devem fazer.
E espero que algum dia um sueco pense em tudo isso...