Uma das coisas que sempre me fizeram chegar a um beco sem saída foi a questão de Jesus ter dito algumas vezes no Novo Testamento: Eu porém vos digo. Bem, isso realmente confundia minha cabeça. Sempre achei que isso representaria uma contradição na Bíblia, e isso seria o mais próximo que já cheguei do fim da minha fé.
Continuando a reflexão do meu texto anterior, quando disse acreditar que o cristianismo representa uma anarquia, agora eu quero fazer uma análise sobre qual seria o regime em que viveríamos, sob qual lei viveríamos. Isso pode levantar o cabelo de muitos anarquistas. Na Bíblia podemos ver que as leis foram instituídas, no Velho Testamento, para a convivência entre os seres humanos, exemplificadas pelos 10 mandamentos. E isso contrariaria a idéia de que o cristianismo é um anarquismo, já que os anarquistas vivem sem qualquer regência.
Ao ler o início do evangelho de João, vemos Deus sendo chamado de Verbo. E qual verbo seria? Não acho que foi ao acaso que João colocou essa comparação. Ele se refere a Deus como Verbo porque o próprio Deus já havia feito isso, quando fala com Moisés para ir libertar o povo. Deus, frente ao questionamento de Moisés, diz: - “É isso que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês.”. Deus se coloca como um Verbo! E o verbo ser, que é muito usado para nos distinguir: Ser Humano! O fato de Deus Ser revela uma de suas características primordiais: Deus é e não tem ou faz. Deus é amor, não tem amor; Deus é justiça, não tem justiça; Deus é o caminho, não tem o caminho. E é engraçado nós sermos referidos como seres humanos, pois além de mostrar que nós somos a imagem e semelhança de Deus, mostra que somos e não temos.
Jesus disse: - Ouvistes o que foi dito, eu, porém vos digo. Bem, Jesus, a princípio, parece estar contrariando os mandamentos. Mas, quando vemos o que Jesus diz depois, nós nos deparamos com uma situação estranha, pois o que Ele ordena que façamos não contraria a lei anterior. Além de não contrariar, Jesus imprime uma nova condição para que participemos Dele. A nova condição torna quem está sob a lei ativo e não passivo. A lei anterior era: não, não e não! A lei nova é: ame, ame e ame! Realmente nós ouvimos o que foi dito: Não, não e não. Jesus, porém, diz: Ame, ame e ame!
Tudo bem, mas nós ainda vivemos sob uma lei então. E daí? Paulo foi bem preciso quando nos diz que a lei não é feita para os justos. Pois quando nós viramos o que somos, justos, nós não precisamos de lei. A lei é o que somos feitos para ser, é fazer o que somos feitos para fazer. Quando Jesus morreu por nós, nos fez voltar a ser o que somos, nos tirou a lei porque podemos voltar a nossa essência! E qual a nossa essência? Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos!
A lei do amor, que não é lei e sim o que somos!
4 comentários:
Que texto bom de ler. A cada palavra, me senti edificado e compartilhando suas dúvidas e reflexões.
Abraços
Concluo assim a idéia do texto:
O amor é justamente o elemento de coesão entre o que sou agora com o que eu deveria ser... é isso?
Em amor, eu me ergo do baixíssimo nível que caímos com a queda ao nível de humanidade proposto por Deus, e aí, não há lei... mas anarquia, rsrsrs.
Gostei do texto. É necessário lembrar sempre que somente amando somos seres humanos!
"Que texto bom de ler", faço minhas as palavras do Filipe. Confesso que não conhecia este seu lado escritor, meu caro.
E não digo apenas pelo conteúdo, que, aliás, é Evangelho. Mas também pelo estilo da escrita. Sou fã de que sabe discorrer de forma escrita seus pensamentos e idéias.
Ótimo texto. Fico feliz em poder indicar este blog entre os meus preferidos.
Parabéns a todos.
Feitos para amar,
realizados por viver a semelhança redimida de Deus em nós!
Nunca foi tão fácil obedecer à "lei"...
É... Deus é "incrível" mesmo!
Obrigada por compartilhar... sempre!
bjos!
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