OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!
03/11/2008
Adonis vai à caça
O quadro acima é um episódio na vida do herói grego Adonis, criado pela deusa Afrodite, com quem, já crescido, tem também um relacionamento amoroso. Acontece que Adonis é um caçador, e Marte, o deus da guerra, enciumado por causa de Afrodite, jura Adônis de morte caso saísse à caça. A cena do quadro é justamente o momento em que Adonis vai à caça. Ele não tem medo de Marte: o seu problema é de outra ordem.
Repare em Afrodite, o pedido de clemência em seus olhos, os braços engatando o seu amado para que fique. Repare, agora, em cupido, a criança aos pés de Adônis, que pode representar tanto o irmão mais novo quanto o filho, repare como o menino segura o rapaz pelas raízes, a plantá-lo no chão. Reparem, então, no cenário dividido ao meio, um lado mais claro, apontando para o caminho para o qual o caçador deve seguir; e o lado mais escuro, o seu lar, a sua casa. Adônis está no meio e tem que decidir. Notem a dor do herói ao evitar olhar para Afrodite, que pode representar tanto sua mãe quanto sua esposa. Acontece que Adônis é um caçador, ele precisa ir caçar. Para isso, ele tem que manter as mãos e os olhos firmes em suas armas, sem desviar o olhar.
Coloco este quadro perto de mim, para lembrar-me sempre de quantas renúncias são feitas a vocação cristã. Para lembrar-me que para servir o Reino de Deus, devo arrancar as raízes dos vícios, dos meus desejos mais profundos, das minhas paixões, sejam os pais ou um trabalho que me traga conforto. É porque devo ir à caça, devo seguir para o caminho que Deus me vocacionou. Para me lembrar, sobretudo, que para isso, preciso manter as mãos e os olhos firmes na cruz e na Palavra de Deus. Todo passo adiante na vida com Deus é um espaço mais longe de muitas paixões pessoais: mover-se a Deus é ao mesmo tempo alívio e dor, pois somos arrancados das matérias terrenas que nos envolvemos em direção ao Espírito divino que nos envolveu.
Além do mais, abrir mão do mundo para estar com Deus, se já não fosse um grande caso de graça e misericórdia, quando vamos à caça, ao invés de ser jurado de morte, recebemos ainda a promessa da vida e da satisfação. Reparem na vida de Abraão, representada no quadro abaixo. Deus pediu, como prova de amor, a morte de seu maior bem, o seu filho querido, e alguém já falou que se Deus não tivesse dito que o amor já estava provado, Abraão teria matado Isaque a despeito da intervenção do anjo. É que o nosso Pai celeste nos pede a renúncia das mitologias deste mundo, e nos dá em troca a verdade da vida eterna.
Você poderia compartilhar um pouco mais sobre renúncias pelo Reino?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário