Simonton: vida de estudante, avivamento e missões!
Prestes a interar 20 anos, o jovem partiu para uma grande aventura no sul do seu país, viajando por várias cidades junto de seu irmão e amigos, vivendo de assinaturas de um jornal presbiteriano e de bicos. Decidiu registrar esta viagem especial em um diário. As anotações deste diário, porém, se estenderam até um ano antes de sua morte.
Esta viagem foi marcante para a vida do jovem. A diferença cultural dos moradores do sul do seu país o fizeram refletir sobre muitas coisas. Também passou poucas e boas, de pequenas paqueras a apertos financeiros. Veja o que ele anota em uma de suas paradas: “Estamos saindo para os campos em busca de emprego, com o casaco no braço e doze dólares no bolso, mais pão” e mais tarde, ironicamente: “A crise chegou. Ou tomamos dinheiro emprestado, ou empenhamos os relógios, ou roubamos. São estes os três caminhos abertos e vamos experimentá-los nesta ordem!”
O jovem e seus amigos conhecem novas pessoas, fazem muitas amizades e frequentam acampamentos. Veja a espiritualidade de seus interesses: “Esta foi uma semana de acampamento. Fui no sábado e voltei na segunda (...) Muita moça bonita, todas bem vestidas, algumas com luxo. Não se encontraria tanta riqueza, pompa e refinamento em muitos lugares rurais (...) quanto à inteligência, prefiro calar.”
Após mais de um ano fora de casa, o jovem retorna, reencontra a família e cheio de dúvidas, decide-se por estudar para a advocacia.
Vida de estudante: sim, nosso herói teve uma vida estudantil. Você reconhece esta rotina? “Estou tentando adquirir o hábito de estudar regularmente, para conseguir melhores resultados do que antes (...) a única dificuldade é o sono” e um pouco mais tarde “os estudos semanais foram um tanto irregulares nas duas últimas semanas (...) mas deve recomeçar com vigor na próxima semana. O hábito de estudar é bom e merece o hábito de ser conservado.” Porém, entre uma anotação e outra, um vazio aparece de vez em quando: “Devo preocupar-me em chegar aos 22 anos e estar vivendo com tão poucos propósitos”.
Avivamento: algo estava notadamente diferente em sua cidade: “nestes últimos dois meses tem-se manifestado intenso interesse religioso nas várias igrejas da cidade. Isso está ocorrendo especialmente nas igrejas metodistas e luteranas, nas quais tem havido constantes reuniões nas últimas duas ou três semanas e grande número de pessoas têm-se confessado pecador diante de Deus”.
Nosso jovem herói, ele que nasceu em um lar presbiteriano, participava de cultos, acampamentos, é profundamente impactado pelo avivamento em sua cidade. Ele confessa: “Agora, quando as reuniões tiveram início e eu vi outros tratando da salvação de sua alma imortal, decidi, confiado nas promessas da Palavra de Deus, fazer um esforço honesto; se fracassar, estou liquidado. (...) Esperei quieto muito tempo para ser convertido; agora resolvi, na força por Deus prometida, marchar em frente e me esforçar para servi-Lo, brilhe ou não a luz em meu caminho; vou confessar diante dos homens meu desejo e resolução de abandonar o mundo e procurar participar do sangue expiatório do Salvador.”
Assim, o jovem entrega a sua vida a Cristo, e imediatamente, outras mudanças ocorrem em sua vida: “E, o que é mais estranho e inexplicável, tenho sentido um forte desejo de ser capacitado e chamado para pregar o evangelho”.
O jovem imediatamente larga a promissora atividade de Direito e ingressa no Seminário.
O avivamento, por sua vez, continua “ceifando vidas” pela região, e mudando outra vez o caminho do jovem: “É certo que Aquele a quem se dirigem as orações encoraja quem ora. Pois a igreja ainda estava na presença divina, e já chegava a resposta. De todas as partes chegam as mais entusiásticas notícias de reavivamentos e despertamentos, e aqui, tanto no colégio como no seminário, há claras indicações da presença do Espírito. As marcas foram primeiramente vistas no colégio, mas estenderam-se para cá e vêem-se no interesse pelas reuniões de oração e até no comportamento das pessoas”.
Missões: Já há algum tempo cursando o seminário, o rapaz assiste a uma pregação de um teólogo conhecido e tem sua vida transformada novamente: “Se o campo é o mundo, então todas as terras e países precisam ser ocupados, e a recusa de alguns em ir para os lugares menos promissores somente torna esse dever mais imperativo para outros. (...) Se a maioria prefere ficar, não será meu dever partir?”
A sua estadia nos Estados Unidos da América não será mais tão longa. No dia 12 de agosto de 1859, há 150 anos atrás, nosso herói Ashbel Green Simonton, um jovem como qualquer um de nós, deixa familiares e uma carreira promissora em seu país para transformar o nosso, o Brasil, que será seu campo missionário até o fim de sua curta vida. Simonton morre oito anos depois, duração de seu imenso ministério nesta terra, em que batizou os primeiros presbiterianos, fundou as primeiras igrejas, o primeiro seminário, ajudou a ordenar o primeiro pastor e fundou o primeiro jornal evangélico do país. Para cá trouxe seu irmão, e sua irmã, que trouxe seu marido, Alexander Blackford, um grande cooperador para Simonton na obra pioneira.
A Igreja Prebiteriana do Brasil, fundada no dia 12 de janeiro de 1862 com a profissão de fé de dois homens, e a frase inaugural de Simonton: “Assim foi a nossa organização em igreja de Jesus Cristo no Brasil”, atualmente possui mais ou menos 380.000 membros comungantes mais quase 130.000 membros não comungantes, somando aproximadamente 2.300 igrejas, 2.200 congregações, 1.600 pontos de pregação, 3.000 pastores em atividade, 180 licenciados, 11.000 presbíteros, 13.000 diáconos, 750 evangelistas, 1.200 missionários, 11 institutos, bíblicos ou educacionais, sendo 1 a Universidade Mackenzie; 3 associações educacionais; 9 escolas; 9 seminários espalhados por todo o país! Certamente, o trabalho iniciado pelo nosso jovem herói transformou uma nação para a glória de Deus!
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