OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

26/04/2009

O Rei, o reino e nenhum castelo




Desde muito, muito tempo atrás, numa terra de endereço desconhecido, surgiu um reino de extensão imensurável. Não há castelo, torres, nem grandes construções de concreto. Não há soldados, grades, portões, cães nervosos, nada, separando o povo do Rei.
O povo vive totalmente livre, sem trabalho escravo, sem ter que pagar impostos ao Rei e sem ter que competir por cargos ou posições.
Toda e cada criatura do reino se identifica como irmão(ã). Tem o irmão Johannes, irmão James, irmão Eduardo, irmã Rachelle, irmã Natasha...
O curioso nisto tudo é que nenhum deles nasceu neste reino. Todos chegaram depois, quando ele já estava pronto. Cada um veio de uma nação diferente, de culturas opostas. Mas ao entrar no reino, todos aprenderam a mesma língua e se comunicam como se conhecessem desde sempre.

Durante o dia, uma das coisas que as pessoas mais gostam de fazer é conversar. Sentadas na grama, rodeadas por flores que não murcham; encostadas numa árvore, na sombra; entre grandes rochas, no alto de uma colina; caminhando por estradas de terra que não terminam nunca; à beira dos rios; ou seja, não importa aonde, o que predomina nesse reino é o relacionamento entre cada um.
Mas ninguém conversa sobre o passado, sobre erros cometidos, atitudes não compreendidas, pois isso já não importa mais. O assunto agora é o novo corpo, a nova vida, a nova Terra, o Rei, que agora é visto e conhecido de perto, entre outras coisas pertinentes ao reino.

As crianças se divertem correndo pelo campo; se adentrando ao bosque escuro pela união das imensas árvores; procurando animais selvagens que se escondem das incansáveis brincadeiras delas; ouvindo estórias dos mais velhos e principalmente do sábio Rei, que se senta numa pedra e passa a contar as mais belas parábolas infantis. As crianças – admirem-se! – ouvem no maior silêncio e atenção.

O momento que todos mais esperam do dia é a hora de cantar, dançar, tocar instrumentos. Todos, milhares, vem de todos os cantos do reino, de onde quer que estejam, seja lá o que estivessem fazendo, para festejar e glorificar o Rei, que lá do alto ri e abre os braços como que recebendo cada um.
Uns vão chegando e pegando os seus instrumentos, outros de longe já vêm cantando, outros abrem espaço para as jovens e velhas que encantam com suas danças de louvor.
E há também milhares de anjos e alguns homens bem próximos ao Rei. Eles cantam alto, forte, levantando seus braços como que num grito de guerra. Ás vezes a sensação é como que se a terra tremesse, não suportando tantas vozes, pés e mãos se mexendo.

E assim se vai todo um dia. Ninguém percebe o dia passar. E ninguém nunca ganhou tanto tempo. Até mesmo os animais, pequenos e grandes, ferozes e mansos se aproximam para presenciar a glória Daquele que os criou.

As estrelas e a lua, que parecem estar mais próximas do que nunca, avisam que a noite já chegou. Todos, vestidos de roupas brancas, se sentam na grama que curiosamente não suja suas vestimentas.
É hora de ouvir o Rei falar. É hora de ouvir trovões. É hora de sentir o amor verdadeiro. É hora de enxergar.

19/04/2009

O canto da vitória

Salmo do Aefe, quando teve convicção de sua vocação. Ao mestre de canto, para instrumentos de metal.

assista, também, ao vídeo deste post, aqui: http://www.youtube.com/watch?v=V5fmcJ7E4ec

A Sua voz existe desde antes da eternidade. Ela triunfou sobre o silêncio, sobre o nada, sobre o acaso. Ele inventou a vida, porque Ele pode!
O Seu mundo, os Seus homens, o Seu universo. A Sua lei.
A Sua lei é poderosa e os Seus desobedientes pagarão caro, porque Deus é a lei, porque Deus é exigente e expulsa de si a imperfeição:
porque Ele pode.
O amor, a justiça, nada tinha sentido até Ele dizer “Eu Sou”, e o amor e a justiça recebem Seus raios como a vela recebe o fogo. Só há sentido na vida quando a vida recebe os raios em chamas de Deus.

Mas a Sua misericórdia é a mais poderosa força do universo. Que poder tem a morte, que poder tem o pecado escrito na areia diante da onda do mar, que poder tem o inimigo diante de uma única gota de sangue do Amado de nossa alma? Os Seus desobedientes serão calados de uma vez por todas para sempre, e o Seu sangue buscará os pequeninos desta terra, os resgatará do vale da sombra da morte, e serão inundados com o amor de Deus, e Ele então receberá em seu peito a força destruidora da desobediência, o murro da lei perfeita de Deus, isso porque a Sua misericórdia é a força mais poderosa do universo, isso porque Ele pode, porque Ele aguenta. Quem nos separará do amor de Cristo, será tribulação, angústia ou perseguição, fome ou nudez, perigo ou espada?
E os pequeninos serão chamados os Seus justos, os seus filhinhos, e incendiarão com os raios em chamas de Deus.
E os Seus justos levarão a justiça de Deus até os confins da terra, e os pecadores reconhecerão a voz do Seu Amado na vida dos Seus justos e a Palavra de Deus será ouvida em toda a terra, resgatando os seus filhinhos e espantando todos os demônios, que fugirão das luzes para os cantos, para as sombras, e os sábios deste mundo, e os arrogantes, e os céticos, e os poderosos, e todo aquele que não crer na Palavra que os Seus justos repetirão, não reconhecerão que são velas apagadas e sozinhas na escuridão, isto porque a vida só tem sentido quando recebe os raios em chamas de Deus.

Nossas riquezas enganosas e alegrias passageiras, nossos desejos escravizantes e nosso orgulho vergonhoso, nossas palavras ferinas, nossos gestos altivos, todos são velas apagadas na escuridão.
E haverá um dia em que toda a terra será silenciada, todo ruído calará, o leão deixará de rugir, as máquinas de ranger, o vento cessará sobre a montanha, os carros em trânsito em silêncio, os escritórios vazios, as tribos selvagens sem movimento, as famílias não se sentarão para jantar, os governantes deixarão os congressos, os laboratórios ficarão vazios. Neste dia só um assunto será ouvido da boca dos homens por toda terra.
Alguns estarão gritando em desespero, aguado pelas lágrimas e o suor de sangue, mas não serão ouvidos. Eles saberão o juízo que os espera, eles saberão a ruína que escolheram, eles poderão sentir em seus corações e sob seus pés o trono amargo que a desobediência os reservou.
Mas os Seus justos, os Seus filhinhos que O amaram, que O seguiram, cujos pecados foram confessados com a dor amarga da tristeza, cujo coração foi lavado pelo Sangue Redentor, cuja vida foi regenerada pelo Espírito Prometido, cujas vidas foram instrumentos para a glória dEle, destes, dos Seus justos, não será contida a canção, os olhos brilhantes ao alto, os joelhos prostrados ao chão, os braços erguidos em louvor. A canção transbordará do coração de todos os Seus filhos, e será ouvida em toda a terra:
“Ao que está assentado no Trono, e ao Cordeiro, sejam o louvor, a honra, a glória e o poder para todo o sempre!”

Porque Ele pode, porque Ele aguenta, porque Ele é Deus!

12/04/2009

Do bem ou do mal?

Você é "do bem" ou "do mal"?

Creio que estas duas expressões são simples demais para nos classificar. Porém, se tenho que escolher uma, sem falsa modéstia e com toda certeza, diria que sou do mal. Luto diariamente contra o mal que habita em mim – o pecado residente – e na maioria das vezes perco a luta. E por traz de minhas “boas obras” existe quase sempre um sentimento de orgulho; meus “atos nobres” por vezes são motivados pela autopromoção; meu amor pelos desfavorecidos é quase sempre acompanhado por ódio dos opressores; não poucas vezes considero-me melhor que muita gente.

A Bíblia diz que todos pecaram e carecem da glória de Deus[1]. Ou seja, eu pequei e você pecou. Eu peco e você peca! Dessa forma encaixamos todos no time do mal. A linha que divide o bem e o mal não está entre “nós” e “eles”, mas passa através de todos[2].

Mas, como disse no começo, “do bem” e “do mal” é simples demais para nos classificar. A Bíblia faz uma classificação diferente: “os que nasceram de novo” e “os que não nasceram de novo”; ou ainda: “os nascidos do espírito” e “os nascidos da carne”[3]. É necessário, portanto, um novo nascimento, um começar de novo. E, por mais estranho que isso possa te parecer, isto acontece na única vida que temos.

Esta obra – o novo nascimento – inicia-se em Deus. A partir do momento que o Espírito Santo atua na vida da pessoa, esta passa a se questionar sobre a vida que tem vivido e por mais honesta, integra, sincera, e alegre que possa parecer esta vida algo ainda está errado. A santidade de Deus, a pureza de Seu caráter, a intensidade de Seu amor começa a ser revelada de maneira tão concreta e racional em sua vida que se torna impossível resistir ao seu chamado e entregamos assim a nossa vida a Deus – nascendo de novo – em um ato de arrependimento por quem somos e fé em Cristo.

Mas como saber então se realmente tivemos este novo nascimento? O que, em nossas vidas, demonstram este ato?

A evidência de um novo nascimento é uma nova vida sendo vivida de acordo com os princípios instituídos por Deus revelados nas Escrituras. O que confirma um novo nascimento não é uma decisão que fizemos no passado, mas é uma decisão que fazemos todos os dias – de negar o que o mundo oferece e aceitar o que Deus tem preparado para nós. O que comprova que nossa vida foi transformada é que ela continua sendo transformada; o que demonstra que verdadeiramente nos arrependemos é que continuamos a nos arrepender; e se uma vez cremos é porque ainda acreditamos.

Ainda é válido dizer que o novo nascimento não exime a pessoa de pecar. Enquanto neste mundo, estaremos propensos a pecar, daí a razão do arrependimento contínuo.

Somos então um indivíduo que não é “do bem” ou “do mal”, mas sim “nascido de novo” ou não. E o que nos difere é um coração que ama a Deus, que ama o próximo! Ama justiça de Deus e Sua palavra. O coração que negava a existência de Deus é quebrantado e está pronto a buscar conhecer, de maneira mais íntima e continuada, o único e verdadeiro Deus.

Você é "nascido de novo" ou não?



[1] Romanos 3.23

[2] Alexander Soljenítsin

[3] João 3.3

05/04/2009

De Dentro pra Fora



O texto de hoje é difícil de escrever, provém de conflitos internos e de alterações profundas da minha maneira de ser.

Jesus diz que existem dois mandamentos principais. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Bem, é interessante observar como esses mandamentos se comportam. A primeira pessoa que devemos amar é Deus, e, por isso Ele vem primeiro. Já o segundo mandamento nos mostra uma coisa interessante, ele é expressado em duas formas de relação. O amor ao próximo e o amor a si mesmo.

Apesar do amor a nós mesmo, no texto, vir por último vemos que, interpretando o texto, deve vir primeiro do que o amor ao próximo na prática. Na verdade ele funciona como uma condição ao amor ao próximo. Como se dissesse assim: o amor que você se dá é o amor que você deve dar ao próximo.

Tenho vivido momentos e passado por situações que me mostram que as minhas atitudes comigo mesmo são as que eu expresso pelas outras pessoas. Quando maltrato uma pessoa ou ajo com rancor com ela vejo que isso é só uma amostra do rancor e maldade que tenho comigo mesmo. O que me faz pensar que só conseguimos expressar o que somos e fazemos dentro de nós. Descobri que quanto melhor me trato, melhor trato as pessoas. Acho que isso pode se passar por egoísmo, mas não é.

Tenho pensado nisso desde quando comecei a aplicar os 12 passos dos alcoólicos anônimos na minha vida. Eles são divididos em 3 partes: 1. Restauração do relacionamento com Deus (Primeiro mandamento); 2. Restauração comigo mesmo (Segunda parte do segundo mandamento); e, 3. Restauração com o próximo (Primeira parte do segundo mandamento). Só pela divisão dos passos podemos ver que se não tratamos primeiro nossa relação com Deus, as outras relações não são restauradas, e se não tratamos da nossa relação conosco mesmos não podemos tratar da relação nossa com o próximo.

Isso não é uma tarefa fácil, amar a mim mesmo como sou é muito difícil. Aceitar minhas imperfeições e mazelas é extremamente complicado. Mas quando aceito as minhas imperfeições passo a aceitar as do outro de maneira mais natural, como se fosse automático. Assim passo a tratar melhor a mim mesmo e as pessoas que estão à minha volta.

Alargando um pouco a nossa visão, isso acontece com relação à igreja. Quando passamos a tratar cada membro da igreja melhor passamos a tratar os que estão fora melhor e essas pessoas serão atraídas a nós. Será então um evangelho da atração e não da divulgação. Mais verdadeiro e natural, pois se nós realmente gostamos e amamos das pessoas que compõem a igreja será um lugar desejado.

Sendo assim, ao passo em que nossos problemas e conflitos são resolvidos e passamos a nos unir cada vez mais as pessoas olharão e se sentirão atraídas por esse amor. Acho que pensando nisso Jesus disse: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” Em Jo 13:35.

E tratar minhas mazelas e amar o corpo que faço parte não é fácil. Amar o diferente é complicado.

Vamos tratar nossos irmãos com mais amor para que sejamos conhecidos como discípulos do nosso Mestre?