OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

21/09/2014

A tragédia da cegueira - Jo.9


André Filipe Aefe Noronha

Ensaio sobre a cegueira é uma ficção de José Saramago, que nos apresenta um cenário trágico causado por uma cegueira universal, e nos mostra as misérias que podemos fazer quando não somos vistos. Certamente, a deficiência que é alvo da crítica de Saramago não era a cegueira física. Jesus Cristo nos ensina qual é essa trágica cegueira.
Jesus havia curado um cego no dia de sábado, e segundo as regras criadas pelos fariseus, através de uma distorção da lei de Moisés, eles desejavam condenar Jesus. Os fariseus criaram um tumulto em torno do cego, impondo medo sobre os discípulos de Jesus (v.22), além de lançarem terríveis injúrias contra o próprio cego (v.28,34). Embora não fossem cegos, os fariseus não conseguiam enxergar quem era Jesus. Mais do que ninguém, a eles tinha sido dada a Lei de Moisés, que testemunhava de Jesus e do Filho do homem que restauraria a vista aos cegos (v. 40-41). Mas eles não enxergaram Jesus e o viam como uma ameaça ao seu poder. Quão terrível é a cegueira espiritual!
Mas quantas bênçãos traz Jesus àqueles que O conhecem! O cego deste texto era um pobre coitado, abandonado pela família (v.21-22), desprezado pela sociedade (v.8-9), um mendigo em torno do tanque de Siloé. Mas, vestido de urgente misericórdia, Jesus nos ensina que não existe dia de descanso para a compaixão e a evangelização (v.4). Jesus cura aquele pobre homem no sábado, restaurando sua visão.
Aquele homem teve sua vida radicalmente transformada com um encontro com Jesus. Então, quando Jesus é acusado de pecador pelos fariseus, o ex-cego, que era um desconhecedor da lei, dá um lindo testemunho da manifestação da Obra de Deus (v.3): “Não sei se Ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” (v.24).
Mas Jesus, em sua completa compaixão, não o deixou sem conhecê-lO completamente. A sua visão ainda era parcial. Para aquele ex-cego, Jesus ainda era apenas um profeta (v.17). Finalmente, Jesus se revela a Ele como o Filho do homem, e o ex-cego passa a ver além do que os olhos dos fariseus poderiam ver. Ele passa a crer em Jesus Cristo: “‘Senhor, eu creio’. E o adorou” (v.38).

Há um mundo mergulhado em trevas que não consegue vislumbrar a glória do Filho do Homem. Esta é a mais trágica de todas as cegueiras. Mas Jesus, a luz do mundo, enquanto é dia, não descansa para alcançar seu coração através de sua Palavra. Creia em Jesus, a luz do mundo.

15/09/2014

Missões: a paciência de Cristo e a pressa da igreja - 2Pe.3.9,11-12.

André Filipe, Aefe

“O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (...) Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda” - 2Pe.3.9,11-12.

Dizem que um noivado dura alguns meses e uma eternidade. A brincadeira diz respeito ao aumento da expectativa dos noivos na medida em que vai chegando o dia do casamento, e o último mês parece não acabar! Essa é a expectativa própria do encontro de pessoas que se amam. A segunda carta de Pedro parece nos apresentar, em uma linguagem poética, uma maneira como Cristo e sua igreja estão em ardente expectativa pelo encontro definitivo.
Em 2Pe.3.9, Pedro responde àqueles que diziam que Cristo estava demorando a retornar. Teria o Cristo esquecido de sua igreja? Pedro mostra que Jesus, na verdade, ao contrário de estar indiferente à sua igreja, Cristo possui grande paciência para aguardar que todos os eleitos recebam o Espírito Santo por meio da pregação da Palavra. O que Pedro quer nos mostrar é que Cristo não volta enquanto sua igreja não esteja completa. Cristo não volta enquanto o evangelho não for pregado em todos os povos. Há uma ardente expectativa de Cristo pelo avanço do evangelho, e não uma indolência para retornar.
Da mesma maneira, o seu povo não fica amortecido. Por sua vez, a igreja espera também com grande expectativa pelo retorno de seu Noivo, e ela faz isso vivendo uma vida santa e piedosa (2Pe.3.11-12). Esta vida piedosa diz respeito não apenas à questão moral, mas também à intensa atividade de evangelização no mundo. Quando a igreja evangeliza e envia missionários, e quando pessoas no mundo todo se arrependem, o evangelho vai sendo completado e, em linguagem poética, o retorno de Cristo é apressado! Enquanto prega, o crente está com um olho no mundo e um olho nos céus, pois cada alma convertida a Cristo é um vislumbre do retorno de Jesus.
É claro que nenhum dos comprados pelo sangue de Cristo irá se perder. O que Pedro está nos mostrando é o coração de um noivo e de uma noiva com grande expectativa para o reencontro. Ele, aguardando pacientemente pela noiva, e a noiva trabalhando arduamente para estar pronta para as bodas! Isso são missões. Cristo aguarda com ardente paciência a evangelização mundial, e a igreja trabalha com ardente pressa pelo grande encontro. É essa a visão e o coração de uma igreja missionária.

15/08/2014

A dignidade do evangelho no trabalho - Ef.4.28


André Filipe Aefe

“O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade” - Ef. 4:28

Willie Sutton foi um lendário assaltante a banco dos EUA, a quem um dia perguntaram: “Por que você rouba bancos?”, e reza a lenda que ele respondeu: “Porque é lá que está o dinheiro”.
Os meios inescrupulosos de acumular dinheiro são apenas algumas das características do velho homem, descritas pelo apóstolo Paulo. Agora, ele nos mostra três profundas sentenças sobre a dignidade do evangelho no trabalho, a contrapartida do roubo para aqueles que foram alcançados pela graça.
A primeira sentença nos ordena a abraçar a justiça. Ela diz: “O que furtava não furte mais”. Me parece que há uma parcela de evangélicos que não entendeu isso. Quantos têm trazido vergonha ao evangelho, sendo constrangidos em roubos! Todavia, indo para além do roubo criminal, o “não furtes mais”, que é um eco dos dez mandamentos, aponta para uma justiça que nos leva a não trabalharmos aquém de nossas forças, roubando nossos chefes. Ou, por outro lado, não pagar um salário indigno, roubando nossos funcionários.
A segunda sentença nos ordena a abraçar a produtividade: “antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos”. A solução para o roubo é o trabalho. Mas o apóstolo vai além. O trabalho também possui um aspecto positivo, devemos fazer “algo de útil com as mãos”. O nosso trabalho deve produzir coisas boas para o mundo. Temos que ter consciência do fruto do nosso trabalho sem estarmos alienados, pois o trabalho não é apenas a solução para o roubo ou para o sustento pessoal, mas é também o meio pelo qual o Senhor providencia coisas boas para o mundo através do seu povo.

A terceira sentença vai ainda mais profundo no propósito social do trabalho: “para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade”. O trabalho do cristão não é apenas a contrapartida para o roubo, nem tem apenas como propósito a produção de coisas boas para a sociedade, mas é a solução para a pobreza daqueles que não tiveram a mesma oportunidade. Ou seja, o que ganhamos com o nosso trabalho não é para acúmulo de capital ou construção de um reino pessoal, mas para o auxílio circunstancial do próximo. Quando o evangelho nos transforma, nós abandonamos o consumismo materialista e abraçamos a generosidade.

13/08/2014

O Evangelho: Esta história pode mudar sua vida de uma vez por todas!


André Filipe Aefe

Existem histórias que impactam nossa vida. Algumas nos emocionam, já outras nos entristecem. No entanto, existe uma história que, como nenhuma outra, pode transformar sua vida de maneira profunda e de uma vez por todas. Esta história é importante porque ela tem significados, desafios e promessas poderosas.
Morte e ressurreição de Cristo
A história já é bem conhecida. Você já conhece pelo menos alguma coisa. É a história de Jesus Cristo, filho de Deus. Mas eu quero destacar dois acontecimentos desta história. Não é nem seu nascimento, nem sua obediência a Deus, nem seus ensinamentos. O primeiro evento que eu quero destacar é a morte de Cristo. Jesus Cristo foi morto da maneira mais humilhante, e sofreu horrores jamais sentidos por alguém. Mas o outro evento é a ressurreição de Cristo. Jesus foi morto numa sexta-feira, mas ressuscitou ao terceiro dia. Assim, Ele venceu a morte e está vivo até hoje, reinando com o Pai. Esta história é chamada de Evangelho.
Talvez você conheça esta história, mas não conheça seu significado profundo. Quero destacar dois aspectos deste significado. O primeiro é que Jesus é o Senhor. Com sua morte e ressurreição, Jesus assumiu o controle da história e se tornou o rei de seu povo. Por isso, devemos a Ele obediência. O outro significado é que Jesus é o salvador. Com sua morte na Cruz, Jesus conquistou a salvação do seu povo.
Por isso, esta história possui desafios profundos a você e a mim. O primeiro desafio é acreditar na história e no significado da história. Acreditar, de fato, que o filho de Deus entrou na história, viveu, morreu mas ressuscitou, e neste exato momento está vivo nos céus. Mas também acreditar no significado, acreditar que Jesus é o Senhor e o salvador do seu povo. Não é acreditar apenas em uma história que ocorreu no passado, mas crer que esta história tem um significado para você hoje. Por isso, o desafio é acreditar que Jesus é seu Senhor e seu Salvador. Tanto a história quanto o significado possuem testemunhas confiáveis, que estão na Bíblia Sagrada. No entanto, eu mesmo posso me colocar como uma testemunha desta história, pois eu mesmo fui transformado profundamente por ela.
O segundo desafio é a mudança de vida. Quando você confia que Jesus é seu Senhor, você então percebe o quão distante está a sua vida da vontade de Deus. Neste caso, o seu coração será levado para um um forte desejo de viver de uma forma que agrade a Deus. Você não passa mais a viver para si mesmo, mas para agradar a Deus. Essa mudança de vida se chama arrependimento.
Se você sondar o seu coração e encontrar fé e arrependimento, esta história tem para você ainda duas promessas. A primeira é o perdão. Algumas religiões buscam nos livrar da culpa existencial por intermédio de boas obras. A cultura busca nos livrar desta culpa relativizando os valores. Mas este é um processo de auto-engano pois, embora possamos apagar de nossas mentes a culpa psicológica, todos nós, sem exceção, estamos debaixo de uma culpa jurídica, a culpa de viver de maneira rebelde à Deus, e a pena contra ela é capital! Todos iremos prestar contas disto. No entanto, Jesus Cristo morreu na cruz justamente para pagar nossa culpa. Ele morreu em nosso lugar. Portanto, quando nos arrependemos de nossos erros, podemos estar certos que Jesus Cristo já pagou o preço deles. Não apenas a existencial, mas também a culpa jurídica. A outra incrível promessa é a nova vida. Nós passamos a ter nova vida, pois o Espírito de Jesus Cristo passa a morar em nosso coração, que nos capacitará para vivermos conforme o alegria de Deus. Nesta nova vida, temos o amparo, a direção e a força vinda de Deus. Além do mais, esta nova vida não acabará nunca! Ela está além da própria vida. Pois na Cruz, Jesus Cristo venceu a morte, e todos os que crêem nEle passarão a vida eterna com Ele, em abundância de vida!
Se você creu na história e no significado, e recebeu as promessas, quero lhe mostrar dois preciosos instrumentos dados por Deus para sua caminhada. O primeiro é a Bíblia Sagrada. Ela é a revelação de Deus sobre Jesus Cristo e nela você encontra tudo o que precisa saber sobre viver segundo a vontade de Deus. Leia e estude ela. Indico que você comece pelo Evangelho de Lucas. É por intermédio da Bíblia que Deus fala com você. O outro instrumento é a oração. A oração é o meio de você falar com Deus. A Bíblia diz que Deus se inclina para ouvir aqueles que possuem o coração arrependido. Ela também diz que Ele concederá tudo o que pedimos para que vivamos uma vida que agrada a Deus. Por isso, eu sugiro que, assim que você puder, antes de começar sua leitura do evangelho de Lucas, faça essa primeira oração a Deus:
Bíblia sagrada e oração
“Deus, me ajude a entender as maravilhas deste seu livro sagrado, me ajude a conhecer mais a Jesus Cristo e a sua vontade”.
Além destes instrumentos, Deus ainda lhe concedeu um grande privilégio. Este grande privilégio é o de fazer parte de sua família. Esta família é composta por todas as pessoas, em todos os lugares e épocas, que um dia creram na promessa de salvação em Jesus Cristo. Entre outras coisas, estas pessoas são chamadas de cristãos, pois Cristo é o centro de sua vida; de evangélicos, pois somente o Evangelho de Jesus Cristo é o poder para a sua salvação; e crentes, porque não conquistam estas promessas por obras, mas pela fé. Juntas, elas são chamadas de Igreja, e entre si se chamam de irmãos. Também, porque fomos adotados para a família de Jesus, podemos chamar o Deus, criador dos céus e da terra, de Pai. E Jesus Cristo é chamado de Noivo da Igreja. A Igreja como família de Deus é uma só, mas se divide em inúmeras denominações, como Igreja Presbiteriana, Igreja Batista, Igreja Metodista etc. Há também falsas denominações, que se dizem igreja. A maneira como você descobre igrejas verdadeiras é pelo compromisso com a Bíblia Sagrada e com Jesus Cristo.
Quando você confia sua salvação a Jesus, e é adotado para a família de Deus, você ainda adquire dois maravilhosos direitos. O primeiro direito é o batismo com água. Se você creu, você certamente já foi salvo, mas é seu direito ser batizado, que é a maneira visível como a família de Deus reconhece você como um irmão. Este batismo é feito apenas uma única vez. Outro direito que você tem é de participar da Santa Ceia. A Santa Ceia é uma comunhão especial da família, ocorrida de tempos em tempos, em que ela partilha o pão e o suco da videira, e tem a promessa de que Jesus Cristo está presente espiritualmente, fortalecendo a igreja com alimento espiritual.
Enfim, o meu desejo profundo é que o Evangelho de Jesus passe a ser aquilo que há de mais importante na sua vida. O momento em que você confia em Jesus Cristo pode ser bem diversificado; pode fazer você ter uma mudança radical, ou pode ser simplesmente uma compreensão e uma mudança de direção, sem causar grandes emoções. No entanto, após crer em Jesus, nós passamos a crescer na fé. A Bíblia compara o nosso crescimento na fé com o crescimento de uma árvore, e o modo como andamos com Deus ela chama de fruto. Ou seja, dia a dia o Espírito Santo de Jesus vai regando o seu coração, de modo que sua vida, cada dia mais, vai se tornando abundante e agradável a Deus!

Que o Evangelho de Jesus Cristo seja o seu maior tesouro!

André Filipe Aefe

Blog pessoal: http://migre.me/kZKKQ

05/08/2014

Para guardar o coração na Universidade


André Filipe Aefe


Querido amigo e irmão universitário, gostaria de compartilhar com você alguns conselhos que tiramos de nossa experiência na Universidade, mas também dos anos acompanhando universitários que, como você, amam Jesus Cristo e desejam guardar firme o coração.


a) Guarde seu corpo: da imoralidade e das drogas.


O tempo na Universidade apresentará oportunidades de autodestruição que, a princípio, parecerão muito mais atrativas que em outras fases da vida. Uma destas é a imoralidade. Determinadas festas e amizades farão um grande convite para tornar a sua sexualidade descartável. Já acompanhei cristãos com as mais extravagantes experiências sexuais, mas vazios e arrependidos pelo que fizeram do próprio corpo.
Uma outra forma de autodestruição são as drogas, legalizadas ou não. Uma das cenas mais tristes que vejo semestralmente próximas aos bares das Universidades são jovens inconscientes por beberam demais. Infelizmente, já vi jovens chegarem à Universidade sem terem sequer experimentado cerveja, mas após 3 ou 4 anos, não concluem seu curso por causa da dependência química e das dívidas por causa delas.
Muitas vezes, o que leva estes jovens a se entregarem tão facilmente é a tola ingenuidade de que, o que o mundo tem a oferecer é melhor do que a Graça de Cristo. O livro de Provérbios nos traz algumas advertências sobre este comportamento ingênuo, mostrando que "a falsa segurança dos tolos os destruirá" (Pv.1.32), que "comerão do fruto da sua conduta e se fartarão de suas próprias maquinações" (Pv.1.31). Mas conclui com esperança: "quem me ouvir (a sabedoria de Deus) viverá em segurança" (Pv.1.33).
Lembre-se que seu corpo, além de ser moradia do Espírito Santo (1Co6.19), é também o jardim guardado para o desfrute dentro no casamento (Ct.4.12).


b) Guarde sua mente: do abandono da fé ou da irrelevância da fé


Outro grande desafio na Universidade não vem das amizades nem do estilo de vida, mas de professores que, do alto de sua arrogância, zombam dos mais de 2.000 anos de pensamento cristão. Não são poucos os casos de professores e disciplinas que afrontam o cristianismo declaradamente. Essas pessoas podem levá-lo a crises de fé e até mesmo ao abandono da fé.
A crise de fé não é necessariamente ruim, e até pode ser muito produtiva, pois pode tirá-lo de uma religiosidade para levá-lo à convicção da fé. No entanto, podemos ser facilmente enredados pelo carisma de professores escarnecedores. Cuidado!, guarde sua mente se lembrando do que disse João: “...nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? (...) Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Escrevo-lhes estas coisas a respeito daqueles que os querem enganar” (1Jo.2.21-26). Estas verdades alimentaram a mente de grandes pensadores do mundo, dos quais todos somos devedores! Não se envergonhe do Evangelho!
No entanto, há um perigo contrário, o da irrelevância da fé para seus estudos. É o perigo de você relegar seus pensamentos religiosos para os finais de semana e aceitar tudo o que colocam em sua mente sem auto crítica durante a semana. Lembre-se que "os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos" (Sl.19.1) e, portanto, não há nenhuma sabedoria neste mundo à parte da sabedoria de Deus e que "as palavras dos sábios são (...) como pregos bem fixados provenientes do único Pastor. Cuidado, meu filho; nada acrescente a eles. Não há limites para a produção de livros, e estudar demais deixa exausto o corpo. Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é essencial para o homem" - Pv.12.11-13.


c) Guarde sua carreira: do ativismo ou do paternalismo.


Além destes dois perigos iniciais, há ainda o perigo de você perder o foco para o qual você está na Universidade e destruir sua carreira. Há muita coisa com a qual você poderá se envolver na universidade, como esportes, teatro, política e até mesmo em ministérios de evangelização na Universidade, como ABU etc. Essas coisas são maravilhosas. Aproveite o máximo que puder. No entanto, não se esqueça que você está na faculdade para se preparar para um carreira pela qual você glorificará a Deus!
Não se iluda com o fato de ter entrado numa boa faculdade e que isso garante um futuro promissor. Você pode descobrir tarde demais que isso é uma mentira. Você terá que "ralar" como todo mundo! Por isso, manere no ativismo próprio da juventude e invista em sua carreira para a glória de Deus! Aproveite para estagiar nos anos de faculdade, pois você pode correr o risco de concluir o curso desempregado e sem nenhuma experiência!
Um segundo perigo a este respeito é para aqueles que, morando longe dos pais, mas sendo sustentados por eles, se acostumam com este conforto e buscam prolongá-lo o mais possível, postergando a independência financeira para continuar uma vida de ociosidade. Lembre-se da advertência de Paulo: "esforcem-se para (...) trabalhar com as próprias mãos (...) a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém" - 1Ts.4.11-12. Deus, em sua graça comum, ajuda "quem cedo madruga" independente se você é um cristão ou não. Se você for um cristão preguiçoso, você passará fome!
Um parêntese é preciso ser feito. É possível que, no período de faculdade, seu coração esteja voltado quase que irremediavelmente para ministérios de evangelização e serviço à igreja. Avalie corajosamente o próprio coração. É possível que você esteja fazendo a faculdade apenas por uma pressão social ou paterna, mas que sua vocação seja mesmo a de pastor, ou missionário ou outra atividade ministerial. Isso é muito comum. O conselho que eu dou é para que, o quanto antes, resolva sua identidade vocacional e abrace com coragem aquilo para o que o Senhor o tem chamado!


d) Guarde sua comunhão: da solidão, do abandono da igreja e do bom uso de seus dons espirituais.


Este último tópico diz respeito a um perigo contrário ao anterior. É possível que você fique tão absorvido pelos estudos e pelo trabalho, que você se isole do mundo completamente. Você que vem de uma cidade interiorana para uma metropolitana descobrirá que há algo mais terrível que as provas finais: os finais de semana solitários na metrópole. A solidão pode ser agonizante e tão insuportável na cidade grande que tenho visto tristemente muitos estudantes se entregando à depressão e ao suicídio.
Um outro erro daqueles que vem de outra cidade é nunca cortar o cordão umbilical. Você não vai gostar do que vou lhe falar agora: existe uma grande probabilidade de você nunca mais voltar à sua cidade de origem, e nem àquela igreja que você cresceu e fez tantos amigos. E, mesmo se você voltar, nada mais será como antes. Você perceberá que você também não será mais o mesmo que saiu. Quero encorajá-lo a, pouco a pouco, se desligar de sua igreja de origem e engajar-se numa igreja da cidade onde você está. Faça amizades na igreja, sirva a igreja, use os dons que Deus lhe deu na igreja da sua nova cidade. E não apenas isso. Lembre-se de ser um instrumento de Deus na própria universidade. Eu tenho me surpreendido com o número de jovens na Universidade que são totalmente ignorantes da fé crista, e talvez a sua presença dentro da sala de aula nestes quatro anos seja a única chance que aquela pessoa terá para conhecer a Cristo. Não perca esta oportunidade!
Além do mais, abrevie as idas à sua antiga casa e experimente mais a cidade que você está morando. O que tenho visto a este respeito são estudantes que passam todo o seu período de faculdade divididos, mas quando terminam a faculdade, os seus antigos amigos deram rumo à vida, e você não fez nenhuma grande amizade na cidade em que está.
Abra seu coração para uma nova Igreja e para boas amizades cristãs. Mesmo que você tenha vivido um tempo especial na sua cidade anterior, nesta nova cidade Deus pode estar preparando a melhor fase da sua vida, como foi para mim. No período de faculdade eu vivi meus melhores tempos com Deus, desenvolvi minhas melhores amizades e encontrei a mulher com quem me casei.
E é isso o que desejo a você neste período que passa muito rápido, mas que deixará marcas profundas em você como nenhuma outra fase da vida, seja se você a levou de forma insensata, abandonando ao seu Deus, ou se você levou com sabedoria, no Temor do Senhor.
Que o temor do Senhor o acompanhe por todos os seus dias de universitário!

07/05/2014

Calebe: valente fidelidade - Js.14.6-15.


Sempre me surpreendo com a fidelidade dos cães aos seus donos. Um cachorro da raça pastor alemão, na Argentina, é um exemplo. Desde que o seu dono morreu, o cachorro mora sobre o túmulo dele, e o mais intrigante é que, no dia da morte, ninguém o levou ao velório. O cão simplesmente sumiu e, dias depois, o cão apareceu lá. Um exemplo no Brasil: em São Pedro do Sul, há um cãozinho que mora há seis meses, até o momento da reportagem em que li essa história, em frente ao hospital em que seu dono esteve antes de morrer.
É impressionante a fidelidade dos cães aos seus donos. Talvez seja por isso que Calebe tenha este nome. Calebe significa "cachorro" e, como eles, Calebe possuiu uma fidelidade incansável pelo seu dono, o Deus de Israel.
O texto de Js.14.6-15 é um índice desta fidelidade. Todas as tribos de Israel, lideradas por Josué, já haviam tomado conta dos principais territórios que o Senhor havia colocado em suas mãos. Este é o último episódio até que as tribos cessem com a guerra (Js.14.15).
A narrativa mostra que a tribo de Judá vai até Josué tratar da partilha da terra e junto à tribo estava o seu herói: Calebe! O encontro entre Josué e Calebe deve ter sido emocionante. Quantas lutas estes dois amigos não passaram juntos desde o episódio do relatório dos espias, em Nm.13. No entanto, a conversa registrada é bem formal, é a conversa entre um rei e seu soldado mais ilustre. É nesta conversa que podemos ver a fidelidade de Calebe no passado, em que teve de enfrentar o próprio povo; mas também a fidelidade corajosa de Calebe no presente, em que terá de enfrentar terríveis inimigos. Finalmente, veremos que as grandes recompensas estão separadas para aqueles que não se cansam de se manter fiel ao Senhor.

1) Fidelidade no passado: enfrentando seus irmãos. 
Há períodos na história em que jovens são chamados a permanecerem firmes quando todos a sua volta seguem a direção contrária. Existem momentos, e não são raros, em que os verdadeiros cristãos são chamados a marcharem na direção contrária à maioria, a se colocarem de pé quando todos se dobram. Eles serão poucos, eles serão contrariados e desanimados pelos próprios irmãos de fé mas, pela sua incansável fidelidade, serão honrados por Deus. Calebe foi um desses homens de Deus que se manteve esperançoso e confiante mesmo quando as circunstâncias se mostravam situações adversas e permaneceu encorajado mesmo quando o seu povo entrou em desespero.
Para compreendermos um pouco da fidelidade de Calebe, precisamos conhecer quem ele era e o que Deus havia feito com ele.
No versículo 16 do capítulo 14, lemos o comentário do autor bíblico de que ele era "filho do quenezeu Jefoné". Calebe era de uma outra família, de uma tribo que não pertencia às 12, uma tribo que vivia provavelmente na região da Arábia, entre Canaã e o Egito.
A graça de Deus está presente na salvação do povo escolhido de Deus. A graça de Deus está presente na eleição e salvação de todos os filhos de Jacó. Então, quanto mais evidente não era a salvação de um povo fora da linhagem da aliança de Abraão! Calebe não tinha o sangue de Abraão, mas foi salvo pelo sangue de Cristo. Calebe reconheceu esta graça sobre graça. Mas as benções de Deus sobre ele não pararam aí. Os quenezeus provavelmente entraram para o grupo dos peregrinos de israel junto com a tribo da família do sogro de Moisés. Não era uma nação rival de Israel, mas para quem conhece o orgulho israelita sabe que isso não o livraria do preconceito étnico. Apesar de não ser da linhagem de Abraão, apesar de não ser de nenhuma família dos filhos de Jacó, ali no deserto, Deus o colocou como líder de uma das nações. Conhecemos a história. Em Nm.13, foi escolhido apenas um representante de cada tribo, 12 espias para vislumbrarem a promessa de Deus antes de todos, e Calebe foi um destes. Se isso já não fosse pouco, lemos que Calebe não era líder de qualquer tribo, mas da tribo de Judá, a maior tribo de Israel, a tribo sobre a qual repousava a promessa de que o cetro não se afastaria, a tribo que teria um rei de Israel permanente. A graça na vida de Calebe superabundou, e ele respondeu com fidelidade.
A sua fidelidade ocorre de modo impressionante, como visto em Nm. 13.
Vemos que o relatório dos espias começa muito bem (Nm.13.27), "E deram o seguinte relatório a Moisés: "Entramos na terra à qual você nos enviou, onde manam leite e mel! Aqui estão alguns frutos dela", e mostraram os cachos de uvas, as romãs e os figos, atestando que a terra era boa. Deus não estava brincando quando falou de uma terra que seria boa para o povo. De fato era uma terra abundante.
No entanto, de repente, o discurso muda de tom. O que era alegria se torna medo, o que era esperança se torna desespero. Observe como flui o texto (Nm. 13:28-30) "Mas o povo que lá vive é poderoso, e as cidades são fortificadas e muito grandes. Também vimos descendentes de Enaque. Os amalequitas vivem no Neguebe; os hititas, os jebuseus e os amorreus vivem na região montanhosa; os cananeus vivem perto do mar e junto ao Jordão. Então Calebe fez o povo calar-se perante Moisés e disse: "Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos!" 
Assim que os espias começam a intimidar o povo, falando do povo violento de lá, questionando a promessa de Deus, Calebe não perde tempo. Parece até que ele interrompe a fala deles. Calebe não espera Moisés, nem espera por Josué, que já era um general reconhecido naquele tempo. Nada disso. Tal como um cão vira-lata que se arremessa latindo contra outros cães de pedigree e bem maiores que ele, quando vê seu dono ameaçado, com uma coragem comovente e sem pensar em si próprio, ou no que vão pensar, Calebe se lança para defender o seu dono: "É certo que venceremos".
Calebe se coloca contra o seu próprio povo. A sua primeira luta, o seu primeiro teste de fidelidade não foi contra os gigantes, mas contra seus próprios irmãos. Você consegue imaginar a intensidade desta batalha? Você consegue imaginar o coração de Calebe? Você pode ter uma ideia logo depois, quando o povo começa a duvidar da promessa de Deus e se apavorar por causa da incitação do medo e do anúncio a presença de gigantes. Logo depois, vemos Moisés, Josué e Calebe rasgando suas vestes e seus corações por causa da infidelidade do seu povo e procurando encorajar o povo (Nm.14.6-8) "Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que haviam observado a terra, rasgaram as suas vestes e disseram a toda à comunidade dos israelitas: 'A terra que percorremos em missão de reconhecimento é excelente. Se o Senhor se agradar de nós, ele nos fará entrar nessa terra, onde manam leite e mel, e a dará a nós'".
Calebe amava seu povo, mas amava ainda mais ao seu Deus. A infidelidade de seus irmãos nem o intimidou nem o influenciou. Calebe, armado da coragem ingênua dos cães ao defenderem seus donos, não somente permaneceu confiante no braço forte do seu Senhor, mas agiu proativamente em fidelidade. Ele não foi um servo fiel silencioso, e estes não são úteis em dias de iniquidade coletiva. Nestes dias tenebrosos, em que o próprio povo de Deus se dobra no altar do medo dos homens, a fidelidade dos corajosos precisa levá-los a agirem em favor de seu Deus, a despeito do que seus irmãos pensarão.
A coragem solitária de Josué e Calebe será recompensada na mesma medida em que a ira do Senhor se derramará sobre os medrosos. Nós conhecemos a história. Nenhum daquela geração entrará na terra prometida, somente Josué e  Calebe, pois as promessas de Deus não cabem aos covardes, mas aos fortes e corajosos que só temem a Deus.
Sabemos que a promessa para Calebe e Josué se cumprirá muitos anos depois. No entanto, a corajosa fidelidade recebe uma recompensa imediata: o incrível testemunho de Deus (Nm.32.11-12) "Como não me seguiram de coração íntegro, nenhum dos homens de vinte anos para cima que saíram do Egito verá a terra que prometi sob juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, com exceção de Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de Num, seguiram ao Senhor com integridade de coração’"!!!

2) Fidelidade no presente: enfrentando os gigantes.
As batalhas do Senhor sempre serão vencidas pelo Senhor. É Ele o Senhor dos exércitos. Algumas vezes, Ele deseja mostrar a suficiência dEle para nós, e vence estas batalhas sem auxílio humano. Foi assim que Deus derrotou o exército no Egito. Em seguida, como a ensinar seu povo a confiar nEle em suas batalhas, o Senhor conduziu Israel para a sua primeira batalha levando Moisés até o monte fazendo-o ficar com as mãos levantadas como requisito para que vencessem a batalha (Ex.17.9), como a mostrar que as batalhas daqui para frente serão lutadas pelo povo, mas ainda assim dependerão do Senhor. A partir dalí, Deus vencerias as batalhas de Israel usando as mãos pregadas às espadas do seu povo. Foi assim que Josué e as 12 tribos conquistaram a terra prometida. Primeiro Deus venceu as batalhas por Israel. Depois, venceu as batalhas com Israel, mas a partir da conquista de Canaã, Deus venceria as batalhas através de Israel. Não haveria assistencialismo para Israel, eles teriam que pegar em armas, teriam que ir à guerra, mas estas batalhas serviriam mais para aperfeiçoar a fé e a dependência do povo de Deus.
Calebe entendeu isso. Ele entendeu que as promessas do Senhor eram garantidas, mas não seriam adquiridas por mãos preguiçosas.
Agora, 45 anos depois que Josué e Calebe se declararam fiéis ao Senhor, Calebe está novamente junto com Josué.
Precisamos dizer mais algo que para nós é deixado subentendido no texto. Lembrem-se que foram Josué e Calebe, igualmente, que permaneceram fiéis no episódio do relatório dos espias. No entanto, Calebe era o líder da maior nação de Israel e Josué, por sua vez, era líder da irrelevante nação de Efraim. Era à tribo de Judá que havia sido prometido um trono. No entanto, a liderança de Israel havia sido dada a Josué, o sucessor de Moisés era Josué e não Calebe. É impressionante. Diante destes fatos, não há qualquer murmuração do soldado. A Calebe é prometida a terra de Hebrom, e é a terra que ele iria cobrar. Ele não pedira a terra. Foi Deus quem o deu graciosamente. A sucessão de Moisés, no entanto, foi graça sobre graça na vida de Josué e não de Calebe. Calebe não inveja, Calebe não murmura, Calebe não reinvindica. Ele só quer aquilo que Deus o prometeu. Ele vai pedir ao seu líder, Josué. Sem superioridade, sem cobiça. A graça de Deus era suficiente para ele.
Além do mais, Calebe já não era mais o jovem de antes. Ele estava com 85 anos. Ele tinha sido fiel por 45 anos. Ele havia esperado por 45 anos pela promessa. Foram anos de muita provação. Foram anos de deserto, anos de batalhas, anos em que ele chorou a morte de parentes e amigos. Finalmente, eles haviam chegado nas portas de Canaã, e Calebe havia conquistado batalhas por Israel. Agora, ele poderia ter descansado. Ele poderia ter pedido a Josué que enviasse os jovens para conquistar a terra que estava reivindicando.
É preciso falar algo sobre Hebrom. Hebrom era a terra que os espias haviam visto. Era uma terra muito boa. Mas era nela que estavam os terríveis gigantes Enaquins. A cidade chamava-se Quiriate Arba por causa dos lendários gigantes e guerreiros filhos de Arba, Sesai, Aimã e Talmai. Quantas vezes nestes 45 anos Calebe não acordou assustado por causa de pesadelos com estes gigantes! E então havia chegado o dia de enfrentá-los. E Calebe não recuou. Veja o que ele diz em Js. 14.10-12: "Pois bem, o Senhor manteve-me vivo, como prometeu. E foi há quarenta e cinco anos que ele disse isso a Moisés, quando Israel caminhava pelo deserto. Por isso aqui estou hoje, com oitenta e cinco anos de idade!  Ainda estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; tenho agora tanto vigor para ir à guerra como naquela época. Dê-me, pois, a região montanhosa que naquela ocasião o Senhor me prometeu. Na época, você ficou sabendo que os enaquins lá viviam com suas cidades grandes e fortificadas; mas, se o Senhor estiver comigo, eu os expulsarei de lá, como ele prometeu". 
Calebe reconhece que o Senhor o havia conduzido até ali, que o Senhor havia preservado suas forças. Ele não se furtaria à responsabilidade, como fez a sua geração no passado.
A fidelidedade corajosa de Calebe não se perdeu com o tempo, ele continuava tão fiel como quando era mais jovem. Deus não havia preservado apenas suas roupas, nem apenas sua força e juventude, mas também a sua fé. Está aí outra grande lição que aprendemos com este guerreiro. Ele não apenas era alguém valente e humilde, não desejando mais do que lhe fora prometido. Ele também, mesmo após um tempo duro no deserto e um período de batalhas violentas no deserto, Calebe preservou a fé apaixonada e corajosa da juventude. 
É preciso falar algo mais sobre o nome de Calebe. O nome, em hebraico, pode significar tanto cachorro quanto algo mais. Numa tradução livre, Calebe significa Coração Valente. Pois bem, o Coração Valente subirá com seu exército e pegará na espada uma última vez. O nome dos Enaquins e dos filhos de Arba desaparecerá pela lâmina deste guerreiro. Entre os povos cananeus correrá a notícia amedrontadora de que os homens mais valentes daquele tempo haviam caído nas mãos daquela nação recém chegada. O nome do Deus de Israel correrá do norte ao sul causando o temor do Senhor.
O Senhor exaltou Calebe pela sua fidelidade, e pela sua fidelidade, Calebe exaltou o nome do Senhor.

3) A herança no futuro pela fidelidade de Calebe.
Há um cão chamado Rupee que foi encontrado por Joanee Lefson. Quando ela encontrou o cãozinho, ele estava à beira da morte. Há muitos dias o cãozinho não comia e estava cheio de feridas. Joanee Lefson, misericordiosamente, o adotou, cuidou de suas feridas e o alimentou. Rupee foi se tornando saudável e forte, e cada vez mais parecido com sua nova dona, que era alpinista. Ele a acompanhava em suas escaladas e aprendia dela. Por causa do cuidado e amor de Joanee, Rupee se tornou o primeiro cão do mundo a escalar o monte Everest! 
Foi o que aconteceu com Calebe. Deus cuidou de sua vida, Deus o cercou com sua graça, e Calebe respondeu com uma devota fidelidade, uma força e uma coragem exigidas das grandes lideranças na Bíblia. Mas a graça de Deus acaba colocando Calebe em grandes perigos, Deus coloca Calebe em grandes desafios. Estes desafios, estes perigos e estas provações não eram para destruir Calebe, mas para exaltá-lo. Grandes desafios são grandes oportunidades para grandes recompensas. Calebe foi fiel no passado, e Deus o recompensou para que entrasse com vida em Canaã. Calebe foi fiel no presente, e ele conquistou a futura cidade de Hebrom.
Hebrom não era qualquer cidade. Era a incrível cidade vista pelos espias, da qual se dizia que manava leite e mel. Foi dela que os espias haviam trazido preciosos frutos da terra. Mas não era só isso. Era na terra de Hebrom onde estavam enterrados Abraão, Isaque e Jacó. Eles viveram e foram enterrados alí muito antes de qualquer dos cananeus residirem ali. É por isso que os israelitas não foram conquistadores estrangeiros da terra, foram, na verdade, reconquistadores das terras de seus pais. A terra foi prometida por Deus muito antes de qualquer cananeu chegar lá. A terra onde descansava os corpos dos patriarcas estava dominada por um povo ímpio, idólatra, imoral e a níveis altíssimos de iniquidade. A terra precisava ser reconquistada e santificada. Quem iria fazer isso era aquele que não era filho de Abraão, mas era um guerreiro zeloso ao seu Senhor.
Hebrom era uma terra preciosa, e ela será herdada pela família de Calebe. Esta será a cidade em que Davi reinará, e quando se contasse a história desta cidade, atrelado a ela estaria a história de Calebe, que destruiu os enaquins.
Os grandes desafios da fé são grandes oportunidades para grandes recompensas. As grandes provações geram uma fé vigorosa,  que geram eterno peso de glória!

Milhares de anos depois, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, tal como cãezinhos de fidelidade incansável, foram até o túmulo de seu dono. No entanto, todos que temos Jesus Cristo como dono, somos felizardos, pois o nosso dono não permaneceu no túmulo. Quando elas chegaram lá, ele não estava mais (Mc.16.1-20). Jesus Cristo havia sido corajosamente fiel. Sua fidelidade ao Pai o tinha levado até a morte na cruz. A sua fidelidade o levou até a Hebrom e lá ele enfrentou uma luta muito mais violenta que qualquer de nossos maiores guerreiros enfrentou. Ele saiu vitorioso, venceu a morte, e conquistou para nós uma recompensa sem precedentes, tão importante que sem ela, não haveria qualquer recompensa para Calebe, para mim, para você, ou para qualquer  servo de Deus. Mas porque Cristo conquistou para nós esta recompensa, a nossa recompensa é muito superior à uma terra que mana leite e mel. O Senhor conquistou para nós a vida eterna: 

Apocalipse 2:10 - Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida. 

Calebe é uma testemunha de fé para nós. Uma testemunha que nos encoraja a permanecermos fiéis numa época de apostasia, de abandono da fé pela nossa geração. De permanecermos fiéis, mesmo sozinhos, quando todos se dobram ao secularismo, ao materialismo, ao consumismo, à imoralidade sexual etc. Permanecermos fiéis com o prejuízo da própria imagem diante de pessoas que temos estima. Mas também Calebe nos testemunha de uma fé que vai à guerra, uma fé que nos tempos de hoje nos leva a defendermos a fé ativamente, e a evangelizarmos sacrificialmente. A investirmos nosso tempo, nosso dinheiro, a tomarmos para Deus aquilo que Ele conquistou na cruz, de forma corajosa e persistente, seu povo eleito que ainda não recebeu sua Palavra ao redor do mundo. Quantas Hebrons tomadas por gigantes da iniquidade espalhados por todo o mundo que aguardam Calebes para levar o Evangelho de Jesus Cristo com coragem e sacrifício!

Que o Senhor levante em nosso meio e em nossa geração uma nuvem de homens com o coração valente, ousados, fiéis e persistentes, para a glória de Deus.

28/04/2014

Porque Saul seria capa de revista

André Filipe, Aefe!

A gente se surpreende com o contraste das pessoas consideradas de sucesso ao nosso redor das pessoas consideradas fiéis e segundo o coração de Deus, na Bíblia. Alguns homens de sucesso de hoje serão reprovados pela Palavra de Deus. Esse foi o caso de Saul. Enquanto ele estava vivo, o livro de Samuel que retrata sua vida ainda não estava escrito e portanto Israel não tinha as explicações dos acontecimentos. Se Israel compartilhasse dos mesmos os valores contemporâneos, Saul certamente seria capa de revista.
Saul tem todas as características de um herói nacional, a começar por sua origem. A história dele, vista pelos olhos de alguém de fora, é a famosa história do menino pobre que chegou ao poder pelos méritos pessoais.
Ok, Saul não era um menino pobre, mas rico (1Sm.9.1) No entanto, pertencia a uma família insignificante em Israel, e este apelo é tão ou até maior do que a riqueza naqueles dias. Veja a surpresa de Saul, quando Samuel diz a ele que será rei: “Porventura não sou eu filho de Benjamim, da menor das tribos de Israel? E a minha família a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas com semelhantes palavras?” - 1Sm.9.21.
Além deste apelo da tribo inferior, diz o texto que Saul era belo: “moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele”  (1Sm.9.2). Ele era um galã!
Em seguida, vemos Saul como um grande guerreiro, vencendo a batalha contra os amonitas e finalmente sendo proclamado rei por todo o povo (1Sm.11.1-11). Saul era um herói nacional. Mas não pára por aí. Quero apresentar pelo quatro atitudes de Saul que o fariam manchete.

1) Porque era um líder pró-ativo em situações de stress.
Jônatas, filho de Saul, havia derrotado os filisteus em Gibeá, e os filisteus se juntaram furiosos contra Israel. Era um grande e poderoso exército, e por isso Israel temeu (1Sm.13.5-7). O povo estava dispersando e apenas uma coisa encorajaria o povo para a batalha: a confirmação da vitória vinda de Deus. Por isso, antes de enfrentar os filisteus, Saul aguardou Samuel para oferecer os sacrifícios. No entanto, Samuel se atrasou, e o rei esperou por sete dias.
Você até poderia imaginar os colunistas das revistas falando destes intelectuais e religiosos que nada entendem de guerra. São incompetentes e não estão preocupados com o povo, mas ficam enfurnados em seus escritórios cercados de livros antigos sem ligação com a realidade. Saul não, Saul estava com o povo, estava na frente da batalha, até seu filho estava lá também. Ele tinha que liderar seu povo para a vitória. O seu povo estava amedrontado e estava se dispersando. Ele precisava tomar uma decisão e não aguardar pela boa vontade do religioso que nada entendia de guerra.
Por isso, Saul sacrifica em lugar de Samuel para inspirar o seu povo, pois Saul era um líder que tinha coragem para tomar decisões difíceis sob pressão de maneira pró-ativa.
No entanto, o que as revistas não falariam, é que Deus se zangou profundamente com Saul: “Disse Samuel: ‘Você agiu como tolo, desobedecendo ao mandamento que o Senhor seu Deus lhe deu; se você tivesse obedecido, ele teria estabelecido para sempre o seu reinado sobre Israel. Mas agora seu reinado não permanecerá; o Senhor procurou um homem segundo o seu coração e o designou líder de seu povo, pois você não obedeceu ao mandamento do Senhor’” - 1Sm.13.13-14.
Há momentos que não podemos ceder ao stress para tomar decisões precipitadas que não agradam ao Senhor. Não podemos colocar os resultados acima dos mandamentos do Senhor. Saul não entendeu isso, por isso, hoje em dia, ele seria capa de revista!

2) Porque era um governante misericordioso com os fracos.
O Senhor ordenou a Saul que saísse em campanha contra os amalequitas, para eliminá-los de sobre a terra. Disse o Senhor: “Agora vão, ataquem os amalequitas e consagrem ao SENHOR para destruição tudo o que lhes pertence. Não os poupem; matem homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, bois, ovelhas, camelos e jumentos’” (1Sm.15.3). Saul, que era um governante fiel, imediatamente pega seu exército e desbarata os amalequitas. No entanto, sendo um governante compassivo, paciente e misericordioso “Saul e o exército pouparam Agague e o melhor das ovelhas e dos bois, os bezerros gordos e os cordeiros. Pouparam tudo que era bom, mas a tudo que era desprezível e inútil destruíram por completo” (1Sm.15.9). Saul poupou o rei fraco. Era um exemplo de compaixão este Saul! Ele obedeceu ao seu Deus, e ainda ensinou ao seu povo sobre misericórdia! Certamente, hoje Saul seria um governante exemplar!
No entanto, o que as revistas não relatariam era a desobediência de Saul: “Diz o texto: Então o Senhor falou a Samuel: "Arrependo-me de ter constituído a Saul rei, pois ele me abandonou e não seguiu as minhas instruções" (1Sm.15.10-11). Saul não cumpriu completamente a ordem de Deus, cumpriu apenas a metade. Às vezes, valores contemporâneos que a princípio tem uma aparência de piedade, de boa obra, podem ser uma grave desobediência aos princípios bíblicos. Quem segue aos princípios bíblicos dificilmente será capa de revista!

3) Porque era um pai amoroso que se preocupa com o futuro dos filhos.
Saul fora proclamado rei de Israel e não um mero juiz. Ele havia conquistado o respeito do povo e estabelecido sua dinastia. Ele tinha sido proclamado rei pelo povo pois tinha carisma e vencera batalhas. Porém mais do que isso, seu filho Jônatas, seu sucessor natural, também lutara e havia conquistado grandes vitórias para Israel.
Até que certo sujeitinho em quem Saul havia investido tanto em sua carreira musical (1Sm.16.14-23) e em sua carreira militar (1Sm17.31-38), agora estava adquirindo proeminência em Israel, e corria riscos reais de ser proclamado rei e até de dividir o reino. Saul não poderia permitir isso. Não poderia perder o patrimônio que conquistara para seu filho e sua descendência para um rapazinho. Observe o que Saul fala, irado, com seu filho, por se aproximar de Davi: "Filho de uma mulher perversa e rebelde! Será que eu não sei que você tem apoiado o filho de Jessé para sua própria vergonha e para vergonha daquela que o deu à luz? Enquanto o filho de Jessé viver, nem você nem seu reino serão estabelecidos. Agora mande chamá-lo e traga-o a mim, pois ele deve morrer!” (1Sm.20.30-31). Perceba a preocupação deste pai amoroso, mesmo tendo um filho que trama contra o próprio reino. Saul é um pai que quer ver seu filho um rei como ele. Saul estava lutando por aquilo que tinha conquistado, especialmente por causa de seu filho e sua família. Era um pai exemplar!
No entanto, o que as revistas esconderiam era que Deus já estava distante de Saul por causa da sua desobediência. Na verdade, Saul não lutava contra Davi, mas contra a vontade de Deus. Saul deixa seu povo de lado e passa a lutar por seus próprios interesses. Aqueles que colocam Deus em primeiro lugar não vão para as capas de revistas nem se tornam o homem do ano. Mas aqueles que lutam pela promoção pessoal, ou por uma causa que não seja a de Deus, mesmo que aparentemente justa, como a da família, estes sim poderão muito bem serem grandes destaques nacionais!

4) Porque era um homem sem preconceitos religiosos.
Saul, definitivamente, não foi um rei intolerante, que perseguia as outras religiões minoritárias. Muito pelo contrário. Houve certa vez que, inclusive, fez uso de uma religião minoritária.
Novamente em guerra contra os filisteus, Saul não tinha mais a Samuel para consultar ao Senhor, pois ele havia morrido. Além do mais, Deus não respondia a Saul. Deste modo, mais uma vez, Saul não deixa seu povo sem revelação e vai buscá-la com uma feiticeira em En-Dor (1Sm.28). Saul valorizou a cultura e a região local.
As revistas tinham muito o que falar de Saul: ele era um grande líder, um grande rei, um grande pai e um grande religioso. No entanto, o que as revistas não contarão a você, é que

“O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" - 1Sm.16.7.

Aparentemente, Saul tinha sido um homem de admirar. No entanto, por trás de sua boa aparência e pretenso zelo, havia um pragmatismo que levou Saul à ruína. Saul errou quando não esperou Samuel chegar na batalha, mas também errou quando foi buscá-lo a qualquer custo, com uma feiticeira, pois o centro deste coração era o pragmatismo, que o levou a ser religioso quando lhe convinha, e infiel quando não lhe convinha. O seu pragmatismo revelava que mesmo quando agia com aparente zelo religioso, o que estava preocupado era com a própria imagem e consigo próprio:

"Pequei", disse Saul. "Violei a ordem do Senhor e as instruções que você me deu. Tive medo dos soldados e lhes atendi. Agora eu lhe imploro, perdoe o meu pecado e volte comigo, para que eu adore o Senhor".
Samuel, contudo, lhe disse: "Não voltarei com você. Você rejeitou a palavra do Senhor, e o Senhor o rejeitou como rei de Israel!’ (...) Saul repetiu: "Pequei. Agora, honra-me perante as autoridades do meu povo e perante Israel" - 1Sm.15.24-31.

Que o Senhor nos livre do pragmatismo, que nada mais é que ter a si próprio como ídolo. Que possamos nos esforçar a ver como o Senhor, e seguir àqueles que seguem os caminhos do Senhor, e não aqueles que são bajulados pela sociedade.