OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

28/12/2008

Favela do Moinho: meu presépio imaginário


Este semestre tive o privilégio de ser o Calebe de Josué espiando a terra prometida. Neste caso, o Josué é o Josué mesmo, e a terra prometida é a Moinho, favela no centro de São Paulo, em que se estima há 700 famílias morando, sustentada pela reciclagem de papelão e outras coisas.

A recepção da favela já é constrangedora: na porta de entrada estão entulhados tudo o que os catadores de papelão não conseguiram vender. Visitamos a casa da dona Maria, na verdade eram algumas paredes de papelão levantadas sobre um entulho. Um lar por demais humilde, talvez do tamanho do quarto em que dormimos. Dividem espaço uma beliche, o varal de roupas, um fogão e muitos panos estendidos.

Mas há uma cena muito comum de ser vista na Moinho, de homens e até mesmo crianças dormindo sobre a carroça de papelão, rodeadas de cachorros e de tudo o que havia sido catado, que os moradores de São Paulo rejeitaram. Esta cena vem a minha mente quando penso no presépio.

O escritor Carlos Queiroz disse certa vez que a decisão de Deus de nascer numa manjedoura não tinha sido geográfica, somente, mas geopolítica! Deus tinha escolhido nascer numa manjedoura, talvez porque a manjedoura fosse o único berço suficientemente humilde que pudesse conter o Rei Jesus.

Cristo Jesus também escolheu seus convidados. Os pastores, cujo emprego era marginalizado, não estavam passando e de repente viram um bebê nascer. Os anjos foram até eles e os convidaram para o acontecimento. Curioso pensar que os magos confiaram em sua própria sabedoria e perderam o evento, mas os humildes pastores estavam lá quando a milícia celestial desceu ao mundo e anunciou que havia paz sobre a terra.

É clichê pensar num natal nos dias de hoje, mas me permitam, por favor, imaginar José e Maria entrando na favela do Moinho. Maria dentro da carroça de papelão e José puxando. O bebê nasce, não há outro lugar para ficarem, e eles fazem da carroça o primeiro berço do Salvador da humanidade. Nisto, os anjos de Deus convidam aqueles pobres catadores de papelão para contemplarem o evento mais importante da história, enquanto os sábios estarão procurando Jesus nos grandes templos, nas grandes igrejas.

Se o nosso coração não tiver a altura da humildade de uma pobre manjedoura, Cristo Jesus nunca poderá nascer nele. Que o nosso coração esteja pronto para receber o Rei Jesus neste próximo ano.

Feliz natal (atrasado) a todos!

22/12/2008

O dia que não chegará

Minha vida até aqui foi marcada por esperas e anseios de um dia que viria. Cria que em determinadas datas algo novo poderia acontecer em minha vida. Viradas de ano, aniversários, mudanças de endereço ou de estado “conjugal” eram prerrogativas elaboradas na minha mente para novas promessas, porém sempre seguidos de velhos fracassos. Congressos missionários e acampamentos também entravam na lista das tão esperadas datas.
Durante muito tempo acreditei que chegado essas datas meus problemas se resolveriam, que atingiria um nível superior de espiritualidade, que minha vida devocional e oração, em um passe de mágica, se tornaria constante; acreditava que passando essas datas meu caráter se aperfeiçoaria, que meus defeitos seriam corrigidos e até mesmo que meu pecado residente sumiria.
Estes dias chegaram, passaram, ficaram no passado e as mudanças tão esperadas nunca aconteceram, ou duraram poucos dias ou meses.

Qual a resposta, então, para uma vida de espiritualidade crescente? Como não desistir pelo caminho de uma vida devocional constante? E como desarraigar de nossas atitudes o pecado residente.
Tentando responder a estas perguntas, gostaria de compartilhar alguns pontos que tenho observado nestes últimos anos de fracassos.

Importe-se apenas com o hoje
Não estamos, aqui, falando de planos para nossa vida ou família, mas de relacionamento com Deus. Vemos na Bíblia uma preocupação especial de Deus quando o assunto é o hoje. Em Josué 24 lemos: “... escolhei, hoje, a quem sirvais...” não amanhã quando não saberemos o que irá acontecer ou ontem onde não temos mais domínio. No Salmo 95 também vemos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração,...”. A palavra hoje aqui se refere a um dia sempre presente[1]. E em Deuteronômio 30, no versículo 15 e 16a, lemos: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos...”.
Os textos acima mostram que nosso Deus é um Deus relacional e o único momento que Ele rompe a eternidade (atemporal) para intervir no tempo para se relacionar com nós é hoje e agora. Hoje é e sempre será o dia de tomar as decisões acertadas, de optar por fazer o que Deus quer e decidir por abrir mão do prazer passageiro.
Não aguarde para ter este relacionamento diário com Deus no futuro e não viva com a lembrança de um relacionamento passado. Viva hoje como sendo o único momento em que você poderá se relacionar com o Deus eterno!

Creia na renovação diária das misericórdias do Senhor
Lamentações 3.22-23 sabemos de cor[2]. Mas às vezes nos falta uma compreensão e assimilação da mensagem deste texto. É maravilhoso crer que Deus olha pra nossa vida e revela-nos um novo dia, uma nova chance para começar. Creia que a cada manhã o Senhor renovou sua misericórdia e não receberemos aquilo que mereceríamos receber. Mas não se apóie em Sua misericórdia e não creia que o fato dela se renovar não existe a necessidade da confissão e sempre “acerte suas contas” com Deus.

Confesse e converse
Não apenas se arrependa, confesse! No salmo 32 Davi escreve sobre o resultado de um pecado não confessado – o peso da mão de Deus e perda do vigor. Pecados não confessados tiram nosso ânimo e desistimos do compromisso firmados no último dia.
Não exponha seus problemas, converse! No evangelho de João, no capítulo 15, encontramos Jesus dizendo que somos seu amigo dizendo que tudo o que Ele ouviu de Deus também nos contou. Precisamos entender mais esta mensagem. Aqui, a pessoa de Jesus, o Deus encarnado, apresenta uma característica muito importante do nosso relacionamento com Deus – somos amigos dEle! Às vezes ajo como se Jesus fosse meu amigo, mas eu nem tanto, sabe? Como se Ele contasse tudo pra mim, mas da minha parte não é a mesma coisa; às vezes é um relacionamento meio utilitário.

Creia que cada nova manhã é uma nova oportunidade oferecida por nosso Deus com misericórdias renovadas.
Não tenha medo de confessar, derrame seu coração na presença do Senhor.
Creia que Deus o criou para se relacionar com Ele como amigos, amigos de verdade.
E não espere o dia que não chegará!


[1] Bíblia de Estudo de Genebra p. 683, nota.
[2] As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a sua fidelidade.

15/12/2008

Um Comércio Justo, Será que existe?


A primeira impressão que essas duas palavras passam é de uma coisa que não existe, ou uma brincadeira irônica sobre nossa situação enquanto humanos. Muitas vezes temos a tendência de brincarmos com as situações para aceitarmos elas melhor. Assim acontece com a situação de comércio mundial, nunca vemos nada que nos agrade ou que possamos considerar justo. Sempre competição, exploração, abuso, e etc.

Acontece que cristãos alemães na década de 70, acredito eu, pensando sobre isso, tiveram uma idéia diferente para a prática do comércio. Eles compravam os seus produtos diretamente dos produtores, para que eles pudessem ter a possibilidade de ganhar o dinheiro justo por seu trabalho e poderem viver com o que faziam. Além desse incentivo financeiro, princípios como mutua colaboração, respeito ao próximo e difusão do conhecimento eram passados nessa relação. Assim, muitas pessoas passaram a adquirir produtos socialmente responsáveis. Com o crescimento da idéia, surgiu a necessidade de se organizar e credenciar aqueles que realmente necessitavam e garantir aos consumidores que aquele dinheiro investido realmente fazia alguma diferença na sociedade. Foi daí que surgiram certificadores para os produtores. Elas garantiam aos consumidores que produtores seguiam os princípios e auxiliava os produtores nas mudanças necessárias e mantinham uma relação com eles.

Com o maior crescimento numérico de certificadoras, tornou-se necessária uma unificação de conceitos e estabelecimento de princípios adotados, daí surgiu a organização que regula, certifica e divulga a idéia de Comércio Justo, a FairTrade Labelling Organization - FLO.

No Brasil o movimento sempre funcionou como fornecedor dos produtos certificados, mas com pouca visibilidade e conhecimento. Até que no final da década de 90 a Visão Mundial (novamente os cristãos) começou um trabalho com artesãos no nordeste brasileiro, inclusive ganhando um prêmio do BNDES. A idéia passou a ser difundida com maior velocidade no país e hoje existe uma organização chamada FACES que é a união de todas iniciativas de comércio solidário. A FLO está presente no Brasil em associação com uma empresa consultora chamada BSD, o trabalho é basicamente fazer a relação com os produtores e difundir a idéia. Não é um trabalho fácil, visto que é necessária uma mudança de consciência perante os produtos que compramos.

Toda nossa produção certificada é exportada, atualmente a demanda por produtos certificados é maior do que a oferta. Mas a demanda se concentra em países da Europa, nos EUA e Japão. É muito triste saber que o brasileiro que tem a consciência não pode comprar esse produto e que saber que os que tem a consciência são tão poucos. A vontade da FLO é fazer que haja no mercado nacional uma difusão da prática desse tipo de comércio para que os produtores daqui vendam para os consumidores daqui.

Os princípios seguidos pela FLO os certificados e consumidores são: equidade, justiça, transparência, não discriminação e respeito mútuo. Os produtores tem que ter respeito as mulheres, se reunirem em cooperativas, crianças devem estudar e não podem trabalhar, devem ser pequenos produtores e respeitar o meio ambiente. Esses são alguns exemplos do que o comércio justo representa. Será que tem alguma relação com princípios cristãos?

Comércio Justo, essa idéia pega?


Se interessou? Assista a reportagem "Cafeicultores de Minas Gerais exportam para Europa e EUA" clicando aqui.

08/12/2008

Esse trem chamado Amor


O amor se encontra na Bíblia demonstrado de diversas formas. Algumas vezes para o bem e algumas vezes para o mal.
Amar é fácil, mas é difícil. É fácil porque é um sentimento que não demora a vir, e quando vem, vem com toda a força. E além de tudo, é muito bom. Mas é difícil porque temos que mantê-lo durante toda a vida, muitas vezes pelas mesmas pessoas. E as pessoas mudam, o cenário muda e o contexto muda. E então complica.
Eu amo amar e amo ser amado. Seja pelos meus pais, meus irmãos, meus amigos e particularmente pela minha namorada. Mas ser amado por Deus, aí não tem entendimento no mundo que me descreva. É um amor, vamos dizer assim, diferente do nosso. O nosso não é eterno, nem infinito e nem perfeito. Mas o amor que Ele nos ensina e nos ajuda a sentir, é real. Penso que cada pessoa é independente para amar da forma que sabe, que aprendeu e que quer. Deus não interfere no nosso amar, se não lhe pedirmos. Ele nos oferece a liberdade de sermos nós mesmos. Se não quisermos amadurecer, nos aperfeiçoar ou manifestar qualquer sentimento preso dentro de nós, Ele não forçará. Mas o amor é algo que sempre precisa da intervenção Dele. Você não sabe amar direito. Você precisa ser moldado pela Sua graça a cada dia para que você fique preparado e renovado para amar e ser amado.

O amor faz a gente chorar, rir, sentir raiva, abrir mão, correr atrás, fugir, sentir falta.
Imagine a chuva, aquele friozinho, um cobertor, chocolate quente, um filme, a lareira acesa e ficar abraçado com quem se ama. Você consegue imaginar um momento melhor?
Eu pensei em diversas formas de como o amor nos faz sentir. Veja se você concorda.

Amor é estar voando, com os braços abertos, sentindo o cheiro das nuvens (ou pelo menos tentando achar algum cheiro nelas) e, subindo o máximo possível do céu, se soltar sem se preocupar nem um pouco em cair. Liberdade.
É como um acorde musical, várias notas tocadas formando um único som. União e parceria.
Ás vezes é uma droga, que nos deixa loucos de amor, perdidos de paixão, sem querer deixar de estar por perto.
Pode ser uma arte, quando Deus une duas pessoas totalmente diferentes para gerar uma criatura tão parecida, em alguns aspectos com o macho e em alguns aspectos com a fêmea.
Amor é, acima de tudo, ser dotado de todo o poder e paz, sair de casa, avisar os que estão pelo caminho que há um jeito de viver para sempre, ser zombado, julgado, ser trocado por um assassino maluco, cuspido, pisoteado, chicoteado, crucificado, e tudo isso por aqueles que deveriam ter sofrido por serem os reais culpados do pecado.
Amor é reunir toda a família à mesa, no Natal, ouvindo canções de natal e compartilhar pessoalmente, não por telefone, as novidades da vida de cada um e enquanto todos estiverem comendo, relembrar os casos engraçados do passado.
Amor é acordar ao lado de quem se ama, logo de manhã, e dizer que ela é a pessoa mais linda que já se viu. É desejá-la do jeito que ela é, e achá-la realmente perfeita. É perceber que seus defeitos são insignificantemente pequenos frente às suas qualidades. É sentir que vale a pena se entregar totalmente, é se dedicar por pleno prazer. É deixar fluir...
Amor é escrever uma estória, a sua estória, de muitas páginas, mas sem pôr final, que você deseja que não tenha jamais. É contar essa estória para o futuro, imaginando as cenas acontecendo como se fossem hoje.
É ir até a rodoviária, aeroporto ou estação de trem e ir com quem você ama (ou atrás de quem você ama) a um lugar bem longe, desconhecido, sem data de retorno. Se aventurar e se perder, sem se preocupar.

E, algo que realmente desejo, ver a porta de meu quarto se abrindo, e meus filhos entrando correndo de medo dos trovões e se deitarem na minha cama, para dormir comigo e com a Jéssica em mais uma noite chuvosa.
Eu quero este amor, de braços abertos.



01/12/2008

Espalhar-se pela terra para povoar o céu!

Assista ao post neste vídeo


Deus escreve a nossa história individual na eternidade, escrevendo a história de todos nós. Perceba como em Gênesis 1.28, Deus expressa o seu desejo da humanidade se espalhar e povoar a terra, usufruindo o que Ele fez para nós. Por meio dos filhos de Adão e Eva, a idéia era uma humanidade adorando a Deus pela felicidade com que curtiam sua criação.

Quando o homem permitiu que o pecado, a maldade e o inferno entrassem no mundo, episódio descrito em Gênesis 3, aquele mundo não seria mais o mesmo, nem o homem seria mais o mesmo, nem a adoração seria mais a mesma. O mundo será agora dominado pelo inferno, o homem pela maldade e o pecado impedirá o homem de adorar a Deus.
Por isso, Deus resolveu destruir toda a sua criação, com o dilúvio, escolhendo uma família para começar de novo, digamos assim.

Após o dilúvio, é dada a esta família novamente a ordem de se espalhar pela terra. Mas o pecado continua incapacitando o homem de obedecer a Deus.

Os homens permaneceram unidos, conforme relata o episódio da torre de Babel, e esta união, permeada de maldade, tornava o homem cada vez mais longe de chegar ao céu, de se salvar do inferno.

O plano de Deus, então, é confundir as línguas, forçando assim a criação de inúmeros povos que se espalharão pela terra, em pequenos grupos.

Mas Deus escolheu um destes povos, uma família, para começar o processo de salvação da humanidade. No capítulo seguinte da torre de Babel, em Gênesis 12, Deus convoca Abrão, de quem formará um povo que, conforme o v. 3, todos os outros povos serão abençoados. Todos aqueles povos de Babel e os povos advindos daqueles, serão abençoados pela família de Abrão. Mas para o cumprimento da promessa, é necessário que Abrão cumpra a antiga ordem, de deixar pai e mãe e se espalhar pela terra, ter filhos e a povoar.

A família de Abrão cumprirá seu propósito, conforme indica Mateus 1.17, ao trazer ao mundo o filho de Deus, o messias, Jesus Cristo, que pagará o preço do pecado de Adão e Eva e de todos os sucessores. Este Cristo salvou e salvará do inferno, da maldade e do pecado todos os que crerem nEle, e então ele formará uma nova família. Em Mateus 16.18, perceba que Jesus Cristo forma sua igreja, sobre uma rocha tão poderosa que, diferente da família de Adão, de Noé, desta família de Jesus, o inferno, a maldade e o pecado não resistirão.

Após consumar a salvação, Jesus Cristo, o filho de Deus, novamente dá uma ordem aos seus filhos, aos seus discípulos, de se espalharem pela terra, por todo o mundo, pregando o evangelho, e assim, povoarem o céu. Em Atos 2.1-13, quando o Espírito Santo desce sobre os homens, as línguas que haviam sido confundidas em Babel agora são entendidas para receberem as boas novas da salvação, pois estava encerrado o capítulo em que os homens foram subjugados pelo inferno, era chegado o Reino de Deus, cujos discípulos, servos e filhos sairão de suas babéis e avançarão, derrubando as portas do inferno levantadas por todo o planeta. A Babel será transformada em Nova Jerusalém, novo Éden.

Em Apocalipse 7.9-12, há como este capítulo será encerrado. Uma multidão que ninguém poderá contar, gente de todas as nações, tribos, povos e línguas adorará ao Cordeiro de Deus.

Mas entre a descida do Espírito Santo e o Apocalipse, há uma história que ainda está sendo escrita na eternidade por Deus, em parceria de nossas orações e decisões individuais. Há muitos povos de Babel que ainda não ouviram falar do Evangelho: povos cujos governos ou religiões predominantes perseguem cristãos e missionários; povos que sequer possuem a língua descrita, ou qualquer falante cristão daquela língua.

Deus escreve a nossa história individual na eternidade a partir das orações que fazemos e das decisões que tomamos, escrevendo assim a história de todos nós.
O pai da eternidade mandou que seu povo se espalhasse por todo o mundo com o fim de povoar o céu.

Peça a Deus para fazer parte desta história!

24/11/2008

Vocação

Desenvolver nossa vocação e aplicar-se ao aprendizado da tarefa que desejamos executar com entusiasmo durante nossa vida é algo que temos deixado de lado enquanto caminhamos em busca de ser o que não somos, de ser aquilo que não nascemos para ser.

Muitos são os motivos que nos fazem desviar nossa viagem em busca da nossa vocação, mas listá-los não é o objetivo deste texto.

Alguns conceitos sobre o assunto em questão – vocação:
Trabalhar é cooperar com Deus para colocar ordem no caos.
Servir a Deus é servir o próximo.
Ocupação: trabalhar só pelo dinheiro;
Emprego: aluguel de capacidade – objetivos diferentes da missão. Ex: publicitário da Souza Cruz, advogar em favor do criminoso, engenharia de arma de destruição em massa, etc.
Carreira: aluguel de capacidade – objetivos iguais da missão; Ex: publicitário, dentista, médico, enfermeiro, engenheiro, costureira, cozinheiro, pintor, enfim, toda carreira que coopera com Deus para colocar ordem no caos.
Vocação: é o que você é!

Existem algumas perguntas que nos ajudam a descobrir nossa vocação, como:

O que você ama fazer? O que você ama fazer e faz com o pé nas costas? O que você ama fazer, faz com o pé nas costas e não cobraria nada por isso?
A resposta a estas perguntas é sua vocação!

Esta semana, vendo um vídeo no YouTube (Rob Bell – Nooma 016 Store), acrescentei uma outra pergunta que devemos fazer: O que te deixa com raiva?
O que você olha e diz: “Isso está errado! Não poderia ser assim. Alguém tem que fazer alguma coisa pra mudar!”?
Como é possível que exista alguém neste mundo que não tenha a bíblia em sua língua?
Não concordo com o comércio injusto!
Estou cansado de mensagens superficiais!
Não ao subdesenvolvimento!

Pensando na prática, agora, devemos perguntar:
O que estou fazendo hoje está me levando ao desenvolvimento de minha vocação?
Quais seriam meus próximos passos para fazer aquilo que nasci pra fazer?
O que tenho que renunciar para iniciar esta caminhada?
Realmente acredito que ser quem Deus me criou pra ser valeria a pena?

17/11/2008

12 Passos



I - reconhecer que não possuo o controle sobre minhas ações.
II - reconhecer que Deus pode me sarar.
III - entregar minha vida sob o controle de Deus.

Esses são os 3 primeiros passos do programa conhecido como 12 pasos utilizados pelos Alcóolicos Anônimos. Programa que visa restauração da imagem de Deus, pessoal e social para uma melhor vivência entendendo o ser humano como é se relacionar com Deus consigo mesmo e com o próximo da maneira que fomos feitos para fazer.
Mike Portnoy é baterista de uma banda chamada Dream Theater, ele fez os 12 passos e escreveu músicas a respeito de sua caminhada pessoal. A primeira chama-se Glass Prison (Prisão de Vidro) que demonstra a escravidão que os nossos vícios nos causam, a música pode ser vista e apreciada no video acima. Notem a intensidade dela com os versos que se seguem. A numeração da música é referência a cada um dos passos.

Tradução da música.

Prisão de Vidro

I. Reflexão

Trapaceiro, Perdido, poderoso
Sendo muito espancado
Vigoroso, Irresistível
Doente e cansado e abatido
Dominando, Invisível
Escuridão, perda controle
Esmagador, inssaciável
Sou fraco, tenho que sair dessa

Não posso escapar
Isso me deixa frágil e desgastado
Não aguento mais
Dicernimentos gastos e rasgados

Rendição sem esperança
A obsessão me vence
Perdendo a vontade de viver
Admitindo o fracasso total

Declínio fatal
Rodando
Já fui longe demais
Para voltar atrás

Tentativa desesperada
Pare a progressão
A qualquer momento
Tomo essa obsessão

Engatinhando para minha prisão de vidro
Um lugar que ninguém conhece
Meu mundo secreto começa

Muito mais seguro
Um lugar onde eu posso ir
Para esquecer o meus pecados diários

A vida dentro da prisão de vidro
Um lugar que um dia eu chamei de casa
Caio na curtição noturna de novo

Procuro um amigo perdido há muito
Não posso mais controlar
Só esperando essa falta de esperança terminar


II. Restauração

Corra - rápido dos danos do passado
Um muro da prisão de vidro despedaçado atrás de mim
Lute - passado andando sobre as cinzas
Um oásis distante a minha frente

Chore - desesperado engatinhando com meus joelhos
implorando a Deus pare essa loucura
Me ajude - Estou tentando acreditar
Pare de dar lugar a minha auto-piedade

Temos te esperado meu amigo
Os escritos na parede
Tudo que precisa é um pouco de fé
Você sabe que é o mesmo que nós

Me ajude - Não posso sair dessa prisão sozinho
Me salve - Estou afundando e sem esperança sozinho
Me cure - Não posso restaurar minha sanidade sozinho

Entre pela porta
Desesperado
Chega de lutas
Me ajude a restaurar
A minha sanidade
Nesse templo de esperança

Preciso aprender
Me ensine como
Sofrer para passar
Me ajude a voltar
À humanidade
Serei corajoso e minuncioso
Para entrar nesse templo de esperança

Acredite
Ultrapasse a dor
Vivendo e vida
Humildade
Abriu meus olhos
Essa nova odisséia
De honestidade rigorosa

Serenidade
Que eu nunca conheci
Solidez da minha mente
Me ajudou a achar
Corajem para mudar
Tudo que eu posso

Nós ajudaremos a realizar esse milagre
Mas você precisa liberar seu passado
Você cavou a cova, mas não pode enterrar sua alma
Abra sua mente e você verá

Me ajude - Não posso sair dessa prisão sozinho
Me salve - Estou afundando e sem esperança sozinho
Me cure - Não posso restaurar minha sanidade sozinho


III. Revelação

Distante da estrada vi a porta
Tentei abrir
Tentei Forçar com toda força mas mesmo assim não se abriu
A porta não pode ser aberta

Incapaz de acreditar na minha fé
Me voltei e me desviei
Olhei em volta, me senti como um frescor no ar
Peguei minha vontade e voltei atrás

A prisão de vidro que me detinha não existe mais
Uma fortaleza de longo tempo perdida
Armada só com liberdade
E a chave da minha força de vontade

Cai sobre meus joelhos e orei
Seja feita a sua vontade
Me virei e vi uma luz brilhando
A porta estava totalmente aberta

10/11/2008

A Palavra do púlpito

Algo que realmente me impressiona é ler a Palavra de Deus. Você pode ler um determinado capítulo 10 vezes, mas sempre o enxergará de forma diferente. A Palavra é profunda, ela sempre tem algo novo a nos dizer, em ocasiões diferentes, em tempos diferentes.

Agora, algo que muitas vezes me deixa indignado é a palavra vinda do púlpito. Vazia, rasa, um sermão baseado em best-sellers de auto-ajuda tão batidos que a vontade é de abaixar a cabeça e tirar um cochilo. Pregações na TV, nas igrejas de diversas denominações, cultos para jovens, são sempre aquelas mensagens de “Vai dar tudo certo”, “Jesus é a esperança”, “Dêem seu dízimo”, “A união faz a força”, “Vistam a camisa da igreja” e “Jesus abençoa ou Jesus cura”.

Minha nossa! A Bíblia possui milhares de versículos. Será que num dá pra mudar de mensagem um pouquinho? Ou quem sabe, por um milagre, aprofundar a mensagem?
A facilidade de estudar a Palavra de Deus nos dias de hoje é muito grande. Não precisa ir até Jerusalém, Alemanha, Holanda, Escócia, EUA .
Basta abrir a Bíblia e enxergar outros textos, ensinamentos, contextos, versões, personagens, histórias. Nossa, é tanta coisa. Eu não sei o porquê de tanta dificuldade! Será que é porque essas palavras de sempre atraem mais membros? Vendem mais livros?

Creio que é por isso que há uma circulação tão intensa de pessoas pelas igrejas! Elas estão em busca de algo novo. Mensagens que edifiquem, que esclareçam, que façam elas ao menos refletirem, se auto julgarem, que as aproximem de Deus! Poxa, como eu preciso disso!

Confesso que Deus tem realizado algo magnífico no que se diz respeito à minha intimidade com Ele. Como atualmente estou sem trabalhar, não falta tempo para ler a Palavra, meditar.
Irmãos, eu tenho aprendido e conhecido tanta coisa que antes passava despercebido. É tão bom! A Bíblia é tão misteriosa!

Há uma frase de uma música se referindo à Bíblia que eu acho relevante mencionar aqui:
“A sabedoria chora para que todos leiam”. Olha isso, a sabedoria chora pra que a gente leia a Bíblia!

A Bíblia não é um livro para se pegar na prateleira, abrir, dar uma olhada e guardar de volta em um minuto. A Bíblia é um livro para se estudar, se aprofundar, meditar, conhecer, tentar compreender.

Que os líderes da Igreja possam nos falar sobre toda a Palavra, a fundo, com prazer, sabedoria e sem aquelas mensagens repetitivas e superficiais. E que os membros da Igreja possam buscar não só apenas ler o que está escrito, mas captar o que não está. Amém?

03/11/2008

Adonis vai à caça


O quadro acima é um episódio na vida do herói grego Adonis, criado pela deusa Afrodite, com quem, já crescido, tem também um relacionamento amoroso. Acontece que Adonis é um caçador, e Marte, o deus da guerra, enciumado por causa de Afrodite, jura Adônis de morte caso saísse à caça. A cena do quadro é justamente o momento em que Adonis vai à caça. Ele não tem medo de Marte: o seu problema é de outra ordem.

Repare em Afrodite, o pedido de clemência em seus olhos, os braços engatando o seu amado para que fique. Repare, agora, em cupido, a criança aos pés de Adônis, que pode representar tanto o irmão mais novo quanto o filho, repare como o menino segura o rapaz pelas raízes, a plantá-lo no chão. Reparem, então, no cenário dividido ao meio, um lado mais claro, apontando para o caminho para o qual o caçador deve seguir; e o lado mais escuro, o seu lar, a sua casa. Adônis está no meio e tem que decidir. Notem a dor do herói ao evitar olhar para Afrodite, que pode representar tanto sua mãe quanto sua esposa. Acontece que Adônis é um caçador, ele precisa ir caçar. Para isso, ele tem que manter as mãos e os olhos firmes em suas armas, sem desviar o olhar.

Coloco este quadro perto de mim, para lembrar-me sempre de quantas renúncias são feitas a vocação cristã. Para lembrar-me que para servir o Reino de Deus, devo arrancar as raízes dos vícios, dos meus desejos mais profundos, das minhas paixões, sejam os pais ou um trabalho que me traga conforto. É porque devo ir à caça, devo seguir para o caminho que Deus me vocacionou. Para me lembrar, sobretudo, que para isso, preciso manter as mãos e os olhos firmes na cruz e na Palavra de Deus. Todo passo adiante na vida com Deus é um espaço mais longe de muitas paixões pessoais: mover-se a Deus é ao mesmo tempo alívio e dor, pois somos arrancados das matérias terrenas que nos envolvemos em direção ao Espírito divino que nos envolveu.

Além do mais, abrir mão do mundo para estar com Deus, se já não fosse um grande caso de graça e misericórdia, quando vamos à caça, ao invés de ser jurado de morte, recebemos ainda a promessa da vida e da satisfação. Reparem na vida de Abraão, representada no quadro abaixo. Deus pediu, como prova de amor, a morte de seu maior bem, o seu filho querido, e alguém já falou que se Deus não tivesse dito que o amor já estava provado, Abraão teria matado Isaque a despeito da intervenção do anjo. É que o nosso Pai celeste nos pede a renúncia das mitologias deste mundo, e nos dá em troca a verdade da vida eterna.


Você poderia compartilhar um pouco mais sobre renúncias pelo Reino?

26/10/2008

Meu ensaio sobre o sofrimento

Aproveitando o gancho do Mala quero expor, de maneira bem simples, o que tenho aprendido sobre o sofrimento.
Afinal, se Deus é bom por que permite que o homem sofra? Se Deus é bom por que crianças nascem com problemas? Como que um Deus bom permite tanto sofrimento na terra?
Perguntas como estas invertem a ordem das coisas e tentam nos confundir. Com estas perguntas dizemos que sofremos porque Deus é mau. Esquecemos que quem gerou o sofrimento foi o homem.
O certo seria perguntar:
Sendo tão maus por que não vivemos em constante sofrimento? Causando tanto sofrimento por que não nascemos todos com problemas? Sendo tão maus por que Deus não exterminou de uma vez a humanidade?
Percebe-se, então, que o problema não é explicar o sofrimento e sim a bondade. A questão é entender a tamanha graça de Deus em nossas vidas.
Citando meu primeiro post (Ele já sabia) relembramos que o primeiro a sofrer foi Deus! E sofreu por nossa causa. O Deus de todo amor e bondade presenciou o ódio e maldade gerado pelo homem, porém, mesmo assim, escolheu sofrer por nós.
Sofremos porque causamos o sofrimento e não somos consumidos por causa das misericórdias de Deus em nossa vida.

Qual tem sido a nossa compreensão da graça de Deus?

19/10/2008

Sofrimento


Acho que o post do Israel foi bem propício para o assunto que gostaria de falar. O meu post segue o mesmo contexto, onde pessoas que se dizem cristãs pregam um cristo que anda de Ferrari. Pessoas que afirmam que a vida cristã é uma vida fácil estão lendo apenas partes da Bíblia. A vida de uma pessoa não deixa de ter sofrimentos quando ela vira cristã. Estão errados os que pregam que ela muda e estão errados os que vão atrás de recompensas pela sua fé (Na maioria das vezes representada pelo dízimo que dão.).

A Bíblia mostra várias vezes os discípulos tendo dificuldades, sofrendo, e etc. Só para exemplificar gostaria de lembrar que Paulo, depois de sua conversão sofreu a mesma perseguição que ele realizava, chegou a ser considerado morto depois de um apedrejamento. O mesmo apóstolo que se gloriava em ter SOFRIDO por Cristo, e ter passado um pouco do que Ele passou na cruz. Na verdade podemos ver que todos os cristãos verdadeiros encontrados no Novo Testamento glorificaram a Deus nos sofrimento que passaram. Então a pessoa que se converte vira um masoquista que adora sofrer? Não, a diferença é a maneira que ele encara o sofrimento. O sofrimento vem sim, afinal de contas, para quem Jesus falava no sermão do monte que são bem aventurados os perseguidos, os que necessitam de justiça?

Acredito que esses exemplos de fé nos mostram a benção do sofrimento. Sim, a benção do sofrimento. Em minha vida particular eu presencio um acontecimento interessante, que acho que foi sentido pelos heróis da fé também. Quanto mais sofrimento passo, mais perto de Deus eu fico. O ser humano foi criado para o sofrimento? Não! Mas, Deus submeteu a criação dEle a isso para que sua glória fosse maior, e vocês se lembram quem foi que falou isso? Paulo em sua carta aos Romanos.

Continuando o raciocínio, o sofrimento, apesar de não desejado, é usado por Deus para nos aproximar dEle. Acho que o que caracteriza bem isso é a frase que diz que onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus. Acho que eu poderia parafrasear dizendo: Onde abundou o sofrimento superabundou o relacionamento com Deus. Porque assim como o pecado, mesmo não sendo o que Ele deseja pra nós, Ele usa para glória dEle. Jesus mesmo em uma de suas orações diz que o Reino dos Céus é conhecer a Deus e não ficar livre do sofrimento.

Gostaria de poder perguntar a Jó se ele gostaria de ter passado a vida dele sem o sofrimento que passou. Na verdade, acho que nem precisa, visto a sua afirmação no fim do livro com seu nome na Bíblia: "Antes eu te (Deus) conhecia só de ouvir falar, agora eu te vejo!" Que maravilha é não termos sofrimento, mas maravilha maior é passar por sofrimento com o Deus que criou céus e terra do nosso lado. Assim são os nossos exemplos, sofridos, mas conhecedores de Deus.

Agora voltemos ao início do texto, o que diferencia então a pessoa quando se converte? Ela passa a ter do seu lado, na hora do sofrimento, ninguém menos do que Deus. Aquele que a criou! Não estou fazendo apologia ao sofrimento. Só estou dizendo que ao sofrer, devemos aproveitar o momento de intimidade com Deus para conhecê-lo mais e mais e passar pelo sofrimento com nosso Mestre.

Eu acho que estou falando mais pra mim mesmo do que pra alguém que leia o texto.

Que Deus nos abençoe!

E você, como têm passado pelo sofrimento?

11/10/2008

Benção?


Ultimamente tenho ouvido falar bastante sobre benção. Mas sinceramente não tenho gostado muito do que estou ouvindo.
O que seria uma benção, exatamente?
No AT, benção era receber algo em troca de Deus, devido à obediência de seus mandamentos, certo? Do original, benção é também visto como falar bem de alguém, ou seja, bem dizê-lo. Esdras e Neemias, em seus livros, descrevem benção como a mão de Deus sobre nós, ou seja, é uma benção ter a presença de DEUS em nós, nos guardando, cuidando e guiando (Elsbeth Vetsch).

A benção é algo muito mais espiritual do que material.
Por que todos só falam que estão sendo abençoados quando estão bem financeiramente, quando compraram uma bela casa ou fizeram um bom negócio trocando o carro por um mais novo, quando ganharam aqui ou ali, quando receberam aqui ou acolá, quando conseguiram? Ganharam, receberam, conseguiram...
Minha nossa! Será que a vida é só isso?
E DEUS? E o amor entre nós?

Não seria uma benção ter Jesus no coração e ao mesmo tempo morar numa favela?
Não seria uma benção um homem condenado a prisão perpétua se arrepender, aceitar a Jesus e amá-lo, mesmo sabendo que nunca sairá da prisão?
Não seria uma benção o fato de Deus te dar a chance de viver?
O fato de Jesus nos salvar e não termos que arder eternamente naquele fogo que não quero nem chegar perto?
O que é BENÇÃO mesmo, meus irmãos?
Posso ficar cego, de cadeira de rodas, pobre de lascar e sozinho. Vou deixar de ser abençoado? Deus não vai continuar me amando?

Quando eu tinha aproximadamente dois anos de idade, eu morava em Várzea Alegre, interior do interior do Ceará. Meu pai, que foi pra lá para exercer seu primeiro ministério, conta que havia um senhor muito, mas muito pobre mesmo, que vivia meio que no mato, em uma casa que nem se pode chamar de casa. Ele era cego e vivia sozinho neste lugar. Ele evangelizava as pessoas com sua sanfona, todos os dias. Ele ia até a cidade e tocava lá. Se não me engano cantava também. Ele é abençoado? Bem, pelo menos ele tinha Jesus e O servia do jeito que podia.
O que eu quero dizer, enfim, é que Deus nos abençoa sim, nos provendo, nos sustentando. Mas é muito mais do que isso, entendem?

A igreja tem enfatizado os bens, a prosperidade, a propriedade. Os irmãos saem do culto cheios de vontade de serem abençoados. E se não forem do jeito que querem ser ou imaginam que devem ser, acham que estão em pecado, ou que são menos amados que os outros, enquanto na verdade eles são abençoados de outras formas.

Deus abençoe você, irmão, e que Ele te encha de paz e alegria somente e tão somente pelo fato de você pertencer a Ele.

05/10/2008

Oh, Deus, livra-me da preguiça!


Preguiça é um assunto que eu acho que é tabu nas igrejas, nas escolas, em todo lugar. Poucas pessoas que conheço se confessam a Deus porque tem preguiça, não se fazem sermões a respeito da preguiça, e nem vejo amigos se confessando tristemente: cara, sofro de preguiça.

No entanto, vejo que a preguiça é algo tão presente em todos nós e atrapalha tanto, ou mais, o andamento da Obra de Deus, quanto um outro pecado mais escandaloso.

A semiótica francesa, na análise narrativa, que pretende "descrever o espetáculo do homem no mundo", aponta 4 verbos que modalizam todo o fazer do homem. São o poder, o querer, o saber e o dever. Isto é, toda ação do homem envolve estes quatro verbos.
Creio que a preguiça faz com que aquilo que devemos fazer não seja feito atingindo justamente o nosso querer. Especialmente na Obra de Deus, afinal, Deus nos capacita (nos dá o poder) através do Espírito Santo, nos dá o dever, através da sua lei, e um saber, através da sua Palavra. O querer deveria vir com o amor, no entanto, é este frio amor que nos deixa na cama, encobertos pela preguiça.

A gente disfarça muito bem. Quantas vezes, ao explicar a alguém o porquê não fomos a determinado lugar, ou porquê não fizemos determinada coisa, respondemos:
- Não pude (não poder); eu não sabia (não saber); achei melhor não ir (não dever), quando, no entanto, nós não queríamos!
Ou, também, aprendemos a maquear a preguiça, tornamos ela chique, quando dizemos: "ando desanimado com a vida..."; "estou profundamente triste com esta situação, por isso fui incapaz (não poder) de fazer isto"; como se jogássemos a culpa toda no Desânimo e na Tristeza, estas entidades exteriores a nós, e nos desviamos da culpa, afinal, a preguiça, o não-querer, é coisa de dentro de nós.

Tem muita gente que fala em cuidarmos da preguiça, para não deixarmos de lado a vida devocional. Gostaria de compartilhar que caí em um pecado extremo-oposto: eu me envolvia na preguiça fazendo devocional. Eu não queria enfrentar um problema, então passava três horas fazendo devocional, para que Deus resolvesse uma coisa que Ele queria que eu resolvesse com Ele. A preguiça não está, necessariamente, em não fazer, mas às vezes é até mesmo um muito fazer. Aquele sujeito que se esconde trabalhando demais, para que ninguém o tire deste serviço pesado mas fácil, e o coloque naquele difícil e complicado: preguiça de aprender. Ou mesmo aquele que trabalha demais, com preguiça de enfrentar seus problemas em casa, ou com preguiça de ir à igreja.
Tudo isto porque, creio, o medo é o princípio da preguiça. Preguiça é covardia. Conforme André Comte-Sponville, em "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes", muitas vezes, o contrário da coragem não é o medo, mas a preguiça!
Perceba que a preguiça muitas vezes vem de quando temos medo de enfrentar determinadas situações, e nós fugimos para o descanso, para a preguiça.
Não são vitaminas, ou água gelada, ou remédio que cura a preguiça, mas a coragem para enfrentar o dia, a vida, o cotidiano, nossa missão.




Estava pensando a respeito dos discípulos que deveriam vigiar em oração com Jesus, mas dormiram, no Getsêmani, na véspera da prisão de Cristo. Como eles poderiam dormir em um momento de tanta pressão? Deus se zanga com aquela covardia, com aquela preguiça, de não estarem vigilantes.

A preguiça deve ser enfrentada como o são os pecados mais escandalosos: com muita oração, esforço e ajuda do alto, afinal, ela nos tira de querer fazer aquilo pelo que Deus espera que façamos, ela nos põe dormindo enquanto Deus soa sangue de aflição pelos perdidos.

28/09/2008

Azárvores somos nozes



Outro dia, vendo um vídeo no youtube, pensei sobre uma analogia entre a missão e uma árvore.
Primeiro, rapidamente, vamos definir missão. Quando dissemos missão estamos nos referindo à missão de Deus. A missão de resgatar o homem do pecado e consequentemente do inferno; a missão de reconciliar o homem (como indivíduo e como sociedade) com Deus.
E consideremos uma árvore dividida em: raiz, tronco e galhos.

As raízes são as pessoas que oram por missões. É da raiz que vem a força pra missão continuar e se manter viva. É através de nossas conversas com Deus que recebemos sabedoria, direcionamento, alimento para que a árvore cresça. Na maioria dos casos a raiz está escondida, não se sabe muito dela, não se ouve falar dela, não vemos a árvore e dizemos: nossa que raiz bonita! Mas ela está lá, forte e firme no seu propósito. Sopram os ventos, vem as tempestades e a árvore permanece, porque está firme em oração.

Temos também o tronco – os que sustentam e contribuem. Os recursos (financeiros, intelectuais, etc.) recebidos da oração devem ser distribuidos e administrados de maneira que a árvore cresça saudável, e esta função é do tronco. O tronco faz a ligação entre as petições e a ação. Infelizmente existem troncos que acumulam recursos e no final serão apenas troncos secos.

Temos agora os galhos – os que vão, os que dão a cara a bater, que não se calam, que mostram a que vieram. Eles estão lá, na linha de frente. São eles que sentem mais as tempestades. São eles que ficam mais expostos. Por outro lado são eles que têm o privilégio de verem os frutos. E, ao contrário do que muitos pensam, são os mais frágeis. Contudo, crêem que quem os sustenta recebe recursos do alto.

Veja bem, os personagens não são raiz, tronco ou galhos. Os personagens são árvores – oram, contribuem e vão! E Deus nos chama para ser árvore. Nos chama para nos firmarmos em oração, distribuir bem o que temos recebido, sustentar Sua missão e nos colocarmos na linha de frente – seja ela onde for!

Lembre: o jardineiro é Jesus e azárvores somos nozes.

22/09/2008

Lectio Divina


A bíblia sempre foi considerada a palavra de Deus. Sempre houve, entretanto, uma incoerência que eu não notava no fato de termos ela em livro, com palavras impressas. Acredito sim que a palavra impressa é muito importante, mas acho que uma palavra impressa não é necessariamente a fala de Deus.
A palavra de Deus é pra ser ouvida, não é a toa que Jesus muitas vezes disse: - Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça. Porém, nós estamos acostumados a simplesmente pegar e lê-la, sem ouvi-la. Usamos a bíblia quando queremos e quando não queremos guardamos ela, como se nós tivéssemos o poder de restringir a voz de Deus para nós, e não sermos da palavra de Deus. Jesus dizia as coisas para serem ouvidas. Ele as falava e não escrevia, tanto que a única vez que temos Jesus escrevendo foi quando a mulher adúltera foi pega, e mesmo assim nem sabemos o que o nosso mestre estava escrevendo.

Pensando nisso, os cristãos da igreja dos primeiros séculos utilizavam um método para se ouvir a palavra escrita. Para se digerir a comida sólida que Deus nos dá através da palavra escrita. Esse método se chama Lectio Divina. Eles aplicavam a concentração em ouvir Deus e relaxamento para ficarem mais sensíveis a voz de Deus. Após o momento de concentração e relaxamento eles liam um pequeno trecho da bíblia e em seguida continuavam sua meditação durante certo tempo, em seguida da meditação, liam o mesmo trecho a segunda vez e meditavam novamente e, por fim, liam a terceira vez e meditavam na palavra. Assim eles conseguiam tornar a palavra escrita em palavra falada, e assim eles tinham ouvidos para ouvir, faziam parte da palavra e ouviam o nosso bom Mestre.

Acho interessante que muitas das reclamações que eu ouço e faço são as de que Deus não está falando conosco. Acho que o que Deus mais quer fazer é falar com a gente. Após experimentar um tempo de devocional com a Lectio Divina vi que Deus quer o momento de falar só pra Ele, e do jeito que Ele faz, sem pressa, sem confusão, porque só assim teremos ouvidos para ouvir.
Vamos parar a nossa vida fora de eixo para ouvirmos Deus. Vamos parar, sossegar, meditar, ouvir o nosso Deus. Ele tem muita coisa pra falar!

15/09/2008

O Salmo 23

O Salmo 23 está guardado na mente de todo cristão que conhece a Palavra. Mas ao mesmo tempo, a mensagem pregada é quase sempre do mesmo ponto de vista. Creio que este Salmo tem muito mais a acrescentar e a dizer, do que simplesmente: ”O Senhor é o meu pastor; nada me faltará”, ou seja, Ele me dá tudo do que preciso, não me deixa faltar nada, me abençoa ricamente, provê minhas necessidades... Me dá, me dá, me dá.

No original, do grego, diz-se: "O Senhor é o meu pastor; nada me falta." Ou seja, nunca faltou, nem falta agora, neste momento, e nem irá faltar. Então não é uma simples promessa pro futuro, mas sim uma afirmação do presente.

A visão mais bela e mais “correta” que acho deste verso, também tirado do original é:
“O Senhor, meu pastor, não me falta.”
O escrivão da época ou quem quer que tenha escrito estes versos daquele tempo para cá, pode ter redigido de forma errada, ou com outra interpretação.
Mas, uma versão aceita por teólogos, é de que o correto seria desta forma citada acima.
Quem não falta para nós, é o Senhor (e não coisas materiais, como todos pensam). Ele é o nosso pastor, que nos guia, nos protege, nos resgata e está sempre presente.

“Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso” me traz a idéia de que naquela época, as pessoas viviam no deserto, no seco. Mas se eu estiver com Cristo, eu estarei no campo, no verde abundante, longe da seca, ao lado do rio corrente, com águas refrescantes, que me sustentam.

Este é o Salmo 23 para mim, tão simples e tão rico. Pode não estar tão certo, mas é nesta forma que prefiro meditar.

07/09/2008

Profissionários

A profissão na missão de Deus e
a missão de Deus como estilo de vida.

“Alguns irão ganhar seu salário na edificação da comunidade como especialistas no planejamento de cidades ou conselheiros familiares, enquanto outros o receberão mediante evangelismo ou carpintaria. A maneira como o indivíduo ganha seu sustento acaba sendo incidental. A verdade é que a vocação exige tudo de nós”[i].

Este é um pequeno ensaio que escrevo a partir do tempo em volta de estudantes, como eu, ansiosos por servir a Deus, sem, no entanto, saberem o que fazer com seu diploma universitário. Resolvi, por isso, escrever algumas considerações, sugestões e apontamentos, porque creio que existe um perfil missionário a ponto de incendiar, e as igrejas e agências missionárias já podem começar a soltar suas faíscas.
Chamo de profissionário não somente o fazedor de tendas. Também não se restringe àquele profissional que dedica suas férias de trabalho para um projeto missionário e nem, por outro lado, àquele profissional que largou sua profissão e atua integralmente na plantação de igrejas. Profissionário é aquele que possui uma formação diferenciada da teologia, e atua nela, mas tem o trabalho missionário como estilo de vida. Explicaremos mais à frente as implicações deste estilo de vida.
Desde os povos mais antigos, as pessoas migram para um local que traga a elas segurança e provisão. Era assim quando os povos antigos formavam comunidades à beira dos rios, por exemplo. É assim também quando as pessoas migram para as metrópoles, em busca de melhor emprego ou oportunidades. É assim quando buscamos um local mais seguro, mais próximo da família. O profissionário, pelo contrário, vai até os desertos. Todas as decisões da vida de um profissionário são tomadas a partir do projeto missionário que Deus colocou em seu coração, isto é, onde morar, onde trabalhar, quando terá filhos, se será ou não sustentado pela igreja, são decisões tomadas com o foco no seu projeto missionário, mesmo que este projeto seja simplesmente uma presença cristã num campo dominado pelo inimigo, levando a própria oração e a oração da igreja, hasteando a bandeira do Reino.

Quanto à formação: um profissionário deve ter o treinamento bíblico e transcultural que a agência missionária o exigir. Pode ser um problema de orgulho não se sujeitar ao treinamento não universitário. Além do mais, poucos anos a mais de estudo podem tirar muitos anos de problemas no campo. O antropólogo e missionário Ronaldo Lidório aponta que a formação do missionário deve ser de antropologia cultural, teologia bíblica e aprendizado de línguas. Todo este treinamento é necessário, segundo ele, porque “grande parte destes povos não alcançados já sofreram algum tipo de tentativa de contato missionário ou exposição do evangelho no passado, sem sucesso, colocando-os na categoria de ‘mais difíceis’ em algum nível, e muitos deles a nível lingüístico
[ii]”.

Quanto à escolha do campo: Abraão, ao se separar de Ló, permitiu que ele escolhesse o caminho a seguir. O sobrinho escolheu o lugar que lhe traria melhores oportunidades de vida. Abraão, assim, seguiu pelo outro caminho, o pior caminho
[iii]. Mas quem traçou o caminho de Abraão, na verdade, foi Deus. Abraão sabia que o pior deserto floresce com as pegadas do servo de Deus. O local não é escolhido pela segurança ou pelas oportunidades de emprego, mas o local é escolhido por Deus e, sobretudo, para os lugares que mais precisam dEle.
Outro ponto importante, apontado por Os Guinnes
[iv], é sobre o aspecto empreendedor do chamado. O chamado missionário, sobretudo o profissionário, é empreendedor. Sob muita oração e orientação de Deus, segue-se planejado e ousadamente os passos indicados por Deus. Paul Stevens também aponta algumas categorias didáticas para pensarmos sobre quais delas melhor se encaixam ao nosso perfil, são os países fechados, parcialmente cristãos, nominalmente cristãos ou pós-cristãos[v]. Acrescentaria ainda os povos não alcançados, aqueles que nunca receberam a mensagem do evangelho.

Quanto ao projeto: o profissionário deve direcionar o seu projeto interseccionando a necessidade do povo com sua formação. Não é profissionário aquele que não envolve sua formação específica em seu projeto. A missão do profissionário, com seus conhecimentos específicos, vem para corrigir a opressão e o desconcerto que o pecado causou no mundo na criatura de Deus: o advogado trazendo justiça, o médico saúde; o estudante é a melhor pessoa, auxiliada por Deus, para saber onde mais é útil sua ciência.
Há, ainda, missões que trabalham especificamente com pessoas com conhecimento específico, como as agências que possuem pilotos de avião, agentes de saúde e agentes sociais ou ministérios de tradução da Bíblia, pedindo lingüistas, educadores etc. Por outro lado, as agências missionárias em geral necessitam de missionários de base com formação específica.
Além do mais, a formação universitária tem sido muito útil para a entrada do missionário onde há perseguição religiosa, seja pela política, seja pela religião, como é o caso de algumas áreas indígenas no Brasil.

Quanto ao sustento: um profissionário pode ser auto-sustentado, desde que o seu emprego remunerado esteja como parte de seu projeto. Ele pode ser parcialmente sustentado por um trabalho remunerado quando o salário não for suficiente, mas o trabalho é importante no projeto. Então, a igreja deve ajudá-lo no complemento. Porém, um profissionário deve ser sustentado integralmente pela igreja quando atuar numa comunidade tão pobre que não poderá sustentá-lo. Outra forma é o auxílio financeiro da igreja somente com as despesas de projeto, como a construção de um templo, as passagens de ida e volta, uma emergência, etc.

Quanto ao envio: outra característica do profissionário é que ele deve ser enviado por igrejas, isso porque a missão de Deus é da igreja, mesmo no caso de ser auto-sustentado. Ir ao campo sem uma igreja pode ser também um problema de orgulho. O profissionário precisa da cobertura de oração que as igrejas oferecem e precisa prestar contas a elas.
O profissionário precisa ser, também, agenciado. As agências missionárias, na maioria das vezes, estão preparadas e têm experiência logística e pastoral para auxiliar os missionários numa emergência, como uma guerra que estoura de repente, um grave acidente onde não há hospital, etc.

As igrejas, as agências missionárias e os mobilizadores de missões em geral têm um campus florido de cristãos para serem enviados ao mundo, aguardando direcionamento. Antes que se perca esta preciosa mão de Obra para os estágios e o mercado de trabalho, incendiemos os corações universitários com a certeza da provisão de Deus.Por fim, irmãos universitários, a missão de Deus é uma só, restaurar o Reino de Deus nos corações humanos, e todos os corações restaurados devem engajar-se com paixão nesta missão. Ser missionário não é uma profissão, e desde que cremos que Deus capacitou o homem com a ciência e a tecnologia para o uso de ajustar o mundo de seu desajuste, há vagas para todo servo que queira deixar de ser pescador, engenheiro, publicitário, administrador etc, para ser administrador, publicitário, engenheiro e pescador de homens.

________________________________________
[i] STEVENS, Paul. Os outros seis dias. Viçosa: Ultimato.
[ii] LIDÓRIO, Ronaldo. Formação Missiológica ou treinamento missionário. Cf. site. www.ronaldo.lidorio.com.br
[iii] Gn. 13.
[iv] Também encontrado em GUINNESS, Os. O chamado. São Paulo: Vida.
[v] Idem a i.

01/09/2008

Lutando pela Glória de Deus

Outro dia estava lendo a história de Davi e Golias, quando me deparei com o versículo 48 do capítulo 17 de 1 Samuel: "Sucedeu que, dispondo o filisteu [Golias] a encontrar com Davi, este [Davi] se apressou e, deixando suas fileiras, correu de encontro ao filisteu".

Tem um pequeno detalhe neste versículo que me chamou muito a atenção. Até então eu tinha uma outra idéia a respeito desta luta.

Sempre via o Davi lá, corajoso, mas na dele. Na defensiva. Esperando o momento certo de atacar.

Mas não! Após Davi declarar tudo o que haveria de acontecer ele sai correndo em direção ao gigante e... o final agente já sabe.

Isto me fez pensar em algumas lições práticas e gostaria de compartilhar com vocês.

1) Devemos enfrentar nossos problemas

Quantas vezes não preferimos ir empurrando o problema a tentar resolvê-lo? O problema pode ser um assunto de trabalho, uma questão de relacionamento, uma tarefa que deva ser feita. Ou então o problema pode ser aquela palavra que não dizemos pra nossos amigos não-cristãos - palavra de amor ou exortação. Ou aquela decisão que há anos estamos esperando tomar. Até mesmo uma ferida na nossa alma, uma mágoa, um pecado...

A verdade é que quem sai perdendo nesta história somos nós, pois Deus permite estes problemas nas nossas vidas para que possamos crescer na nossa caminhada cristã.

Naquele versículo de 1Samuel vemos que Davi sabia em quem cria, tinha plena certeza doque Deus poderia fazer e sem duvidar, com coragem e sem demora, correu em direção ao seu problema e logo o resolveu.

2) Alguns problemas temos que enfrentar sozinho

Às vezes queremos que outros resolvam nossos problemas. Saímos contando pra todo mundo a respeito dele na esperança de alguém ter uma resposta, uma solução ou até então que assuma o problema para si.

O versículo também diz que deixando suas fileiras, [Davi] correu de encontro ao filisteu [Golias].

Davi não chamou ninguém do exército para ir com ele. Aquela era uma luta que ele lutaria sozinho, crendo que Deus o ajudaria.

Assim como Davi, temos que acreditar que Deus irá ajudar a resolver nosso problema.

3) A vitória sobre o problema glorifica a Deus

Quando vencemos uma batalha Deus é glorificado. Se diariamente nos mostramos pessoas que lutam, que buscam reconciliação de relacionamentos e não fingimento. Se vencemos o medo e a insegurança para falar de Deus para nosso amigos. Se sem demora tomamos as decisões que temos guardado na gaveta. Se, sem medo, olhamos para dentro de nós na procura de acabar com alguma questão mal resolvida, Deus é glorificado. As pessoas verão quem nosso Deus é! Porque lutamos em nome do Senhor dos Exércitos. Após vencer nosso medos, nossa insegurança, nossa dureza de corção, saberão que o Senhor salva, não com barganha, não com mentira, não com falsidade; porque do Senhor é a batalha e Ele a vencerá.

Que nosso Deus nos ajude encarar e vencer nossos problemas.

24/08/2008

SE EU FOSSE MAIS VELHO - Ricardo Gondim.


Não estou com pressa de envelhecer. Meu pai padece há anos de uma doença que o deixou senil e caquético. A velhice me intimida. Sei que na terceira idade não só perderei a impetuosidade típica dos jovens, como me tornarei mais vulnerável às doenças degenerativas. Mesmo assim espero pelos meus dias de ancião, porque só os velhos podem dizer coisas proibidas aos jovens. Estou ansioso para que chegue o tempo de poder dizê-las.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos mais jovens que desistam do sonho de galgar a fama em nome de Deus. Contaria que já presenciei o desespero de alguns que, tendo almejado se destacar como referenciais de sua geração vieram a descer do trem fatigados e destruídos pelo ônus da fama. Descreveria os bastidores de algumas 'grandes' agências evangelísticas e de outras para-eclesiásticas, e como me enojei com a petulância de alguns evangelistas famosos. Falaria de minhas lágrimas, quando um deles afirmou que passaria por cima de qualquer pessoa desde que conseguisse estabelecer o que chamou de 'reino de Deus'. Incentivaria os jovens a buscarem uma vida discreta, sem o glamour do mundo, a preferirem a senda do Calvário. Pediria que optassem por beber o cálice do Senhor em vez de desejarem os louros da glória humana.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu alertaria aos mais jovens que ambicionam subir os degraus denominacionais sobre o perigo de chegar ao topo sem alma. Narraria os conchavos da política eclesiástica como ridículos e fúteis. Candidamente, contaria casos de traição, logro e delação nas reuniões secretas de algumas cúpulas religiosas. Pediria que fugissem da ganância pela autoridade institucional. Ensinaria a desejarem autoridade espiritual, que não vem de negociatas, mas de uma vida piedosa e íntima com Deus.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Diria aos mais jovens que não se iludissem com o academicismo. Eu lhes revelaria como alguns acadêmicos usam da erudição para se esconderem de Deus. Não teria medo de mostrar que muita bibliografia citada em rodapé de página vem de uma vaidade boba. Algumas pessoas buscam se mostrar mais cultas do que na verdade são. Diria que certos eruditos são pessoas insuportáveis no contato pessoal e que eles também padecem dos mesmos males que todos nós: intolerância, indiferença e muita; muita soberba. Contudo, eu lhes pediria que fossem amigos dos livros. Pediria que lessem muito e diversificadamente; que usassem o conselho de Tiago na busca da sabedoria: 'Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. A sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento'. (Tiago 3: 13, 17).

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos mais jovens que tomassem muito cuidado para não gastarem todas as suas energias nos primeiros anos de ministério. Exortaria, ilustrando o serviço a Deus como uma maratona e dizendo que não adianta se apressar nos primeiros anos. Contaria os exemplos de tantos que se arrebentaram antes da linha de chegada. Quantos pastores destruíram suas famílias e seus filhos no afã de serem úteis e produtivos! Quando chegaram os anos da meia idade, já estavam estressados e cansados! Falaria daquele dia em que o meu semblante descaiu ao ouvir um pastor dizer que só não saía do ministério porque, já muito velho, não sabia como retornar ao mercado de trabalho. Pediria que não perdessem a oportunidade de passear com os filhos no parque, de ler livros que não os úteis ao ministério, de curtir a sua mulher e de praticar algum esporte. Eu pregaria um sermão baseado em Mateus 16: 26 e explicaria que, para Jesus, perder a alma tem um sentido mais amplo do que simplesmente morrer e ir para o inferno. Basearia minha mensagem na afirmação de que um pastor ou evangelista pode ganhar o mundo inteiro e acabar perdendo os afetos do cônjuge, os sentimentos dos filhos e dos amigos, a auto-estima, o sorriso, a capacidade de amar a poesia e de cantar canções de ninar. Enfim, perder a alma!

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos mais jovens que não desejassem o espalhafato espiritual nem as demonstrações exuberantes do poder carismático. Revelaria que alguns desses evangelistas americanos que muitos acreditam superungidos passam à tarde na piscina do hotel em que se hospedam, antes de encenarem a sua superespiritualidade em megaeventos. Não temeria denunciar alguns que se trancam em seus aposentos para assistirem a filmes na televisão e logo depois sobem às plataformas com o ar de santos da hora. Não hesitaria em alardear que muito daquilo que se rotula como demonstração de poder espiritual nasce de uma mentalidade que busca levar as pessoas a uma falsa euforia religiosa.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos mais jovens que a sexualidade é terreno minado e cheio de armadilhas. Contaria exemplos de ministérios que ruíram pela sensualidade. Alertaria que o grande perigo do sexo não vem da beleza, mas da solidão e do poder. Muitos pastores naufragaram em adultério porque se sentiram sós. Não tinham amigos verdadeiros. Viviam rodeados de assessores, sem um amigo com quem pudessem abrir o coração e pedir ajuda. Eu incentivaria os mais jovens a desenvolverem amizades, preferivelmente fora de seus quintais denominacionais. Suplicaria que fizessem amigos com coragem de falar coisas duras, olhando nos olhos. Lembraria que são fiéis as feridas feitas por aquele que ama.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos mais jovens que tomassem cuidado com os modismos teológicos, ventos de doutrina e novidades eclesiásticas. Falaria das inúmeras ondas que varreram as igrejas com pretensas visitações de Deus. Vermelho de vergonha lembraria aquele culto em que se alardeou que Deus estava trocando as obturações por ouro. As pessoas se sujeitavam ao ridículo de investigarem a boca umas das outras e depois, ao confundirem as restaurações amareladas de material de baixa qualidade com ouro, saíam proclamando um milagre de Deus. Relataria a pobreza doutrinária daqueles que jogaram os evangélicos na paranóia da guerra espiritual e ensinaram às mulheres a vigiarem mais durante a menstruação por haver demônios que se alimentam daquele tipo de sangue. Imploraria que se mantivessem fiéis ao leito principal do evangelho, à doutrina dos apóstolos; que não deixassem de pregar a Cruz do Calvário.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Eu diria aos jovens que não procurassem imitar ninguém. Lamentaria a tentativa patética de alguns líderes de quererem ser clones de pastores e evangelistas de renome. Mostraria vários exemplos ridículos de igrejas que tentaram reproduzir no sofrido Brasil o modelo de igrejas abastadas dos subúrbios americanos. Admoestaria que soubessem aceitar-se. Pediria que não ficassem procurando repetir gestos, neologismos, tom de voz e maneirismos dos outros, pois acabarão sem identidade. Eu mostraria na Bíblia que Deus não nos cobrará por não havermos ensinado com a destreza de Paulo, ou nos portado com a ousadia de Pedro, ou escrito com o mesmo amor de João. Teremos de prestar contas ao Senhor apenas por não termos vivido nossa própria identidade.

SE EU FOSSE MAIS VELHO...

Diria aos jovens que a obra que Deus tem para fazer em nós é muito maior que aquela que Ele tem para fazer por meio de nós. Diria que somos preciosos como filhos e não como servos. Melancolicamente, falaria que na velhice muitos sentem saudade dos tempos que poderiam ter sido íntimos de Deus, mas acabaram chafurdados nos pântanos de sua própria vaidade. Diria que na velhice muitos choram por saberem que o tempo da partida está próximo e que não escolheram a melhor parte, como fez Maria.

Eu deveria ter esperado para dizer essas coisas quando estivesse mais velho. Por impetuosidade, acabei dizendo antes do tempo. Contudo, acredito que não me arrependerei de tê-las dito agora.

18/08/2008

O Destino de Cada Um


Em uma grande cidade, nos tempos de hoje, havia um homem chamado Aiel, que não sabia o que fazer da vida, e muito menos, aonde ir. Era um homem bom, sonhador, com uma vida inteira pela frente. Ele tinha uma grande mulher, era estudado, mas tinha dúvidas em relação ao rumo de sua vida. E isso muito o atormentava. Ele sonhava em casar, ter filhos, uma vida agradável e em paz. Queria viajar, mas não tinha dinheiro. Queria trabalhar, mas não sabia aonde e em quê. E algo ainda maior o incomodava. Ele era cristão. Queria, acima de tudo, seguir a vontade de Deus. Mas tudo o que Aiel ouvia era o silêncio.
Após uma crise de desespero, decidiu ir até a Universidade próxima de sua casa, visitar a biblioteca, tentar se distrair com algum livro, ou até quem sabe, descobrir alguma resposta.
Entrou pela porta, pegou um livro qualquer de auto-ajuda, um costume muito idiota bem típico da época, e se sentou numa cadeira no fundo da biblioteca. Mas ele não se concentrava naquelas frases de efeito. Olhando para o lado, reparou num antigo livro que lhe chamou a atenção. Pegou e abriu para ver do que se tratava. Entre as primeiras páginas, sentiu que havia um volume a mais no livro. Era uma flor. Uma bela flor, embora gasta pelo tempo. Ele a tomou e a aproximou de seus olhos, para admirá-la. Então, subitamente, apareceu um homem a sua frente, que disse:
- Aí está o meu velho livro. Graças a Deus o achei.
- Desculpe, ele estava bem aqui. Só estava dando uma olhada – disse Aiel um pouco assustado.
- Bem, como não posso e nem quero emprestar meu livro que tanto me vale, o que posso fazer é lhe contar brevemente a história.
- Você não se importa?
- Não, senão eu não teria me oferecido. Vamos até o campus. Não podemos ficar de conversa na biblioteca.
Então os dois saíram e se sentaram debaixo de uma imensa árvore no bosque da Universidade.
- A história se trata de um homem chamado Andreas. Um homem que desde sua juventude se dedicava a servir qualquer um que precisasse. Era o seu destino. Ele não se importava com carros, luxos ou coisas que o homem almeja em primeiro lugar. Ele sabia que essa ambição controlava as mentes das pessoas. Ele viajava em sua simples carroça por todos os lados deste mundo, subindo e descendo montanhas, atravessando rios e cruzando vales. E ele não se cansava, mas pelo contrário, sentia um imenso prazer interior.
Certa vez, viajando numa terra seca, ele se depara com uma vila onde a fome estava matando todas as famílias que lá viviam. Descendo de sua carroça, ele vai até a parte de trás dela e tira aquilo que parecia um lírio, e que brilhava como fogo. Então ele se dirige até o centro da vila, planta a flor naquela terra que nada podia oferecer e declara a todos: “Um homem me salvou. Ele salva vocês também. Se ele estiver em seus corações, sigam exatamente o que seu coração mandar.” E se foi.
No outro dia, a vila amanhece em meio ao verde mais rico e profundo de que já tinham ouvido falar.
Seguindo sua viagem, no alto de uma montanha, havia uma simples casa de madeira, onde vivia um casal de velhinhos. De repente, o velho abre a porta de sua casa e sai desesperado em busca do visitante que ele tinha avistado. Ele queria que Andreas, o viajante, levasse sua amada senhora a um médico, na cidade. Ela não estava respirando e ele não sabia o que fazer: se ia atrás do médico ou se ficava com ela até ela morrer.
Andreas, então, pega uma flor, coloca-a próximo às narinas da senhora e em poucos segundos se ouve uma limpa e profunda respiração, como se ela tivesse sido puxada do fundo do mar.
O velhinho, maravilhado, não sabia o que dizer e se encheu de lágrimas assim que ouviu a voz de sua mulher chamar seu nome. Andreas se aproximou e disse o que sempre falava após usar suas flores: “Um homem me salvou. Ele salva vocês também. Se ele estiver em seus corações, sigam exatamente o que seu coração mandar.” E saiu pela porta.
Andreas, na última vez que foi visto, passava por uma pequena cidade, quando decidiu encostar-se a uma sombra fresca para descansar. Enquanto isso assistia a duas crianças brincando com toda a felicidade e liberdade que se podia ter. Corriam, pulavam, gritavam, brigavam. Não tinham limites. Andreas observava e em tudo achava graça. Até que um dos meninos subiu num alto muro e ficou se equilibrando. Andreas se levantou do chão na mesma hora. O menino, Joshua, lá do alto, cai bem em cima de uma pedra pontiaguda, para o desespero de seu amigo J.C.
J.C. pega Joshua nos braços, que com um furo profundo no peito, sangra sem parar. Mas não há ninguém ao redor para ajudá-los. J.C. grita com todas as suas forças.
Sabendo qual seria a conseqüência, Andreas tira sua última flor da carroça e corre em direção dos amigos. Ele toma Joshua nos braços e lhe fala o que terá que fazer na condição de salvá-lo. Andreas encaixa o caule da flor dentro do furo do peito do menino e a cicatriz se fecha no mesmo momento. Joshua recebe uma segunda chance. Como símbolo de sua salvação, ele tem uma flor plantada em seu coração. Se ele a tirar, perde a chance de viver.
Andreas, como sempre fez, expressa suas palavras e acrescenta: “Esta foi minha última flor, minha última viagem. É com vocês que se encerra a minha missão. Logo estarei nos braços Daquele que primeiro me salvou.” Dizendo essas palavras, subiu em sua carroça e nunca mais foi visto na face da Terra.
- Nossa, que triste e que estranho... uma flor plantada no coração?! Esse Andreas certamente era um anjo – comentou Aiel.
- Não, ele era um simples floricultor. Ele usou o que ele mais sabia fazer para dedicar-se às pessoas.
- E essa flor que estava no livro é a mesma que ele costumava usar?
- Sim.
- Como você a conseguiu?
- Eu a tirei do coração de meu amigo, há alguns anos atrás, quando sua missão por aqui chegou ao fim.
- Você... você é...
- Sim, sou J.C., o melhor amigo de Joshua, aquele que viveu toda a vida com uma flor cravada no peito.
- Ele já se foi? Quando?
- Ele seguiu seu coração, como Andreas nos tinha dito. Saiu de nossa pequena cidade, estudou nessa Universidade, se preparou o máximo possível, para que pudesse viajar o mundo e oferecer aquilo que ele tinha para dar. Ele salvou muitas pessoas, da forma que podia, e sempre dizendo aquelas palavras que nunca lhe saíram da mente. Mas um dia sua cota, o que ele tinha reunido para oferecer, se acabou, e sua missão também. Ele largou sua vida confortável e segura para seguir seu destino, seu coração. Uma difícil decisão, mas muito simples de se tomar.
- E você, o que tem feito?
- Eu ensino nessa Universidade, faço palestras aonde me chamarem e conto histórias para crianças carentes numa escola aqui perto. É o que tenho a oferecer. É a missão da minha vida.
- E essa flor, ainda pode salvar alguém?
- Senhor AIEL! Preciso fechar a biblioteca. Já está tarde. Você pode levar esse livro para casa, se quiser.
- Ãh...? Desculpe, senhor...
- Andreas, muito prazer. Em que mundo você estava? Chamo-lhe a mais de meia hora e você não levanta dessa mesa.
Aiel se levantou, meio tonto, e saiu pela porta da biblioteca. A escuridão e o silêncio tomavam conta do lado de fora também. Andreas, o bibliotecário, irritado pela inconveniência, tranca a porta da biblioteca, já louco para ir embora.

11/08/2008

Meu ensaio sobre a cegueira



diante da dor dos outros

Há duas semanas, fui ao pronto-socorro acompanhar uma amiga que havia machucado o pé: somente um pequeno roxo que tinha trazido preocupação. Quando chegamos, tivemos de enfrentar uma fila que me atrasou a vida. Já quase uma hora sentado esperando ser atendido, entrou na sala uma mulher de uns 40/50 anos, numa maca, com um lamento cansado e desesperado de dor. Devia ser uma terrível dor nas costas, tanta que impedia ela de andar.

Uma mulher chorando muito guiava a maca, parecia ser a filha da convalescente. Via-se no rosto dela o sofrimento pela dor da mãe. Todavia, ninguém ao redor alterou a expressão do rosto com a chegada das duas. Todos indiferentes àquela cena e preocupados com o próprio atendimento. Quando apareceu um médico, a filha apressou-se em seu desespero e implorou para ser atendida. O médico atendeu, então. Lembro-me de ter pensado por um momento: puxa, era nossa vez...

Pensei no sacerdote e no levita da parábola do samaritano e, sabe de uma coisa, hoje tenho dificuldade em julgá-los. Percebo cada vez mais que, desde a queda do homem, acredito, um fio invisível se cortou entre os seres humanos que impede todos nós de nos compadecermos verdadeiramente por alguém que não temos uma relação muito forte. Fico pensando, que laço envolvia aquelas duas mulheres, que não nos envolvia naquela fila? O que tinha aquela filha por aquela mulher compadecida que faltou a todos nós? Porque nos compadecemos mais por uma prova que vamos mal, que a morte de milhões em determinado terremoto ou numa guerra?

Algo foi cortado entre os homens quando entrou o pecado nosso, e esse algo nos impede e nos impedirá até o fim dos tempos de nos compadecermos verdadeiramente de um desconhecido. O evangelho relata que o sacerdote e o levita viram, e passaram de largo1. Eles viram, mas continuaram cegos à dor alheia. O que faltou ao levita e ao sacerdote, mas que não faltou ao samaritano, e isso fez toda a diferença na vida do homem caído na estrada, foi ver e compadecer-se2, assim relata o evangelista. Ele viu além, ele viu com o coração.

No êxodo, o autor descreve esta relação de Deus com seu povo: Deus viu, e se compadeceu3. No evangelho, o evangelista retrata este drama de Jesus: Ele viu, e se compadeceu4. Esta talvez seja a mais extraordinária ação de Deus e que nunca vamos compreender de verdade, pois Deus viu a humanidade, e resolveu se compadecer daqueles que mais sofriam. Ele resolveu tomar a posição da filha naquele hospital. Em determinado momento da eternidade, Deus viu aquele nosso sofrimento especial por enfrentar este mundo marcado pelo maligno, e numa atitude verdadeiramente altruísta, resolver doer-se conosco. Por isso, acho que a Cruz não foi o maior sofrimento de Jesus. A Cruz foi o grande alívio de Deus. A Cruz foi o momento de Jesus implorar por nosso atendimento, e o momento de Deus dizer: você já está sendo atendido, logo logo vai passar.

Somente quando acabar para sempre esta cegueira que nos impede de ver e se compadecer, vamos compreender o tamanho e a profundidade da dor de um Deus, de um homem, por toda uma humanidade de desgraçados.

1 Lc. 10. 31 e 32.
2 Lc. 10. 33.
3 Ex. 2. 23-25 e Ex. 3. 7-9.
4 Mt. 9.36.

29/07/2008

Simplicidade

Sei que o que vou fazer é coisa de quem está sem tempo.
Mas eu estava pensando aqui, como Jesus foi simples e profundo ao mesmo tempo.
As ações dele são carregadas de grandes princípios e verdades.
Por exemplo:
- Ele pediu para os discipulos alimentarem a multidão sendo que ele podia pegar uma pedra e fazer pão pra todo mundo.
- Ele foi questionado sobre se uma mulher deveria ser morta ou não e Ele responde sobre quem questionava.
- Ele foi provocado para descer da cruz quando estava sofrendo e sentindo muita dor usando o poder que Ele tinha, ao invés de destruir quem estava atormentando-O, Ele simplesmente ficou lá até morrer.
O que mais será que Jesus fez que foi simples e profundo...
Acho que é um assunto que é bom ser pensado.

20/07/2008

Mensagens de Heróis/ Personagens do Cinema

Herói


Durante toda a história da humanidade, vários guerreiros, profetas, homens comuns e até mesmo políticos foram nomeados heróis. Alguns por merecimento, outros não. A maioria deles são lembrados até hoje por lutarem fisicamente ou verbalmente a favor da liberdade do próprio povo e da unificação do país.

Temos como um grande exemplo, o escocês William Wallace (do filme “Coração Valente”), que enfrentou tropas inglesas em busca da independência da sua nação e acabou sendo brutalmente executado como forma de acabar com qualquer rebelião.

Aqui mesmo, em nosso país, podemos citar o mineiro Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ele nada mais, nada menos, queria tornar o Brasil independente de Portugal e libertar os escravos nascidos aqui. Acabou preso e condenado à morte.

Paulo de Tarso, um mártir conhecido por todos os cristãos, dedicou sua vida à pregação da Palavra pelo mundo e na orientação de igrejas e relacionamentos em geral. Foi preso inúmeras vezes, apedrejado, espancado e no final de sua vida, decapitado (talvez por ter sido cidadão romano). Mas ele combateu o bom combate. Ele morreu sabendo que ali não era o seu fim. Sua vida e sua luta tinham valido à pena. E ele estava sempre alegre e confiante no Senhor, mesmo quando era só feridas e algemas.

Por último e mais importante, o Rei, que não só lutou pelo seu povo, mas por todos os homens da terra. Ele que desejava muito mais do que liberdade e independência, mas de oferecer a vida após a morte, de mostrar o verdadeiro sentido de viver e o poder do amor e da fé. Aquele que nasceu para morrer. Ele não se tornou um líder e acabou morrendo. Ele já veio como líder e disposto a morrer. E os assassinos fomos nós! Eu matei o Rei, você matou o Rei! Mas Ele não se foi para sempre, só deixando aqui um legado. Ele ressuscitou dos mortos e subiu aos céus. Mas antes Ele foi ao inferno para mostrar sua vitória e fez todo o mal tremer de desespero.

Ele está vivo e esperando que cada um aqui reconheça a sua “causa” e o aceite não como herói ou mártir, mas como o Deus que deu a vida pelos seus filhos.

15/07/2008

Sobre ser homem

O macho revestido de humanidade

Falar sobre masculinidade é um terreno perigoso, já que homem que é homem não fica falando de masculinidade (rsrsrs), mas vou arriscar, pois acho um assunto tabu e importante, tendo em vista a tsunami feminista que faz o homem contemporâneo, diante de identidades femininas tão fortes, proteger-se em dois extremos: ele pode negar qualquer coisa que o identifique com os clichês femininos, tornando-se o famoso troglodita, o macho paca, o selvagem nu e cru; ou por outro lado, até bem intencionado (talvez até demais), o homem reaja com passividade à identidade feminina, caindo em outro extremo, tornando-se então um afeminado.

O troglodita preserva o que há de mais selvagem na alma masculina, é o macho desvestido de humanidade; o afeminado, por sua vez, indo talvez em busca de se tornar um “homem melhor”, acaba assumindo uma atitude passiva e condescendente.

Conforme coloquei em post passado, que pode ser lido aqui, acredito que a verdadeira humanidade é a soma do masculino com o feminino, e homens e mulheres somente são plenamente humanos estando juntos, sendo homens e mulheres completos. Assim, para a busca de ser um homem melhor, antes de buscar minha humanidade, devo buscar ser um homem de verdade. É sendo homem que o homem chega ao mais próximo da humanidade criada por Deus.

Antes de mais nada, acredito que ser homem de verdade é ser macho guiado pela sua humanidade, e para melhor entender, creio que dois verbos podem nos ajudar:o homem tem que construir e comunicar. Sendo assim, caem por terra dois modelos de masculinidade muito fortes, mas que não se encaixam no macho humanizado, que é o do troglodita, mal encarado, que destrói: os rambos, os Chuck Norris e capitães Nascimento. O outro modelo é o do lobo solitário, o homem incomunicável, sozinho, fechado nele mesmo.

Tendo isso em vista, creio que para o homem ser homem de verdade, ele deve fazer coisas que só o homem pode fazer, seja lá o que isso seja. Por que...

... só o homem pode ser homem para outros homens.

a) na fraternidade:

Só o homem pode ser irmão de outro homem, aquela amizade próxima e íntima. Nessa amizade homem/homem, mulher não alcança... por mais que haja verdadeiras amigas/homem (no bom sentido), nunca será a mesma coisa. Esse papel, talvez, a mulher assumiu pela falta de verdadeiros amigos homens, mas somente um homem saberá entender os conflitos, as crises, as pressões e mesmo as alegrias de outro homem. Também, somente um homem pode desempenhar o papel masculino na auto-estima de outro homem. O elogio que um homem recebe de uma mulher é muito diferente da admiração recebida de um outro homem. Só um homem pode construir um outro homem com sua amizade.

b) na paternidade:
Embora muitas mães desempenhem esse papel, somente um homem pode ser um pai verdadeiro para um filho homem. Na ausência deste pai biológico, o menino homem buscará em outros homens a paternidade, com quem aprenderá a ser homem e a se comunicar entre homens.

Além do mais...
...só o homem pode ser homem para as mulheres:

Nisso, ficam de fora os famosos AGs, consolidados pela TV e pelo cinema. Muitos homens, na cobrança feminina, tem cedido sua masculinidade na busca de “entendê-las”. Acho que um homem nunca entenderá a mulher completamente, e ser insistente nisso pode causar sérios danos a já frágil masculinidade. Da mesma forma, a mulher não deve cobrar feminilidade no homem, como tem sido muito cobrado hoje. O homem tem que entender que muitas vezes ele vai decepcionar as mulheres e que ele não vai conseguir agradá-las todas as vezes, e isso não porque seja mau homem, mas sobretudo porque é homem. Quão bom seria se Adão tivesse desagradado Eva, impedindo-a de comer do fruto proibido... Ao homem cabe ser homem...

a) na fraternidade:
o homem precisa ter amigas, mas não pela ausência de amigos homens, e nem pela carência de aprovação feminina (os famosos bebezões), mas somente com a amizade feminina o homem poderá aprender a conviver com outra mulher, aceitando e compreendendo as diferenças. O homem não tem que ser como uma mulher na amizade. Ele tem que ser homem, pois também a mulher precisa saber o que é ser um homem de verdade.

b) na paternidade:
a figura do pai na construção da feminilidade é muito importante, por isso, somente um homem pode ser pai para uma menina. Isso não é tão lógico quanto parece. Somente o pai irá mostrar à menina/filha o verdadeiro papel do homem numa relação de casal (em aspectos psicológicos e afetivos e não sociais, isto é, as diferenças de afeição e preferências, e não de provedor em contraste com a dona de casa).

c) na sexualidade:
a relação homem/mulher chega onde não chega a relação homem/homem, pois só o homem foi feito para se relacionar sexualmente com uma mulher, e vice-versa. Macho e fêmea chegam ao ápice de uma relação, é onde se encontram, se conectam, corpo e alma, é quando a humanidade se faz completa. Vou mais além: o homem precisa de uma mulher para se relacionar sexualmente, e a ausência dela é tão sentida ou mais quanto a ausência da amizade, isto é, é possível, mas é doloroso e solitário, e a natureza encontrará outros meios de substituí-la, sendo alguns saudáveis, mais outros pecaminosos.

Um homem diante de Deus.
Creio que o homem será julgado diferente da mulher. Não arrisco dizer como, mas creio que Deus tem expectativas diferentes entre homens e mulheres. Assim, ao homem, Deus requer sua masculidade. Devemos buscar ser homens de verdade não para ter a admiração de outros homens; não para ter a admiração das mulheres, mas por causa de Deus, porque Deus criou o homem para ser um homem, e o julgará como tal. Quando a humanidade pecou pela primeira vez, foi ao homem que Deus procurou para cobrar satisfações, para pedir prestação de contas. Quando Deus olha para um homem, ele espera uma atitude de homem. Aos homens, serão felizes aqueles que ouvirem o chamado: “O Senhor é contigo, homem valente!” Jz. 6.12.


***** dois livros interessantes sobre este assunto. Um cristão, e outro secular:
O silêncio de Adão, de Larry Crabb
Porque os homens são assim, de Steve Biddulph.