OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

14/12/2009

O menino Jesus e os adultos em volta



Naqueles dias em que a gente anda decepcionado por causa do marasmo da igreja de um modo geral, voltava para casa de ônibus, quando passamos pela Avenida Paulista, onde saboreei a rua toda enfeitada do natal, e por toda ela, famílias e gente de todo tipo aglomerada como expectadores dos mais diversos corais natalinos, e entre papai Noel e estrelinhas, ouvimos algumas canções do menino Jesus.


O natal é uma prova contundente de que não basta pregar o evangelho. O natal é um prova contundente de que não basta conhecer a história da salvação, a boa notícia do Evangelho. Neste natal e em muitos outros atrás, o evangelho tem sido pregado em volta do mundo, mas o que vemos é uma parede cheia de buracos, de pregos removidos já em janeiro. Neste mês o evangelho será pregado em todo o país, mas em fevereiro este país cairá na festa da Carne, o Carnaval.


Mas o fato é que esta sociedade crê é no menino Jesus, e não no pai da Eternidade, ela crê naquele menino indefeso, bonitinho, que nos faz amar a nossa família, esquecer de nossos problemas morais, aquele menino que quando ouvimos canções sobre ele dizemos que é uma gracinha.


O limite do que esta sociedade pode crer, de uma maneira geral, é o do menino Jesus e o do bom velinho. Desconhecem o Príncipe da Paz; não teriam coragem de encará-lo nos olhos se soubessem que este bebê é aquele que veio para julgar o mundo. Este bebê que conhece os nossos pecados e as nossas motivações mais profundas. Esta sociedade menina não O trataria como um bebê se soubessem que este bebê carregou sobre suas costas a imundície de nossas vidas; Ele que é poderoso para descer ao Hades e perguntar com cinismo e brio: Onde está ó morte a tua vitória? Ele que venceu a morte e passou pela vida humana de vestes brancas; foi tocado por homens imundos, mas sem o poder de manchá-Lo; tocou em homens imundos, manchando-os com o seu sangue, que os purifica de todo o pecado.


Este é o bebê, que conhecemos sua história como cantigas de ninar, mas que tem as chaves da morte. Um dia esta sociedade infantil ouvirá um anjo poderoso perguntando: Quem é digno de romper os selos e de abrir o livro?, o livro de sua salvação? Procurarão e não encontrarão. Cairão enfim desesperados por não haver ninguém para salvá-los da ira de Deus. Então se verá o filho do homem, vindo sobre as nuvens com poder e glória.


Aquele que os adultos deste mundo tratam como a um menininho, virá como o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, aquele que venceu.


- Não se engane, este menino sobre uma simples manjedoura: Ele é o Rei da Glória!

3 comentários:

Cristiano Silva disse...

Tive a mesma sensação quando passei na Av. Paulista: várias decorações com o Papai Noel, suas renas e duendes, mas o coral ainda cantando músicas falando sobre o Menino Deus. Isso alegrou o meu coração, a sociedade ainda, pelo menos, se lembra que Ele existe.

Mas, como você bem apontou, isso não significa que tem a compreensão correta de que o Menino é o SENHOR. Cabe a nós ajudar a preencher este gap de entendimentos.

Abraços.

Unknown disse...

Valeu pelo texto Aefe. Bom cara, existe um texto de Rubem Alves que nos traz uma outra concepção sobre o menino Jesus, escrito na Folha de São Paulo e acho interessante citar, veja:
RUBEM ALVES (Folha de São Paulo, 27/11/2007)

Será que vou
rezar?

É. Cada um celebra o que escolhe. Acho que farei uma sopa de
fubá que tomarei com pimenta e torradas.

SOU UM ADMIRADOR de Gandhi.
Cheguei mesmo a escrever um livro sobre ele. Estou planejando convocar os amigos
para uma homenagem póstuma a esse grande líder pacifista e vegetariano. Pensei
que uma boa maneira de homenageá-lo seria um evento numa churrascaria, todo
mundo gosta de churrasco, um delicado rodízio com carnes variadas, picanhas,
filés, costelas, cupins, fraldinhas, lingüiças, salsichas, paios, galetos e
muito chope. O grande líder merece ser lembrado e festejado com muita comilança
e barriga cheia!

Eu não fiquei doido. O que fiz foi usar de um artifício
lógico chamado "reductio ad absurdum" que consiste no seguinte: para provar a
verdade de uma proposição, eu mostro os absurdos que se seguiriam se o seu
contrário, e não ela, fosse verdadeiro. Eu demonstrei o absurdo de se celebrar
um líder vegetariano de hábitos frugais com um churrasco.

Uma homenagem tem
de estar em harmonia com a pessoa homenageada para torná-la presente entre
aqueles que a celebram. Uma refeição, sim. Mas pouca comida. Comer pouco é uma
forma de demonstrar nosso respeito pela natureza. Alface, cenoura, azeitonas,
pães e água.

Escrevo com antecedência, hoje, 27 de novembro, um mês antes,
para que vocês celebrem direito. A celebração há de trazer de novo à memória o
evento celebrado.

É uma cena: numa estrebaria uma criancinha acaba de nascer.
Sua mãe a colocou numa manjedoura, cocho onde se põe comida para os animais. As
vacas mastigam sem parar, ruminando. Ouve-se um galo que canta e os violinos dos
grilos, música suave... No meio dos animais tudo é tranqüilo. Os campos estão
cobertos de vaga-lumes que piscam chamados de amor. E no céu brilha uma estrela
diferente. Que estará ela anunciando com suas cores? O nascimento de um
Deus?

É. O nascimento de um Deus. Deus é uma criança.

O nascimento do
Deus criança só pode ser celebrado com coisas mansas. Mansas e pobres. Os
pobres, no seu despojamento, devem poder celebrar. Não é preciso muito.

Um
poema que se lê. Alberto Caeiro escreveu um poema que faria José e Maria, os
pais do menininho, rir de felicidade: "Num meio-dia de fim de primavera, tive um
sonho como uma fotografia: "Vi Jesus Cristo descer a terra. Veio pela encosta do
monte tornado outra vez menino. Tinha fugido do céu...'" Longo, merece ser lido
inteiro, bem devagar...

Uma canção que se canta. Das antigas. Tem de ser das
antigas. Para convocar a saudade. É a saudade que traz para dentro da sala a
cena que aconteceu longe. Sem saudade o milagre não acontece.
Algo para se
comer. O que é que José e Maria teriam comido naquela noite? Um pedaço de
queijo, nozes, vinho, pão velho, uma caneca de leite tirado na hora. E deram
graças a Deus.

E é preciso que se fale em voz baixa. Para não acordar a
criança.

Naquela mesma noite, havia uma outra celebração no palácio de
Herodes, o cruel. Ele tinha medo das crianças e mataria todas se assim o
desejasse. A mesa do banquete estava posta: leitões assados, lingüiças, bolos e
muito vinho... Os músicos tocavam, as dançarinas rodopiavam. Grande era a
orgia.
É. Cada um celebra o que escolhe. Acho que vou fazer uma sopa de fubá
que tomarei com pimenta e torradas. E lerei poemas e ouvirei música. E farei
silêncio quando chegar a meia-noite e, quem sabe, rezarei?

juliano disse...

Excelente texto!
Ler seu texto me fez pensar um pouco sobre o porque eu tenho celebrado mais a páscoa do que o natal. Se formos pegar historicamente mesmo, o natal não passa de uma festa pagã que foi "cristianizada" pro povão. Hj ela perde ainda mais seu significado e é banalizada pelo consumo e até mesmo por coisas boas como o perdão e a reunião de famílias.
Sim, o menino nasceu, cresceu, morreu, ressucitou e REINA! Hosana ao Rei nas alturas!