
Theo veio ao mundo num dia não muito agradável. Seus pais haviam acabado de ter uma briga quando sua mãe sentiu as contrações na barriga muito intensas. Seu pai já estava na porta para sair de casa, mas decidiu voltar e socorrer sua esposa. Levou-a correndo ao hospital público da cidade e, para variar, demorou a serem atendidos. O homem gritava descontrolado pelos corredores, para que ela fosse logo atendida. Assim que veio o médico sem nenhuma pressa, encaminhou-a até a sala de parto.
Alguns minutos depois nascia Theo, um bebê saudável e bonito. Os pais estavam contentes, mas com um sentimento de vazio também.
Como não houve nenhuma visita de familiares, os pais não tardaram muito para voltar para casa.
Theo era filho único. Estava sempre sozinho. Ele costumava sumir de casa de vez em quando. Era um garoto que vivia por si só, chorando alto por dentro. Mas ninguém o escutava. Seu pai se dedicava totalmente ao trabalho e sua mãe tinha sempre uma reunião, um passeio com as amigas. Theo não tinha com quem conversar, não costumava sorrir e não sonhava com o futuro.
Certo dia ele resolveu cavar um buraco no quintal de sua casa, para se esconder e chamar atenção. Mas raramente tinha êxito.
Dezenas de crianças brincavam e gritavam de alegria na rua, bem em frente à sua casa. Mas ninguém notava Theo. Estava acompanhado, mas permanecia sozinho.
Theo não via graça em viver.
Entrou pela porta de casa, passou pela sala, onde sua mãe bordava e seu pai assistia a um jogo de futebol no volume máximo e foi ao banheiro tomar banho. Horas se passaram quando seu pai notou que seu filho estava gastando uma nota com desperdício de água. Entrou no banheiro, que estava com a porta destrancada e viu o que jamais esperava. Theo boiava na banheira, que transbordava água para todos os lados. A mesma intensidade de água que tanto escorreu de seus olhos vazios. Foi quando o coração de seu pai estremeceu, acendendo um sentimento escondido por todos os anos.
Durante toda a noite, os pais de Theo não conseguiam dormir e nem mesmo olhar um para o outro, aos prantos. Todos os dias, o pai tentava consolar a mãe, que estava fora de controle. Nenhum deles entendia a decisão de Theo. Nenhum deles enxergava a dor do menino. E era tarde demais.
Eles só queriam que seu filho soubesse que eles o amavam. Mas não tinha mais como saber. Theo se foi para sempre.
Há tanta coisa que podia ser dita a Theo. Mas já é tarde.
Podíamos dizer que Jesus o ama, que Ele se importa com ele. Mas agora é impossível. Theo não pode mais nos ouvir. E nós também nunca tentamos lhe falar. Theo agora está perdido. E nós perdemos a chance de lhe avisar.
Mas pode não ser tarde demais para um Theo.
Há tantos Theos por aí. Há um Theo bem ao seu lado. E você nem imagina o que ele sente. Porque você nunca ousou perguntar.
Conte para ele. Fale do amor de Jesus e que Ele se preocupa com cada um. Que Ele quer cuidar e ter um relacionamento. Conte logo. Amanhã esse Theo pode não aparecer mais.
Porque o menino Theodoro, que quer dizer “dádiva do Senhor”, continua perdido e sozinho, sofrendo amargamente por causa do seu silêncio.
A CABANA - RECOMENDAÇÃO ESPECIAL
Não quero usar este blog para fazer propaganda ou analisar obras, mas neste caso, tenho que abrir uma exceção.
O último livro que li no ano de 2008 foi A Cabana. Está no topo dos mais vendidos do Brasil, segundo a Revista Veja.
Já li muitos livros durante a minha vida. De todos os gêneros. Mas A Cabana me comoveu completamente. A sinopse é simples, mas o que se passa no decorrer do livro é surpreendente. Não vou contar a estória aqui. Espero que você a leia por completo. O fato é que o que o livro me deixou, eu não posso deixar de contar.
Eu agora tenho uma visão totalmente diferente de Deus, de Jesus e até mesmo do Espírito Santo em relação ao que eu tinha antes de ler este livro. Eles parecem mais acessíveis, mais reais e mais presentes. Eu agora sinto um desejo muito maior de ir logo para o céu, pois a forma, a visão que o livro demonstra de como deve ser o céu, é fascinante. Talvez não seja assim, mas talvez seja. Os diálogos, a tensão, a emoção, envolve até mesmo o de coração mais duro. O livro mostra como lidarmos com os nossos problemas, como nos relacionarmos uns com os outros e principalmente com Deus, o Papai. Não se trata de um livro de auto-ajuda. Mas de qualquer forma, ensina, esclarece e motiva. De acordo com o autor, a narrativa é baseada em fatos reais. Tudo aconteceu com um grande amigo dele. Sinceramente, não sei se acredito em tudo, mas também não duvido. Não há provas, mas você acaba realmente desejando acreditar.
Não só indico, mas peço a cada leitor deste blog que vá comprar este livro.
O autor do livro é formado em Teologia pela Universidade de Oregon, EUA. Filho de missionários canadenses, cresceu em Papua Nova Guiné.
Como sua mãe, as editoras evangélicas norte-americanas acharam o livro herético. Já as editoras seculares acharam que o livro falava demais sobre Jesus. Seus amigos, então, criaram uma editora excepcionalmente para lançar o livro, que ficou 20 semanas na lista dos mais vendidos, de acordo com The New York Times. Já foi traduzido para 36 idiomas e vendeu mais de 4 milhões de exemplares em todo o mundo.
Não estou aqui levando em conta cada detalhe do livro, se é herético ou não. Há momentos em que você vai achar que o autor está passando dos limites da imaginação. Mas francamente, como um todo, o livro me aproximou 1 Km de Deus.
PS: Nany, obrigado por este grande presente.