OBS.4s: observações quadradas para um mundo redondo sobre um Deus triúno!

02/08/2010

Jesus, missionário exemplar

Quando pensamos em missão no novo testamento logo vem a nossa mente a “grande comissão” registrada em Mateus 28. Temos que ter em mente que esta passagem, tão explorada em congressos e conferências missionárias, tem sua importância, mas não é suficiente para desenvolver uma teologia bíblica da missão.

Pensando em missão no novo testamento, pode vir também a nossa mente as inúmeras histórias sobre como o evangelho foi espalhado no primeiro século. Sem dúvida os apóstolos têm grande importância nesta história e deixam-nos muitos exemplos e lições que devemos seguir para cumprir a tarefa que, graciosamente, o Senhor nos deixou, mas ainda não expressa o caráter da missão.

Para entender um pouco mais da missão de Deus no novo testamento, este texto propõe uma abordagem da missão através do exemplo de Jesus.

No capítulo 20 do Evangelho de João encontramos outra comissão. Jesus, ressurreto, encontra seus discípulos e os envia como Deus o enviara (João 20.21). Observamos, então, que o modelo da missão deve ser Jesus. Mais que um modelo é um padrão que deve ser seguido. Somos enviados para a missão assim como Jesus foi enviado por Deus.

Agora é preciso refletir sobre como é o padrão de Jesus para a missão.

A vida de Jesus, registrada nos evangelhos, reflete seu caráter e comprometimento com a missão. Através de seus ensinos, milagres, sofrimento, vemos o filho de Deus cumprindo a missão que lhe fora ordenada.

Na carta de Paulo aos filipenses encontramos um relato muito interessante de como Cristo realizou sua missão e iremos nos ater mais nesta passagem.

5Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

Filipenses 2.5-8

Em amor, Jesus nasce no mundo. Apesar de ser Deus, ele não se prende a estes privilégios e escolhe vir ao mundo para cumprir a missão que lhe cabia. Neste exemplo de ação começa nossa observação da atitude de Jesus quanto à missão. Cristo dá o passo inicial da sua missão deixando uma posição de privilégios infinitos para nascer no tempo e no espaço, e se sujeitar a tudo aquilo que viria lhe acontecer. Somente dando este primeiro passo Cristo conseguiria cumprir sua missão.

Outra atitude de Cristo é esvaziar-se. Ele abre mão de tudo o que era seu por direito ao assumir a figura humana (vale lembrar que Cristo não deixou de ser Deus ao tomar esta atitude).

E Cristo não apenas deixa de lado seus privilégios e esvazia-se tornando a semelhança de homens, mas toma a forma de servo, isto é, escravo. Esta linguagem expressa intensamente a prontidão de Cristo para despojar-se de seu status tão elevado.

Para Cristo morrer, era necessário que ele fosse completamente homem, ou seja, ele se tornou verdadeiramente humano identificando-se com as pessoas que, com ele, se relacionava (“semelhança” significa mais que similaridade).

Ainda em nesta passagem lemos que Jesus se humilhou. Mais uma vez vemos um ato de sua livre atitude pessoal de se submeter totalmente à vontade de Deus. Cristo leva esta submissão às últimas conseqüências, pagando o preço por nossos pecados morrendo na cruz em nosso lugar.

Nós também, como cristãos, devemos deixar nossas posições de privilégios, seja ela qual for, para que consigamos realizar a missão que nos foi confiada. Esvaziando-nos de nós mesmos e deixando de lado nosso ego e desejos egoístas. Abrindo mão de bens, tempo, prazeres, demonstrando uma atitude altruísta. Tomando uma atitude de servo – escravo – submetendo-nos inteiramente ao nosso Senhor e estando pronto a servir o nosso próximo. Identificando com o povo que iremos servir (seja ele nosso vizinho ou um povo do outro lado do mundo). Humilhando-nos na presença de Deus e nos submetendo inteiramente a Sua vontade.

E que assim, ao cumprir a ordem de Jesus de “ir”, estejamos certos que Ele é nosso exemplo maior de missionário e lutar diariamente, pela graça de Deus, para que nossas atitudes cada vez mais sejam parecidas com a dEle.

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